Neste ano de 2019, o tema de nossos Encontros é Ser Transdisciplinar, tema cuidadosamente investigado no transcorrer do ano de 2018 por uma equipe de nove pessoas e que contou também com as contribuições apresentadas durante a “2018 Atlas Transdisciplinary, Transnational, Transcultural International Conference Being Transdisciplinary”, realizada em junho na Universidade de Babes-Bolyai, em Cluj-Napoca, na Romênia. Afinal, o que é Ser Transdisciplinar ‒ Ser TD? De que exatamente se trata quando se fala em Ser Transdisciplinar? A preparação dos seis encontros foi feita de tal modo que se possa ter uma aproximação crescente e bem delineada ao tema, ainda que se tenham participantes não familiarizados com a transdisciplinaridade. Esse, aliás, foi o grande desafio enfrentado pela equipe. Nada garante que ao final destes encontros os participantes tenham formado uma clara noção do que seja Ser Transdisciplinar, mas a ideia é que os assuntos abordados em cada um deles os sensibilizem para a emergência de novas conexões de sentido, que de alguma forma possam enriquecer sua compreensão da Transdisciplinaridade e mesmo do Ser Transdisciplinar. Nos seis encontros a abordagem do tema será feita através de ateliê TD, textos especialmente escritos para cada um deles, glossário, leitura dramática, referências literárias e filosóficas consagradas, poética, vídeos e, claro, interação ativa entre os participantes. O CETRANS também celebra a iniciativa de membros que, desde fevereiro pp, estão oferecendo cursos de Formação TD sobre temas diversos e que serão sempre anunciados em nossos meios de divulgação. Por último e nem por isso de menor importância: Estamos participando ativamente da organização do III Congresso Mundial de TD, que será realizado no México em outubro de 2020! O I Congresso foi em Arrábida, Portugal, em 1994, e o II foi realizado aqui no Brasil, em Vila Velha ‒ Vitória, em 2005, por iniciativa do CETRANS. Manteremos vocês informados sobre este evento de enorme relevância para a TD! |
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No Encontro Catalisador Transdisciplinar realizado em novembro de 2018, oito temas foram abordados, a saber: O que é a TD?; O que é o pensar?; Pensamento Chinês enquanto busca da harmonia dos diferentes; Pedagogia Transdisciplinar; Pesquisa e Ensino de Astrobiologia como um empreendimento TD; TD e Transmetodologia; TD, resistências cognitivas e níveis de realidade; TD e a realização das potencialidades pessoais. A partir das falas dos palestrantes Amâncio Friaça, Ernesto Bologna, Gustavo Pinto, Maria F. de Mello, Paul Gibbs, Patrick Paul, Sergio Bolliger e Vitoria M. de Barros, um e-book está sendo elaborado e será publicado na AMAZON para download gratuito. |
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O Encontro Preparatório para o 10º Congresso Nacional de Psicologia, cujo tema será PSICOLOGIA, LAICIDADE E RELIGIÃO, aconteceu no início de fevereiro em Ribeirão Preto, quando profissionais e alunos se reuniram para dialogar sobre o assunto. Esse Encontro foi liderado pelo Prof. Dr. Luiz Eduardo V. Berni, membro CETRANS. |
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Pesquisas em Transdisciplinaridade e Psicologia Transpessoal ‒ Luiz Eduardo V. Berni, membro CETRANS e do Ateliê de Pesquisa Transdisciplinar (APTD), está finalizando mais um projeto transdisciplinar: o Curso de Especialização Lato Sensu “Saberes Tradicionais e Teorias Integrativas em Coaching Transpessoal”, que será apresentado até junho na Universidade Rose-Croix Internacional (URCI), no Paraná. Trata-se de uma proposta acadêmica que visa à produção de conhecimento que talvez culmine na publicação de um livro. Um dos temas desse projeto é localizar na biografia de Jung conceitos transdisciplinares que se expressavam no seu modo de ser. Os trabalhos têm sido direcionados através de uma metodologia denominada Mediação Ativa Transdisciplinar ‒ MAT. |
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O Centro Mente Aberta Mindfulness, da Universidade Federal de São Paulo ‒ UNIFESP, sob a direção do Prof. Dr. Marcelo Demarzo, membro CETRANS, comemora neste início de ano sua 20ª turma de Formação Profissional em Mindfulness para Promoção da Saúde (MBHP). O Centro tem o objetivo de promover e divulgar as intervenções baseadas em Mindfulness no Brasil, com foco em suas Práticas e Programas, na Formação Profissional e nas Pesquisas Científicas. Mais informações: https://www.mindfulnessbrasil.com |
