Amadurecer, portanto
O cérebro tecido a fios de razão malhado pelas emoções.
Por dentro o ferro descerrando dobras que vieram da infância.
Sinapses paradas. Na corrente águas batidas, espirais, descargas na cabeça.
A espuma encharcou as vozes. Uma trompete enche, vaza as marés. Será o embate das vidas na barra, percussão cava. Angular do romantismo tardio.
Napoleão pediu um céu arcaico por onde faria descer-se, fulgindo na terra. Os passos de Napoleão terão sido matizados, coisa de palhaços. Já Aquiles, ejaculou o céu, o tempo deu-se em gestação. Vagamos no lume da antiquíssima placenta.
Mordemos onde o fogo nos queimou. Depois cinza com que adormentamos os lobos. Amadurecemos fotografando o corpo, a traços de sanguínea. A luz distendendo as sombras.
Fotografia: Tânia Cadima
Texto: Mário Trigo