As escavações continuam na Regio V de Pompeia No Boletim Subalterno #3, noticiamos a descoberta de ambientes mobiliados e repletos de artefatos pertencentes à chamada Domus del Larario, uma casa de classe média situada na Regio V de Pompeia. Os trabalhos nessa região continuam e novas evidências vieram à tona. Dessa vez, trata-se do mobiliário de um pequeno cômodo (cubiculum) que fazia parte de uma outra residência, vizinha da Domus del Larario. A recuperação do mobiliário foi possível graças à criação de moldes a partir de uma técnica que exige derramamento de gesso líquido nos vazios criados durante a fase de escavação. Entre os móveis recuperados encontram-se duas camas grandes equipadas com cabeceiras decoradas. Uma delas, colocada no canto nordeste do cubículo, possui cabeceira alta e apresenta uma estrutura de aproximadamente 2,20m x 1,20m. Sobre as cinzas sobreviventes, ainda são evidentes vestígios de tecido, talvez pertencente ao colchão. Um dos pés desse leito repousava sobre um calço para evitar que a estrutura balançasse. Já a outra cama, arranjada no canto sudeste do cômodo, possui dimensões semelhantes à primeira. Além disso, também contava com cabeceiras de madeira nos dois lados adjacentes à parede, mas nesse caso a decoração é mais elaborada. Diante das recentes descobertas, Dario Franceschini, ministro da Cultura na Itália, disse que “Pompeia realmente não deixa de surpreender e é um bom exemplo de que quando trabalhamos em equipe, investimos nos jovens, na pesquisa e na inovação, resultados extraordinários são alcançados". Para saber mais sobre as recentes descobertas, acesse o relatório preliminar das escavações na Regio V de Pompeia. |
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Resistência social de comunidades na Idade do Bronze Os pesquisadores Marcello Peres e Roberto Risch, da Universitat Autònoma de Barcelona (UAB), há pouco publicaram na revista Trabajos de Prehistoria um estudo sobre as transformações dos espaços sociais de comunidades localizadas na Península Ibérica no início da Idade do Bronze (2200 a 1550 a.C.). Na época, as primeiras entidades políticas estatais surgiram em regiões específicas da Europa e provocaram fortes desenvolvimentos econômicos, mas também novas e mais intensas formas de exploração social e natural. El Argar, uma das primeiras sociedades estatais da Europa, ao longo de seus 600 anos de existência impôs mecanismos de controle econômico e político em todo o Sudeste Ibérico. Após analisar a localização geográfica, extensão, duração e distribuição de vários micro-assentamentos que se formaram no entorno de El Argar, os pesquisadores concluíram que comunidades empregaram táticas para se proteger da exploração e dos conflitos decorrentes de sua expansão. Após 2300-2200 a.C., a maioria dos assentamentos tinha menos de 1.000m² e se localizava em lugares íngremes e de difícil acesso ou até mesmo fortificados. De acordo com Peres e Risch, essa mudança no padrão dos assentamentos trata-se de uma estratégia utilizada pela população local para neutralizar a expansão de El Argar. “O estabelecimento desse estilo de vida entre as comunidades vizinhas do estado de El Argar sugere o desenvolvimento de "economias de fuga", ou seja, estratégias de resistência social diante de sistemas exploradores que dependem fortemente dos recursos obtidos de suas periferias”, diz Roberto Risch. Para saber mais sobre o assunto, basta clicar neste link. |
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Grupo de estudos do GSPPA Em 16 de setembro de 2022, aconteceu a sexta reunião do grupo de estudos do GSPPA, iniciando um ciclo de debates sobre agência escrava na Antiguidade. O texto discutido é de autoria de Sara Forsdyke, Approaching Slavery in Ancient Greece: motivations, methods and definitions, capítulo de seu livro Slaves and Slavery in Ancient Greece (Cambridge University Press, 2021). Nesse livro, Forsdyke argumenta que os escravos gregos, a despeito de sua condição subalterna, ainda podiam explorar oportunidades sociais em seu benefício. O estudo dessa agência escrava, de acordo com a autora, opõe-se às visões mistificantes e normativas da Grécia Antiga e interpreta essa sociedade de maneira mais plural e dinâmica. O capítulo discutido em nossa reunião é dedicado a discussões metodológicas. Nele, a autora sublinha que a agência escrava pode ser acessada a partir da tradição textual grega, propondo uma abordagem comparativa entre a escravidão antiga e moderna como maneira de a iluminarmos. A próxima reunião acontecerá em 7 de outubro de 2022 e o texto discutido será Slaving in Space and Time, de Kostas Vlassopoulos. As inscrições para o grupo de estudos ocorrem sempre no início do ano. Para obter informações, entre em contato conosco pelo e-mail: subalternos@usp.br |
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Cerveja e Cervejeiros no Mediterrâneo Antigo Na sexta-feira, 7 de outubro, às 23h, acontece a palestra online e gratuita Ancient & Early Medieval Beer and Brewers, de Sarah E Bond (Universidade de Iowa). Nesse evento, organizado pelo Chau Chak Wing Museum, novo museu de arte, história, ciência e culturas da Universidade de Sydney, Sarah Bond examina uma bebida que nos conecta no tempo e no espaço: a cerveja. A partir de evidências textuais, arqueológicas e epigráficas, serão abordados os vários tipos da bebida propriamente dita, bem como aspectos de sua produção por parte de homens e mulheres no Mediterrâneo antigo, com foco particular no Império Romano. Para mais informações, basta clicar neste link. |
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Mulheres que traduzem Clássicos Na quarta-feira, 26 de outubro, o V simpósio Mulheres que traduzem reunirá tradutoras de textos clássicos da Antiguidade visando à problematização da presença da mulher no mercado editorial brasileiro. No campo dos Estudos Clássicos, constata-se a urgência de fomentar maior participação de pesquisadoras na atividade de tradução de textos em latim e em grego antigo. Trata-se de disponibilizar às comunidades acadêmica e não acadêmica uma ótica diferente e renovada sobre o patrimônio textual da Antiguidade, transmitido há tantos séculos sob uma perspectiva predominantemente patriarcal, branca e colonial. Para mais informações, acesse as páginas da web do Laboratório de Estudos Clássicos (LEC) da Universidade Federal Fluminense (UFF). |
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Public Opinion and Politics in the Late Roman Republic (Cambridge, Cambridge University Press, 2017, xii+270 páginas), de Cristina Rosillo-López, trata dos mecanismos de funcionamento da opinião pública na República Romana Tardia como parte da política informal. Emerge do estudo um conceito de participação política do povo que não é mais restrita às eleições ou à participação nas assembleias. |
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Em Defesa de Milão (Archeditora, 2021, 216 páginas), traduzido do original latino para o português brasileiro por Marlene Borges, em edição bilíngue, é um discurso proferido por Cícero em favor de Milão, um candidato a cônsul exilado por assassinar Públio Clódio, o mais radical dos políticos populares no último século da República Romana. A edição inclui a tradução de um comentário de Ascônio que se contrapõe à retórica de Cícero, permitindo-nos discutir a comoção e as revoltas populares desencadeadas pelo evento na cidade de Roma. |
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Boletim Subalterno; terça-feira, 4 de outubro de 2022; ano 1; nº 7; escrito por Giovan do Nascimento, Julio Cesar Magalhães de Oliveira e Marcio Monteneri. |
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