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Foi lançado em 13 de março deste ano o livro Laisser faire le Yoga ou L’effort silencieux des graines [Deixe a Yoga acontecer ou O esforço silencioso dos grãos], de Mar Thieriot, brasileira, membro CETRANS, filósofa e doutora em educação, cultura e sociedade, mestre em Yoga, residente em Montreal. Esse guia ilustrado, editado pelas Éditions Amalthée, é dirigido àqueles que sofrem ou querem descobrir a Yoga como um conhecimento que reúne corpo e espírito através do domínio da respiração e da inspiração de um coração aberto e afável. Porque é pelo caminho do coração que se tenta conciliar cabeça, pernas, razão e músculos. A dor pode diminuir, a mobilidade retornar, o equilíbrio ser encontrado novamente; o corpo se conserta e a alma também. Então, deixe a vida se mover em você, deixe-se levar pela corrente de gestos e respiração: sentado, em pé, andando, o mal se desvanece, o bem-estar retorna como um leve sorriso, uma felicidade discreta. Veja o vídeo de apresentação do livro em: https://youtu.be/iqk8cplfn3c Disponivel para compra em: https://goo.gl/cX97Pg |
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O Encontro Brasileiro de Danças Circulares Sagradas – EBDCS, completa 18 anos em 2019. Assim sendo, no dia 24 de fevereiro, domingo, realizou-se na ETEC de Artes, das 14h às 18h, um pré-Encontro com uma roda de Dança e de Conversa sobre o tema, para aquecer reflexões, sensações e sentimentos e preparar o próximo XVIII EBDCS, que se realizará em junho. O tema ASAS NOS PÉS abrange os diversos momentos da vida, em que atravessamos portais ritualizados pelo nosso tempo cronológico. O focalizador foi Cristiano Ciranda Viva, e o palestrante, Luiz Eduardo V. Berni, membro CETRANS. |
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Focalizar Cooperação para o Planeta: A Pós-Graduação em Pedagogia da Cooperação e Metodologias Colaborativas é uma iniciativa do Projeto Cooperação sob o selo da Universidade Paulista ‒ UNIP, e tem como missão estimular a formação de ambientes colaborativos. Pá Falcão é responsável pelo módulo “Trans-formação de Focalizadores”, que aborda o conceito de focalizador e como ajudar o grupo a manter o foco nos planos físico, emocional, mental e espiritual. |
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Após acontecer em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, foi a vez da turma de Brasília viver essa aventura,que ocorreu de 22 a 24 de fevereiro. O módulo realizou-se na Universidade Internacional da Paz ‒ UNIPAZ, e o grupo explorou conceitos de focalização, transdisciplinaridade, espiritualidade e Psicossíntese através de atividades diferenciadas, desde fazer um bolo até medir as energias da sala com instrumentos de radiestesia. |
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Vinicius Alexandre dos Santos Almeida, membro CETRANS, tem procurado desenvolver, com muita competência, novas formas de trabalhar a relação paciente-instituição no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, com a introdução de uma ferramenta inovadora ‒ a CRM, ou Customer Relationship Management, que está melhorando a experiência dos pacientes e os desfechos em saúde. Essa ferramenta consegue engajar o médico, medir objetivamente os indicadores de qualidade e a eficiência dos procedimentos e consultas médicas, bem como avaliar o resultado do trabalho de cada profissional de medicina envolvido com seus pacientes. Essa tecnologia é um software que integra vários dados coletados pelo serviço, estabelece e define indicadores e, através de inteligência artificial, sugere ações que melhoram a experiência do cliente de maneira mais personalizada. Ganha o médico em eficiência, ganha o paciente com o profissionalismo da instituição, com informações individualizadas e uma comunicação mais fluida. |
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Educação do Futuro: As palestras que foram apresentadas no 'I Congresso Educação do Futuro ‒ Transdisciplinaridade e Criatividade', organizado pela Universidade Católica de Brasília/ UCB, em novembro passado, estão disponíveis no Youtube no link: https://www.congressoeducacaodofuturo.com/palestra |
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Forjando nosso olhar transdisciplinar |
