👶 Baby Led Weaning? O que é? O termo “Baby Led Weaning” (BLW) pode ser traduzido como a diversificação alimentar guiada pelo bebé. Este conceito foi desenvolvido pela Enfermeira Gill Rapley, em 2005, como um método alternativo à diversificação alimentar tradicional (purés e sopas). Gill Rapley fazia visitas domiciliárias a mães e bebés no Reino Unido e deparou-se que alguns bebés tinham dificuldade no início da diversificação alimentar. Para ajudar as mães e os seus bebés, teve a ideia de apresentar aos bebés comida de forma sólida. Com o BLW, a criança, a partir dos 6 meses de idade, decide o que ingere dependendo da oferta de pedaços inteiros de alimentos que fazem parte da dieta familiar do dia-a-dia. No início da diversificação alimentar, os alimentos são introduzidos aleatoriamente sem o recurso a purés ou sopas. |
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👶 Quais são os princípios do BLW? O método BLW centra-se em três pilares fundamentais: amamentação, a iniciativa do bebé “Baby-led” e as refeições familiares. O bebé deve ser amamentado exclusivamente até aos seis meses de idade, embora seja reconhecido que, por vezes, pode ser necessário a introdução de fórmulas infantis. No BLW, a criança mantém o aleitamento materno/fórmula até desejar. A iniciativa do bebé em alimentar-se sozinho incentiva a autoconfiança e autonomia. Nesta fase, segurar em pedaços de comida ajuda a desenvolver os movimentos de motricidade fina, incluindo a pega (juntar as pontas do indicador com o polegar). Não são oferecidos os purés e as sopas pois é sempre necessário um adulto segurar a colher para auxiliar a alimentação. Contudo, há regras. As famílias que decidem iniciar BLW terão de ter em atenção a possibilidade de engasgamento. É necessário a supervisão de um adulto sempre que uma criança está a comer autonomamente. Os alimentos devem ter uma consistência nem muto mole ou dura – os alimentos cozinhados devem ser esmagados com a língua do bebé contra o palato. Os alimentos oferecidos fazem parte da refeição da família, mas em forma de “finger food” (comida para pegar com os dedos - palitos) com dimensões adequadas à criança que os vai agarrando e mordendo. |
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👶 A qualidade da alimentação no BLW Quando os pais ou cuidadores fazem purés ou sopas caseiras para uma criança (com idade inferior a 12 meses) não é colocado sal ou açúcar visto que a refeição é preparada exclusivamente para a criança. No BLW, a criança, ao partilhar das refeições com a família, pode ser exposta a condimentos, sal ou modo de confeção que não seja o mais indicado para o seu bom estado nutricional. Por exemplo, uma família que consuma maioritariamente fritos, doces ou alimentos processados na sua dieta habitual poderá, inadequadamente, oferecer esses alimentos à criança. Surge, então, a oportunidade para a família procurar e adotar melhores hábitos alimentares de modo a construir um BLW satisfatório e saudável. A maior qualidade do BLW é a diversificação de texturas e o sabor natural dos alimentos a que as crianças são expostas desde os seis meses de idade. O bebé tem a oportunidade de explorar os alimentos e tornar o momento da refeição mais alegre. Este tipo de método estimula hábitos alimentares saudáveis porque facilita a compreensão do mecanismo fome-saciedade desde tenra idade. Ajuda ainda no desenvolvimento oro-facial através da mastigação. |
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👶 Desvantagens do BLW Risco de Asfixia - Verificar sempre se os alimentos estão cozinhados o suficiente e em porções adequadas. Por exemplo, o frango tem de ser desfiado em pedaços e inspecionado se existem ossos adjacentes à carne oferecida à criança. Evitar nesta fase, frutos secos (nozes), uvas, pipocas e fruta ou vegetais que sejam duros e crus, como a maçã ou cenoura, pelo seu alto risco de asfixia. No entanto, o risco de engasgamento durante a diversificação alimentar ronda os 30%, independentemente de utilizar o método tradicional ou BLW. Como explicado, anteriormente, é sempre necessária supervisão de um cuidador. Ingestão inadequada levando a défices energéticos e anemia por deficiência de ferro - Sendo o bebé a escolher o que come, pode haver um consumo insuficiente para fazer face ao gasto energético e manter um crescimento adequado. Assim, é importante oferecer à criança uma variedade alargada de alimentos, sendo que em todas as refeições há um alimento de elevada densidade energética. A introdução dos alimentos dá-se normalmente aos seis meses de idade da criança visto que a partir dessa altura o leite materno deixa de ser suficiente para suprir as necessidades nutricionais de crescimento. Alimentos ricos em ferro como carne, peixe, brócolos ou espinafres devem ser oferecidos à criança para diminuir o risco de ingestão inadequada deste micronutriente. Outra dica importante é adicionar sempre fruta fresca, rica em vitamina C, para ajudar na absorção do ferro. |
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👶 Quero tentar o BLW com o meu bebé. Como fazer? O BLW é indicado para crianças com um bom desenvolvimento psico-motor. Bebés prematuros podem iniciar BLW tendo em atenção a idade corrigida de seis meses. Primeiramente, sentar o bebé (tronco direito, anca e joelhos a 90º) numa cadeira de alimentação adequada. Deixamos algumas dicas úteis de modo a tornar a diversificação alimentar simples e flexível: Ir experimentando um alimento novo de cada vez (2 a 3 dias). Não desistir de um alimento mesmo que seja rejeitado algumas vezes. Não obrigar a comer, mas ir oferecendo. O ambiente deve ser o mais calmo possível e sem distrações (músicas ou televisão).
Porém, se optar pelo BLW deve saber que a sujidade é mais que esperada. Bebés com seis meses estão a explorar um mundo novo, por isso é necessário ter em conta que as crianças vão persistir em atirar comida ao chão. O BLW pode não ser adequado a todas as famílias visto que tem de haver disponibilidade e vontade para ajudar as crianças nesta nova etapa. No entanto, este método pode ser complementar ao método tradicional (com colher) mantendo o aleitamento materno até ao momento que a criança e a mãe desejarem. |
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Referências Bibliográficas Fangupo LJ, Heath ALM, Williams SM, Erickson Williams LW, Morison BJ, Fleming EA, et al. A Baby-Led Approach to Eating Solids and Risk of Choking. Pediatrics. 2016 Oct 1;138(4):e20160772.
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🌼 Elaborado por: Dra. Catarina Coelho Pereira 🌼 Design: Rute Santos |
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