Por G1


Moradores de Pemba, em Moçambique, atravessam uma via inundada nesta segunda (29), após a passagem do ciclone Kenneth. — Foto: Mike Hutchings/Reuters

O ciclone Kenneth, que atingiu a costa de Moçambique na quinta-feira (25), já deixou 38 mortos, e afetou mais de 168 mil pessoas, afirmou nesta segunda (29) o instituto de gestão de desastres do país, segundo a Reuters. O levantamento anterior havia indicado que cinco pessoas haviam morrido por causa do ciclone, que provocou tempestades e rajadas de vento de até 280km/h.

Chega a 38 número de mortos na passagem pelo ciclone Kenneth, em Moçambique

Chega a 38 número de mortos na passagem pelo ciclone Kenneth, em Moçambique

A velocidade do vento, maior que a do Idai, que chegou a Moçambique em março, causou acúmulo de chuva de 100 a 150 mm em 24 horas.

Ciclone Kenneth — Foto: Rodrigo Sanches/G1

A maior parte do estrago foi na cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, no nordeste do país, a cerca de 2,5 mil km da capital, Maputo.

Voos de ajuda humanitária não puderam decolar, pela segunda vez nesta segunda-feira (29), por causa das fortes chuvas, deixando isoladas as comunidades em áreas remotas, que estão com poucos suprimentos depois da passagem do Kenneth.

Ciclone atingiu principalmente a cidade de Pemba, no nordeste de Moçambique. — Foto: Juliane Monteiro/Arte G1

Um homem conduz moradores através de uma via inundada em Pemba, Moçambique, nesta segunda (29). — Foto: Mike Hutchings/Reuters

Equipes de resgate conseguiram mandar um helicóptero, durante uma breve pausa nas chuvas, para a ilha de Ibo, onde a tempestade destruiu centenas de casas. Mas, no final da manhã de segunda (29), a chuva recomeçou, e as condições ficaram perigosas demais para que outro voo decolasse, segundo a Reuters.

Equipe de resgate passa por casas submersas em um bairro inundado depois da passagem do ciclone Kenneth, em Pemba, Moçambique, neste domingo (28). — Foto: Mike Hutchings/Reuters

"Infelizmente, as condições climáticas estão mudando muito rápido e ameaçando a operação", disse Saviano Abreu, porta-voz do braço humanitário das Nações Unidas, o OCHA.

As estradas para os distritos rurais mais ao norte foram inundadas pela água e ficaram intransitáveis após chuvas torrenciais no domingo (28). Mas a escala das inundações em distritos mais remotos ainda não é completamente conhecida, diz a Reuters.

Na cidade de Pemba, pelo menos, a água começou a recuar, afirma Abreu. Em alguns bairros, a água ainda estava na cintura, e pessoas atravessavam áreas inundadas carregando pertences na cabeça.

Um homem caminha por uma via inundada depois da passagem do ciclone Kenneth, na cidade de Pemba, em Moçambique, nesta segunda (29). — Foto: Mike Hutchings/Reuters

Antes de chegar a Moçambique, o Kenneth atingiu a ilha de Comores, onde quatro pessoas morreram, segundo a ONU. A entidade informou que liberou US$ 13 milhões (cerca de R$ 51 milhões) em fundos de emergência aos dois países para custear água, comida, e reparos.

No sábado (27), o ciclone, já rebaixado a uma depressão tropical, foi "bloqueado" na província de Cabo Delgado, onde deve permanecer por "pelo menos dois dias", de acordo com o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).

Homem ajuda uma mulher através de uma vizinhança inundada depois da passagem do ciclone Kenneth, na cidade de Pemba, em Moçambique, neste domingo (28). — Foto: Mike Hutchings/Reuters

Ainda assim, a ONU estima que 600 mm de chuva caiam na região nos próximos 10 dias — esse volume é duas vezes maior do que atingiu a cidade da Beira após a passagem do ciclone Idai em março. Segundo a organização, foi a primeira vez na história que se registrou a passagem de dois ciclones pelo país em uma única temporada.

Ciclone Idai

Homem procura por vítimas em destroços de milharal em Moçambique, após passagem do ciclone Idai — Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP Photo

O ciclone é o segundo que atinge Moçambique em menos de dois meses. O Idai, que chegou à costa do país em 14 de março, deixou mais de 600 mortos no país, ultrapassando mil em toda a região — Malaui e Zimbábue também foram atingidos. 700 mil hectares de plantações foram destruídos.

A região da cidade moçambicana da Beira, a segunda maior do país, foi a mais atingida pelos ventos e pelas severas inundações. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas.

Criança recebe tratamento para cólera em centro da OMS, na cidade de Beira, em Moçambique — Foto: Tsvangirayi Mukwazhi/AP

Segundo a agência Associated Press, o número de vítimas deve aumentar. As autoridades não descartam que não se chegue a um número total de mortos definitivo.

O Idai foi considerado a pior tempestade tropical a atingir a região nas últimas décadas. Nesse momento, Moçambique ainda enfrenta uma epidemia de cólera. Até 10 abril, foram registrados mais 4 mil casos da doença, que é transmitida pela contaminação de água e alimentos por uma bactéria.

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