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Muitas são as raízes da transdisciplinaridade. Suas expressões beberam na natureza, nas artes, nas tradições sapienciais, em diferentes linhas filosóficas e na física do século XX. Muitas são as áreas de conhecimento que nutrem e podem ser nutridas por ela, por isso sua legitimidade é por vezes palpável, por vezes intuída e por vezes velada. Mas seja experimentada como visão – atitude – ou práxis, nela subjaz a longa peregrinação do indivíduo questionante em busca de si mesmo. Um tema recorrente, mas nem por isso tão evidente na transdisciplinaridade, é o retorno ao chão pátrio, àquilo que é essencial, nobre e simples, alegria e sofrimento. A necessidade desse retorno, expresso das mais variadas formas na história do homem, confere à transdisciplinaridade seu caráter de ser ao mesmo tempo antiga e recente; próxima e distante; presente e esquecida; temporal e atemporal; imanente e transcendente. |
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Muitos espíritos transdisciplinares, das mais variadas áreas do conhecimento, reconhecem o grande esforço dos filósofos do século XVIII tardio, que conceberam uma marcha da história cultural no sentido antropológico, social e espiritual, partindo do mundo simples, do estado natural, da compreensão da alma da natureza, passando pela cisão e pelo estranhamento da era moderna, e procuraram deixar emergir o novo a partir de uma nova união entre o ‘eu’ e o mundo. Eles redescobrem o valor do ‘entre’ porque este marca um espaço, uma dimensão nova onde o poeta joga, brinca e assim ilumina o mundo. Como nos diz Heidegger,“a essência dessa dimensão é a disposição iluminada do ‘entre’, e por isso permeável: o para cima em direção ao céu enquanto o para baixo em direção à terra” (Werle, p. 62). Essa dimensão é sustentada pelo sagrado, entendido aqui como o espaço que “ultrapassa todo e qualquer setor específico da experiência humana” (Werle, p. 63). “... O Sagrado está acima dos deuses e dos homens, do céu e da terra, enfim, está acima de toda a natureza na medida que transparece pelo seu todo e permite que ela se ilumine” (Werle, p. 63). Assim, o sagrado se constitui em tudo o que permeia deuses e homens e permanece oculto, inacabado e aberto: é o mistério, aquilo que não compreendemos, mas que nos afeta. Ele é, segundo Heidegger, um repousar em si mesmo, uma relação com os objetos e, ao mesmo tempo, o que existe ‘entre’ esses dois níveis. O poeta, então, é aquele que percebe esse ‘entre’ e reconhece que a ele é dado o direito de anunciar a plenitude da existência humana, quando realiza sua obra e faz poesia, mas só se estiver receptivo à dimensão na qual está situado, mantendo-se acima dos homens e abaixo dos deuses. Essa concepção de obra poética que deu origem ao movimento que surgiu no século XVIII, denominado Romantismo, foi esvanecida pelo avanço do racionalismo e pelo sucesso do espírito científico preponderante na época e no século seguinte. Mesmo assim, o clamor desses visionários românticos nos foi legado e repousa em seus poemas, livros, tratados, expressões plásticas e composições musicais. Dentre tantos românticos visionários, um deles inspirou e forjou sobremaneira o olhar e muitas expressões de cunho transdisciplinar, de onde hoje bebemos. Hölderlin, nascido na Alemanha, poeta, romancista e filósofo, que viveu entre 1770–1843, descreve o conflito de separação e fusão como um antagonismo constante e simultâneo de dois impulsos que atuam como forças físicas: a penúria e a abundância. A torrente do pensamento de Hölderlin vem de Platão. Ele compreendeu e tratou da contradição e do contraditório. Ele presentificou o paradoxo na compreensão da realidade. Ele compreendeu o mistério do real, aquilo que jamais será desvelado. Dizia ele: “O puro só pode ser representado no impuro e, se tentarem admitir o nobre sem o vulgar, resultará o mais afetado de tudo, o mais absurdo”. Para Hölderlin, a Arte e sobretudo a poesia lírica encontram-se sempre em movimento, não são algo definitivo, acabado, completo. A poesia lírica, tal como a própria humanidade, encontra-se sempre em pleno movimento, está sempre se reconstruindo e se recriando, e assim ultrapassa os condicionamentos do tempo histórico, torna-se atemporal, pois tem a sua origem na música. A poesia de Hölderlin expressa desde o extremo mais apolíneo do ser até o extremo mais dionisíaco: nos fala do homem racional, do homem da medida, do homem consciente dos seus limites, sóbrio como Apolo, mas nos fala também da energia brutal, do lado sombrio da existência, da transcendência de todos os limites humanos, movido pela paixão como Dionísio. Hölderlin percebe uma ruptura intransponível entre a “substância” (Stoff) do mundo vivo ou da matéria e o desejo do espírito idealista, e o homem, como pura razão, não consegue ultrapassar essa ruptura: a razão e o ceticismo científicos tendem sempre a dividir as coisas. Assim, o raciocínio puramente racional e tecnológico não consegue aceitar a unidade das coisas, visto que nega ao homem todo e qualquer ato de magia, todo e qualquer ato alquímico, ele só acredita naquilo que as marcas da ciência podem tocar. Hölderlin, portanto, foi um crítico da modernidade que estava apenas nascendo, e, como crítico, influenciou importantes pensadores que vieram depois dele, como Nietzsthe e Heidegger, e o escrito de muitos autores transdisciplinares que se expressaram depois, na segunda metade do século XX e neste século. Werle, M.A. Poesia e pensamento em Hölderlin e Heidegger. São Paulo: Unesp, 2005. |
