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Edição #13

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NOTURNOS PAR ALÉM DE CHOPIN

Eu (Rafael) me recordo claramente de um momento marcante na minha adolescência. Aos 14 anos, enquanto navegava pelo Facebook, deparei-me com uma imagem da pintura ‘Noite Estrelada’ de Van Gogh acompanhada de uma música. O que eu estava ouvindo era o 'Noturno Op.9 No.2' de Frédéric Chopin. 

Esse foi meu primeiro contato real com a música clássica, nunca havia escutado algo tão belo até então. Completamente apaixonado pelas composições de Chopin, busquei ouvir outros compositores e consequentemente outras formações instrumentais.

Acredito que muitos, assim como eu, encontraram nas obras de Chopin, especialmente seus noturnos, uma porta de entrada para o vasto repertório da música de concerto

Na newsletter de hoje, não vamos nos limitar apenas aos noturnos de Chopin, mas vamos explanar a fundo o que significa o termo em diversos contextos.

O conceito de noturno, derivado do termo francês ‘nocturne’, que significa ‘da noite’, foi inicialmente introduzido no universo musical no século XVIII. Naquela época, referia-se a uma composição musical de vários movimentos, geralmente executada durante uma celebração noturna. O termo italiano equivalente, ‘notturno’, foi usado em algumas obras, como o ‘Notturno em Ré, K.286’, de Wolfgang Amadeus Mozart, que foi composto para quatro conjuntos distintos de trompas juntamente com cordas. Durante esse período, as peças que carregavam esse título não necessariamente evocavam a noite, contudo, eram destinadas a performances noturnas, semelhantes a uma serenata.

A forma mais conhecida do noturno, que foi amplamente cultivada no século XIX, é uma peça de movimento único, geralmente escrita para piano solo, que evoca ou é inspirada pela noite. Possui uma textura de acompanhamento e melodia, sendo essa lírica e expressiva. A sua estrutura costuma ser um ABA, com elementos contrastantes em cada uma das seções.

John Field, um compositor irlandês, foi o primeiro a escrever noturnos nesse estilo romântico que conhecemos hoje, e é frequentemente considerado o precursor do noturno romântico. No entanto, o mais renomado praticante do gênero foi Frédéric Chopin, que compôs 21 noturnos. Outros compositores que contribuíram para o gênero incluem Alexander Scriabin, Gabriel Fauré, Erik Satie e Francis Poulenc.

No século XX, a história já é outra. Em contraponto aos noturnos aos quais estamos acostumados, encontramos na obra ‘Out of Doors’ de Béla Bartók um movimento intitulado ‘Musiques nocturnes’. Neste, Bartók tem o objetivo de imitar os sons da natureza, porém com uma sonoridade oposta à de Chopin.

A instrumentação não se limitou apenas ao piano. Conjuntos de câmara e peças orquestrais também receberam o título de noturno. É o caso de ‘Trois Nocturnes’ de Claude Debussy, baseado nos poemas retirados do livro ‘Poèmes anciens et romanesques’ de Henri de Régnier, e o primeiro movimento do ‘Concerto para Violino nº 1’ de Dmitri Shostakovich.

Você entendeu o que é um noturno? Vamos fazer uma breve recapitulação. Lembre-se de que o termo teve diferentes significados ao longo da história. No período clássico, eram obras de vários movimentos destinadas a eventos à noite. Já no período romântico, era uma peça para piano solo inspirada no ambiente noturno. E no século XX, a ideia foi desconstruída, com uma abordagem composicional mais livre.

Apesar dessas diversas interpretações, o apogeu do gênero, sem dúvidas, foi nas mãos de Frédéric Chopin.

E você, conhecia algum noturno que não fosse de autoria dele?"

Muito obrigado pela sua atenção,

Até a próxima terça!!

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