MINIBIO POR ELE MESMO
Ator e professor Licenciado em Artes Cênicas, é mestrando em Artes pela Universidade Estadual do Paraná. Conhecido nos palcos curitibanos, nos últimos anos se dedicou à performance poética [escrevedor de histórias], que originou a publicação impressa de mesmo nome. Dedicou-se também ao projeto Agentes de Leitura do Estado do Paraná, como mediador de leitura. No teatro, atuou em diversas companhias e com vários diretores, com circulações por festivais nacionais. Compôs o primeiro elenco profissional integralmente negro de uma peça teatral curitibana. Em 2016, integra o elenco de reativação do Teatro de Comédia do Paraná (TCP) – Companhia oficial do estado do Paraná, gerida pelo Centro Cultural Teatro Guaíra.
No cinema, destaque para a participação no premiado longa-metragem “Estômago”, dirigido por Marcos Jorge, além de “Circular”, com direção conjunta de Diego Florentino, em que conquistou o Prêmio João Bênnio/Troféu Goiânia de Melhor Ator de Longa Metragem no 7º FestCine Goiânia e pré-indicação como Melhor Ator no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2013, concedida pela Academia Brasileira de Cinema. Participou de festivais de cinema internacionais com a atuação no premiado curta- metragem “A Fábrica”, sob a direção de Aly Muritiba.
Recentemente, participou das séries “Contracapa”, produzida pela GP7 Cinema, para a TV Brasil e “Irmandade”, produzida pela O2 Filmes para a Netflix, além do longa metragem de ficção “Alice Júnior”, dirigido por Gil Baroni. Em 2019, realizou a performance [escrevedor de histórias] – edição Quilombolas, em 6 comunidades quilombolas do Paraná, com publicação impressa lançada em 2021.
Em 2020, recebeu o Prêmio Jornada de reconhecimento à trajetória de profissionais de Cultura do Paraná e atuou como Embaixador da campanha Juntos pela Transformação, da filósofa e escritora Djamila Ribeiro. Em 2022 lança a série de vídeos “Pílulas de Inclusão”, produzida para a Campanha de Educação em Direitos Humanos Unespar.
Começando a entrevista...
KAREN Como sobreviver sendo esquerda no sul maravilha?
MARCEL “Entre esquerda e direita, continuo sendo preta.” Sueli Carneiro anunciou. Penso que é sobre sobreviver sendo preto na região do país que mais apaga a contribuição da negritude em sua construção, em sua realidade. E ainda é sobre sobreviver. Quando for sobre viver, poderemos talvez chegar em algo próximo do que seria uma maravilha.
KAREN Você desenvolve estratégias?
MARCEL As estratégias da negritude são desenvolvidas ao longo dos séculos. Faço parte de um projeto ancestral e dou continuidade.
A exemplo do que escreve Conceição Evaristo: “eles combinaram de nos matar, mas a gente combinamos de não morrer”. Quanto mais se vive, mais se entende na prática o significado de ser negro neste país e principalmente na região sul.
KAREN Por que você adotou o Malê no seu nome?
MARCEL A necessidade de afirmarmos nossas existências no meu caso passa também pelo nome artístico, que de Marcel Szymanski, passou a ser Marcel Malê. Malê, do idioma hauçá. “Málami", significa “Professor”. É também uma homenagem ao grupo escravizado que realizou a “Revolta dos Malês”.
KAREN Fala do seu trabalho na universidade.
MARCEL Meu trabalho se insere na complexidade em habitar um espaço que não foi pensado para a negritude. Minha pesquisa trata da contribuição afro-diaspórica para as artes no Estado do Paraná. Tenho vivenciado reflexões sobre inclusão, promovidas por departamentos da universidade interessados nesta pauta. Acabamos de lançar a Campanha de Educação em Direitos Humanos Unespar + Inclusiva, onde apresentei uma série de oito vídeos curtos intitulada “Pílulas de Inclusão”, disponíveis no meu canal no Youtube.
KAREN É preciso usar a arte na luta social?
MARCEL Como a Educação, a arte também pode ser ferramenta para a luta social, sobretudo na construção de conhecimento. Também é preciso usar a luta social na arte, onde ainda somos inseridos em representações estereotipadas que partem de referenciais eurocêntricos. Tenho buscado o aquilombamento na arte, para possibilitar narrativas que se aproximem de minha origem afrodiaspórica.
*O Marcel deu a entrevista por e-mail. E demorou pra responder. Ele respondeu a primeira vez depois de uma semana. Mandei mais umas duas perguntas. Ele demorou bem umas duas semanas pra responder. Eu queria continuar e mandei pergunta pelo whats pra ele responder com áudio porque talvez fosse mais ágil. Não rolou. Eu até podia esperar mais. Mas, ele tá ocupadaço. Para mim, a entrevista começa a ficar boa quando a regra do tamanho do post diz pra terminar. Começa a ficar boa quando a resposta deixa fratura pra próxima pergunta... Começa a ficar boa quando nem o entrevistado sabia que ia sair aquilo do mar difuso do inconsciente....
Olha aí embaixo a nossa conversa pelo whats pra me despachar com delicadeza... rs. Ele é um querido, tô brincando. Mas, que eu queria, queria saber mais sobre o aquilombamento, como foram as experiências e tal. Queria saber mais sobre a troca do nome, como foi a escolha, como isso refletiu no cotidiano... Mas, sim, é preciso dedicar um tempinho para as respostas que estão mais pra prontas e para as que não estão tão prontas assim... Mas, fica pra próxima, né, Marcel? Se cuida e respira no meio da correria ansiosa que quer engolir a gente. Gluuup. Ic. Ic.