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Fernando Antonio Cardoso Bignardi: O encontro de membros do CETRANS, que aconteceu em novembro de 2018, começou no transporte coletivo, que possibilitou a aproximação dos membros já no trajeto de acesso! A chegada num local acolhedor, de natureza exuberante, despertou a dinâmica "trans" entre os membros, principalmente na degustação de um cuidadoso e saboroso desjejum! Evocar a mente contemplativa, logo no início das atividades, foi um passo decisivo na construção de um encontro harmônico e edificante, principalmente com o resgate VIVENCIAL, por meio de imagens, da história do CETRANS. Agradeço ao cuidado da EQUIPE na preparação tão amorosa desse singular acervo da linha do tempo! Reconhecer os pares e suas ações foi muito gratificante, as dinâmicas na área externa foram muito SIGNIFICATIVAS no desenvolvimento da atenção com foco no presente, seguidas da oportunidade de EXPRESSÃO e escuta contemplativa! O almoço foi um deleite, resultado do incondicional carinho da cuidadosa anfitriã! Nutridos o corpo e a alma, passamos para a tarde com o resgate dos ritmos e proporções sagradas de forma muito significativa e transformadora! Enfim, um dia ímpar, inesquecível! Gratidão ao CETRANS por oportunidade única! Que venham novos encontros! |
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Maria F. de Mello: Depois de participar desde 1998 nas atividades do CETRANS, atuando prioritariamente como Coordenadora da Unidade de Ação - UA Formação, chegou o momento certo para eu deixar essa função. E, assim, uma reNOVA-AÇÃO benfazeja, primorosa e lúcida abrirá, certamente, horizontes promissores no amplo cenário TD local e internacional onde esse centro de educação tem operado já há duas décadas. É com alegria que inauguro este novo momento da minha relação com o CETRANS; espero continuar engajada na pesquisa e ação TD, agora apenas como um membro ativo. Obrigada a todas as pessoas, e foram muitas, que tornaram possível este meu longo percurso formativo TD nos diferentes níveis de realidade! |
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Dalva Alves: Parabéns ao CETRANS! Parabéns a toda a equipe por estes preciosos 20 Anos! Foi com grande alegria que li o CI@ nº39, apreciando cada momento e me deparando com a impecável qualidade do trabalho que nos tem sido oferecido em cada número desta excelente publicação. A leitura de cada seção, bem como assistir ao belo vídeo comemorativo me remeteram a uma boa memória. Meu interesse pelo pensamento transdisciplinar surgiu após obter informações a respeito do Projeto CIRET-Unesco em um Congresso Holístico e Transpessoal realizado pela Unipaz em 1997. A partir de então, passei a buscar informações em eventos, oficinas, imersões, e por esses caminhos tive a oportunidade de ouvir e ler ensinamentos do Prof. Ubiratan D’Ambrosio. No entanto, naquele tempo, quase nada havia publicado por aqui a respeito da transdisciplinaridade, de maneira que minha busca continuava... Foi então que, em um dos eventos, conheci uma terapeuta, Lucia Harumi, que veio a se tornar uma grande amiga. No início dos anos 2000 ela me disse: “Vou te apresentar uma pessoa que fala muito bem a respeito desses assuntos de que você gosta”. A pessoa a que ela se referia era nada menos que Américo Sommerman! E para minha surpresa, no dia do encontro promovido pela Harumi, ele me presenteou com um volume do Manifesto da transdisciplinaridade, de Basarab Nicolescu, que acabara de ser publicado pela TRIOM! Desde então, o CETRANS tem sido, para mim, uma importante referência em conhecimento e qualidade a respeito de tudo o que se refere à transdisciplinaridade. Gratidão e parabéns a todos! |
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O corpo nunca mente: um relato pessoal confessional Lali Jurowsky O corpo nunca mente. Precisei viver 58 anos e ir até Israel para ouvir essa frase curtinha, vinda duma aluna novata, e ela fazer todo o sentido do mundo para mim. Abri os olhos numa manhã, cerca de 6 anos atrás, e o primeiro pensamento que iluminou o dia foi 'vou morar em Portugal'. Havia morado no exterior quando tinha 20 anos, voltei ao Brasil com a intenção de logo ir embora, mas surpresas maravilhosas que a vida trouxe me retiveram no Brasil. Por que Portugal? Porque eu gostava, conhecia bem, tinha história pessoal e profissional lá. Todas as condições eram auspiciosas: eu queria e podia. |
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Meu espírito começou a ficar inquieto, pois o corpo não estava acompanhando sua velocidade. Ao longo do processo de planejamento e execução da mudança, passei a vislumbrar lampejos de possibilidades. Não sabia bem quais eram, vinham flashes, sensações físicas, às vezes odores, sons. Eu já estava num lugar que não sabia como se configuraria, mas me atraía muito. Passei a não conseguir honrar alguns compromissos, e aqui entra o confessional que dá título a este texto: havia querido muito participar das Unidades de Ação do CETRANS, e nesse processo de liberação do espírito, isso se tornou inviável (a Vitória sabe disso). |
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Tão inviável que não consegui fazer as devidas despedidas dos amigos do CETRANS (a todos e a cada um, meu profundo agradecimento pela oportunidade, amizade e aprendências). Amigos, alguns também escorreram no processo. Força, dúvida, curiosidade, confusão, alegria, medo, vontade, pavor, excitação, dor, amor, fraqueza e determinação se apresentaram em formas, combinações e intensidades variadas. Ao chegar a Portugal, amigos antigos me dissuadiram da ideia de buscar morada em cidades pequenas, como pretendia fazer. Morei em Lisboa alguns anos, ainda inquieta. A lógica havia prevalecido sobre o chamado. Mas o corpo nunca mente. Eis que recebi um convite para participar dum workshop de Continuum, o trabalho corporal que vivo e ensino. A professora que o organiza pesquisa trauma e trabalha dando suporte para equipes de resgate em regiões de catástrofes climáticas ou de abuso dos direitos humanos. Além disso, ela se comunica com baleias. Esse era o convite: um workshop de Continuum e comunicação com baleias. Fui. Esse foi meu batismo: mergulhei em águas profundas e emergi transformada. O corpo nunca mente. O mar me convidou a ir morar perto dele. Concluí meus compromissos em Lisboa e no dia em que comecei a busca de algum lugar em alguma praia, qualquer praia desde que praia, achei-a. Mudei-me e aí, sim! Os lampejos e sensações físicas que vislumbrava lááááááá em São Paulo, anos atrás, começaram a se materializar na velocidade do espírito. Apaixonei-me pelas falésias, beijadas por ventos e tempestades de alto mar, acariciadas por brisas suaves e sol escaldante. Achei um lugar verdinho nesse ambiente árido. Elementais de todas as espécies e ordens me abraçaram em manifestações diversas. Estrelas do mar abriram os braços em minha direção, ouriços me acariciaram com seus espinhos, pedras me contaram histórias do mundo. Minha potência como curadora amplificou-se. Descobri que as pessoas queriam ver os desenhos que sempre fiz e nunca havia mostrado. Tornei-me antena transmissora da beleza que me circunda. A mudança foi para uma vila pequenina, onde não conhecia ninguém. Aos poucos estou fazendo amigos, encontrando almas afins. Passo muito tempo sozinha, em silêncio. Encontro recursos internos novos. Desenho, pinto, fotografo, me relaciono com a natureza, hidroginástica faço na piscina pública, em aulas transgeracionais. Ofereço vivências de Continuum e, parafraseando Stanley Keleman, exsudo meu meio ambiente. O corpo nunca mente. O restante da história contarei depois de tê-la vivido. --------------------------- Lali Jurowsky, formada em Comunicação Social, Rádio e TV pela ECA/ USP. Pós Graduada em Cuidados Integrativos pela UNIFESP, é professora convidada do curso. Múltiplos interesses a levaram a ter aulas e produzir em desenho, pintura, escultura e canto. Professora Autorizada de Continuum, Reikiana. Foi Membro do Núcleo Anthropos, grupo de estudos e pesquisa em Medicina Integrativa da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP, onde também participou da criação do MMI – Mindfulness e Movimentos Integradores, método que reúne Mindfulness e Educação Somática. É membro CETRANS – Centro de Educação Transdisciplinar. Fotografia: Lali Jurowsky – Ericeira/ PT, 2018. |
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A UA Comunicação neste verão priorizou o trabalho de revisão e de atualização de seus documentos, assim como a ordenação de seus arquivos . A preparação da Assembleia de 2018, realizada em fevereiro de 2019, esteve também em pauta, visando, através de um flyer, mostrar aos membros o trabalho realizado pelo CETRANS no ano passado, bem como a prospecção de atividades para curto, médio e longo prazo. |
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O vídeo Memorial dos 20 anos TD - CETRANS foi atualizado e mostrado nesse dia como complemento das realizações de nossa instituição. Junto às demais coordenações, esse foi um momento propício para a realização de avaliações e revisões de nossa atuação em 2018, com a finalidade de se obter um novo ano de trabalho proativo e organizado, mesmo ao considerarmos a mudança de coordenadoras nas UAS Publicação e Formação. |
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O VIII Encontro de Membros CETRANS, em novembro último, permitiu conhecer a riqueza do trabalho realizado pelos membros, cada um no seu ramo específico de atividade, evidenciando que existe um ponto de partida e muitos pontos de chegada que se constroem a cada movimento do fazer de cada um. |
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Por isso mesmo, a tônica da UA Comunidade neste ano será incentivar a divulgação do trabalho de membros, sejam programas, cursos, eventos, palestras, etc., no nosso grupo Comunidade CETRANS, assim como trabalhos de fora da Comunidade que guardem uma interface com a TD. Também será dada atenção à divulgação de artigos, teses, dissertações, livros, peças multimídia e publicações que interessem à TD, numa articulação estreita com os objetivos da UA Formação. Para que essa função informativa possa ser exercida com propriedade, é fundamental que os membros se disponham a alimentar a Comunidade com assuntos que lhe digam respeito diretamente. Alguns informes serão oportunamente postados no grupo com o objetivo de orientar a participação. |
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O CETRANS e as coordenadoras das Unidades de Ação ‒ UAs, agradecem a Maria F. de Mello o trabalho decisivo e fundamental para a TD que realizou durante muitos anos como coordenadora da UA Formação. Maria sempre desempenhou com muita inteligência, lucidez |
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e comprometimento sua tarefa de farol-guia, aquele que ilumina caminhos desconhecidos, às vezes difíceis, descobrindo novas veredas, inspirando-nos a percorrer estradas que nos levaram ao encontro da Transdisciplinaridade mais genuína: sua epistemologia, a complexidade; sua ontologia, os níveis de realidade; sua lógica, a do terceiro incluído e, ainda, a do terceiro secretamente incluído, o Sagrado. Somos todos muito agradecidos por esse trabalho incomparável de formação TD que foi espalhado por todo o Brasil e cruzou nossas fronteiras. Muito obrigado! Aproveitamos para apresentar a nova coordenadora da UA Formação, Denise Lagrotta, que já se incorporou ao grupo de coordenadores e está muito animada com o trabalho que pretende realizar no CETRANS. |
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Gestão e Meditação Um tolo vê a si mesmo como outro, mas um sábio vê os outros como si mesmo. [Eihei Dogen] |
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Parece que meditação virou moda! Executivos se submetem a vários cursos de meditação com a promessa de alívio do stress e melhora de sua condição de análise, entre outros aspectos Preetha Ji, meditadora indiana, fala da importância da mente serena e de como estar permanentemente no Beautiful State pode nos propiciar uma vida com outra qualidade. Tudo muito bonito, não é mesmo? Mas... e quando não percebemos sentido na vida, ou estamos atravessando “aquela crise do NADA”? Aí, podemos entender melhor o exercício meditativo. Eu diria o “treinamento” meditativo. Esse processo, que implica constância, paixão – paixão pelo conhecimento de Si Mesmo, por esse encontro – que vai paulatinamente aprimorando a qualidade de sustentação do que há em mim, no meu interior. Nessa dimensão, somente eu mesmo tenho acesso. É uma dimensão íntima, muitas vezes caótica, confusa, plena de enigmas... Mas ela está aí, em mim. Mas o que disso é, de fato, meu? O que disso é meu e se mistura com o coletivo, com informações dos que me cercam? O quanto esse desconhecimento de mim me cega para compreender que o outro à minha frente também me revela aspectos meus que são desconhecidos para mim? No processo meditativo, vou aprendendo a ouvir além do falatório da mente, a ir para um lugar de maior quietude e onde posso ficar com o que julgo muitas vezes como ruim: a raiva, a inveja, a tristeza, a dor da perda, o sentimento de inferioridade e por aí vai. Será que eu posso suportar apenas e tão somente o que tenho para hoje? Ficar com isso? E poder reconhecer o que há de belo, talvez, apenas no que tenho agora? A meditação para a gestão pode, sim, ser uma ferramenta para uma aproximação de quem sou realmente... não é a única, mas pode trazer muito enriquecimento. Desde que praticada sempre. Mas, principalmente, para ESTAR NO AQUI-AGORA, onde estou. Nas reuniões das Unidades de Ação do CETRANS ‒ UAs, sempre iniciamos nossas reuniões com uma meditação com a intenção de estarmos mais presentes e atentas ao que se passa em nosso interior e que pode interferir em nossa interação e melhorar a qualidade das nossas atividades. Quem quiser pode se aprofundar nesta história linda e que contém muitos símbolos férteis para uma viagem interna e um fortalecimento na relação com o mundo externo: Sons do Silêncio. Disponível em: http://portalfloresnoar.com/floresnoar/sons-do-silencio/ |
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O CETRANS e as coordenadoras das Unidades de Ação ‒ UAs, anunciam a saída de Adriana Caccuri da coordenação da UA Publicação, função essa que exerceu durante os últimos três anos. |
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Agradecemos a Adriana por ter realizado muitos estudos e trabalhos de webdesign e design gráfico inovadores e de grande valor artístico ‒ o Site CETRANS, a Coletânea Aceno/ Revista nº 1, o Perfil 2016 -2018 ‒, que ajudaram a dar visibilidade ao CETRANS e às suas realizações. Esperamos que ela continue a contribuir com seu talento e comprometimento nas futuras obras que forem idealizadas. Nosso muito obrigado! |
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Paul Klee [1879-1940]: Equilíbrio Instável. O Centro Cultural Banco do Brasil ‒ CCBB, está apresentando ao público, na sua sede de São Paulo, até 29 de abril, 120 obras do pintor e poeta de origem alemã que viveu grande parte de sua vida na Suíça. Ele tem um estilo bem pessoal, foi influenciado por várias tendências artísticas diferentes, incluindo expressionismo, cubismo e surrealismo. |
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Nesta exposição denominada Equilibrio Instável, uma mostra inédita revela as múltiplas facetas de um dos artistas mais icônicos do século 20, ao oferecer uma perspectiva intimista do homem por trás de um dos precursores da arte abstrata no mundo. A obra de Klee apresenta diferentes fases de seu trabalho e uma delas é a do “mundo como palco", que permite ao espectador ver sua estreita relação com outras expressões artísticas, como o teatro e a ópera. Com seus estudos da natureza e seus esboços do corpo humano, Klee não demorou para conseguir autonomia artística e rapidamente se transformou em um dos maiores vanguardistas do século 20. Mantinha um diálogo com as mais variadas tendências de expressão artística, como o surrealismo, o cubismo e o construtivismo, e seu experimentalismo no mundo das formas e das cores fez com que Klee se consolidasse como uma das figuras mais importantes da Escola Bauhaus, cuja fundação completa cem anos em 2019. Vale a pena ver e apreciar a beleza das cores e formas desta exposição! Local: CCBB. Rua Álvares Penteado, 112/ São Paulo ‒ Centro. Informações: (11) 3113-3651. |
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Exposição de Alfredo Volpi e Bruno Giorgi na Pinakotheke: Foram dez anos de pesquisas para construir uma exposição sobre a amizade entre dois grandes mestres da arte brasileira do século XX. A mostra Estética da Amizade será exibida na Pinakotheke ‒ SP, de 25 de março a 25 de maio, e reúne cerca de 120 obras – a maioria apresentada ao público pela primeira vez. A produção artística que representa 50 anos de convivência estreita entre Alfredo Volpi e Bruno Giorgi é entremeada por fotos, depoimentos e memórias que contam muito bem essa história. Imperdível! |
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Local: Rua Ministro Nelson Hungria, 200 I Real Parque – Morumbi/ São Paulo e está aberta de segunda a sexta, de 10h às 18h, e sábados, de 10h às 16h. |
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Green Book: o Guia, filme que ganhou o “Oscar” de melhor filme em 2019, merece ser recomendado a nossos leitores não porque ganhou o prêmio, mas pela simplicidade da história aliada à sofisticação da narrativa. Trata-se da amizade improvável que se desenvolve entre um imigrante italiano tosco, truculento e racista, e um pianista negro, famoso e muito sofisticado, durante uma viagem através do sul dos Estados Unidos nos anos 1960, auge da segregação racial, quando um guia verde indicava os locais onde negros eram aceitos para dormir, comer, comprar, viver... |
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Vale uma ida ao cinema para uma reflexão sobre a humanidade dos seres que se olham com os olhos da alma! |
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Back to the sandbox: art and radical pedagogy. Jaroslav Andel (Editor). Neste livro um grupo internacional de artistas e estudiosos de educação reflete sobre a natureza e o significado da educação na sociedade contemporânea, introduzindo novas perspectivas no aprender e na criatividade. Back to the sandbox aborda questões críticas do sistema educacional de uma nova e intrigante perspectiva: ensaios escritos por pensadores líderes em suas áreas de atuação, justapostos a projetos de arte destinados a todas as idades, indo desde o jardim da infância até a idade adulta. As questões fundamentais tratadas incluem democracia em educação, criatividade, transdisciplinaridade, neuroplasticidade, o pensar versus o memorizar, ciência versus arte e humanidades. Tanto artistas quanto especialistas exploram tópicos específicos enquanto guiados por uma questão central concebida no educators\ u2019 e no students\ u2019 e que deve ser considerada hoje: |
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De que educação precisamos? O volume inclui alguns ensaios e dezoito textos curtos escritos por especialistas internacionais no assunto. Essa publicação inovadora servirá como referência e inspiração a educadores, estudantes, artistas, pais, políticos e a todos os interessados em educação e arte. Pode ser encontrada na Amazon https://goo.gl/HFgf5U |
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Contradição, natureza, nobreza, simplicidade e o belo vibram nas falas de Hölderlin. “O poeta desenvolveu uma mitologia baseada na comunidade de indivíduos humanos. A vida no esquema de Hölderlin é uma constante troca entre mortais e imortais, natureza e tempo; o poeta é o semi-deus que faz a ponte entre cada um desses elementos através da linguagem e dos sinais” [POWELL, 2007]. Ele soube tratar a unicidade diversificante de todos os seres! Sua obra é extensa e apresentamos fragmentos para a apreciação do leitor. A canção de Hipérion |
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Caminhais lá em cima na luz Sobre solo macio, gênios bem-aventurados! Esplêndidas brisas divinas Vós tocam com leveza, Com os dedos da artista As cordas sagradas. Sem destino, como o bebê Dormindo, respiram os celestiais; Guardando-se casto No modesto botão Floresce eternamente Neles o espírito, E os olhos bem-aventurados Contemplam a silenciosa E eterna claridade. Mas não nos foi dado Descansar em parte alguma. Desaparecem, tombam Os homens que sofrem Cegamente hora Após hora, Como a água lançada abaixo De falésia em falésia Anos a fio no incerto. |
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Procuras a vida, procuras, e um fogo divino, vindo do fundo da terra, jorra e brilha em ti; E tu, numa ânsia arrepiante, atiras-te para o fundo do Etna em flamas. Assim, fundi no vinho as pérolas do excesso da rainha; pois ela o desejou! Ó poeta, não tivesses tu imolado a tua riqueza na fermentação do cálice! Para mim, porém, és santo como o poder da terra que te tomou, ó morto temerário! E, se o amor não me impedisse, desejava seguir o herói até as profundezas. |
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Hipérion a Belarmino Ser um com o todo, essa é a vida da divindade, esse o céu do ser humano. Ser um com tudo o que vive e assim retornar numa bem-aventurada abnegação para o todo da natureza, este é o ápice do pensamento e da alegria, o cume sagrado da montanha, o lugar do descanso eterno onde o meio-dia perde o ar abafado e o trovão, a sua voz e o mar fervente se assemelham às ondas do trigal. Ser um com tudo o que vive! Com essas palavras, a virtude larga a irada armadura, e o espírito humano, o cetro e todos os pensamentos desaparecem diante da imagem do eterno mundo uno, tal como as regras do artista em luta diante de sua Urânia, e o destino brônzeo abdica do poderio, e a morte escapa da aliança dos seres, e a indivisibilidade e a eterna juventude encantam, embelezam o mundo. ...[2003, p. 13-14] HÖLDERLIN, F. A morte de Empédocles. São Paulo: Iluminuras, 2008. --------------------. Hipérion ou o eremita na Grécia. São Paulo: Nova Alexandria, 2003. POWELL, Jason. Heidegger’s contributions to philosophy. London: Continuum International Publishing Group, 2007. |
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UA Comunicação − Vera Lucia Laporta UA Comunidade − Marizilda Lourenço UA Formação − Denise Lagrotta UA Gestão 1 − Vitoria M. de Barros UA Gestão 2 − Ideli Domingues UA Publicação − Coordenadoras das UAs |
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