Novas descobertas em Éfeso Durante escavações realizadas em Éfeso (Turquia), arqueólogos da Österreichische Akademie der Wissenschaften (ÖAW) descobriram um antigo distrito comercial e gastronômico datado do início do período bizantino. Estabelecimentos comerciais foram construídos sobre um antigo espaço público da era romana, a chamada Praça de Domiciano. Os arqueólogos sugerem que as salas escavadas funcionavam como uma cozinha, uma despensa, uma oficina, uma taberna e uma loja que vendia lamparinas e lembranças para peregrinos. Artefatos encontrados no local foram selados por uma espessa camada queimada e assim preservados para a posteridade. No local, o grupo de escavação encontrou inúmeras peças de louça, incluindo tigelas com restos de frutos do mar, ânforas com vestígios de cavalinha salgada, além de caroços de pêssegos, amêndoas, azeitonas, ervilhas e legumes. A área, ao que parece, foi subitamente destruída em 614/615 d.C., como sugerem moedas encontradas no local. As escavações fazem parte de um projeto de pesquisa dedicado ao estudo das mudanças na cidade entre o período imperial romano e a Antiguidade Tardia. Para saber mais sobre o assunto, leia a matéria Ephesos: more than 1,400-year-old area of the city discovered under a burnt layer, disponível no site da Academia Austríaca de Ciências. Leia também o artigo Researchers Uncover an Early Byzantine Business and Gastronomy District at Ancient Ephesos, publicado pela revista Heritage Daily. |
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Escravos e libertos em Pompeia Em palestra realizada no mês de setembro deste ano no Museu Britânico, Gabriel Zuchtriegel, diretor do parque arqueológico de Pompeia, falou sobre um quarto de escravos e uma tumba de um liberto, descobertos no final do ano passado. Na primeira parte da palestra, Zuchtriegel falou sobre um cômodo modesto, desprovido de decoração e iluminado apenas por uma pequena janela, que fazia parte de uma propriedade suburbana (villa) localizada em uma área conhecida como Civita Giuliana, situada ao norte de Pompeia. Três camas simples, um penico, um baú cheio de tecidos e objetos metálicos, ânforas, entre outros objetos, foram encontrados no interior do recinto. Para Zuchtriegel o espaço possivelmente abrigava um pequeno grupo de escravos - talvez uma família - que trabalhava na villa. Já na segunda parte da palestra, Zuchtriegel se concentrou na tumba escavada na necrópole de Porta Sarno. Trata-se do túmulo de um liberto chamado Marco Venério Secúndio, o qual alcançou um certo status social e econômico. De acordo com uma inscrição deixada no frontão do túmulo, Venério Secúndio foi funcionário do templo de Vênus, membro dos Augustales e ofereceu sozinho espetáculos gregos e latinos por quatro dias. O fato desse liberto ter sido mumificado chama atenção. Comumente, o corpo do morto era cremado e as cinzas enterradas dentro de uma ânfora. Para Zuchtriegel, Venério desejava mesmo na morte se apresentar como cidadão romano copiando a família imperial. Assim como ele patrocinou espetáculos em vida, sua mumificação pode ter sido inspirada na da esposa do Imperador Nero, Popeia Sabina, que visitou o templo de Vênus por volta de 64 d.C. e cujo corpo foi embalsamado e colocado no Mausoléu de Augusto no ano 65 d.C. Para saber mais sobre o assunto, leia a matéria Freedmen and slaves in Pompeii: new discoveries, de Ffion Shute. |
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Reunião do GSPPA Em 07 de outubro de 2022, aconteceu a sexta reunião do grupo de estudos do GSPPA. O texto discutido é de autoria de Kostas Vlassopoulos, A Gramscian approach to ancient slavery, publicado no livro Antonio Gramsci and the Ancient World (ed. Zucchetti, E.; Cimino, A., Routledge, 2021, p. 101-123). Nesse capítulo, Vlassopoulos demonstra como conceitos gramscianos, a exemplo da dupla-consciência das classes subalternas, auxiliam-nos a interpretar as maneiras contraditórias como os escravos antigos pensavam e agiam. O autor parte do pressuposto historiográfico de que os escravos antigos não desenvolveram uma consciência revolucionária anti-escravidão. Mesmo assim, opõe-se a estudiosos que consideram esse grupo social como vítimas passivas de suas condições, argumentando que a inexistência dessa consciência não significa que eles não atuavam em benefício próprio. A próxima reunião acontecerá em 4 de novembro de 2022 e o texto discutido será Slaving in Space and Time, de Kostas Vlassopoulos. As inscrições para o grupo de estudos ocorrem sempre no início do ano. Para obter informações, entre em contato conosco pelo e-mail: subalternos@usp |
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Religiões da Antiguidade Tardia O Religions of Late Antiquity Seminar congrega estudantes de pós-graduação, estudiosos e acadêmicos visitantes da Faculdade de Divindade (Universidade de Cambridge) interessados em religiões da Antiguidade Tardia (cristianismo, judaísmo, cultos do mundo greco-romano e do oriente próximo) e suas interações. O evento ocorre às segundas-feiras e vai até 22 de maio de 2023. O tema da atual edição é "Atos de Desaparecimento: mulheres, crianças, escravizados e outros sujeitos invisíveis nas religiões da Antiguidade Tardia". Seminários como o de Lucy Grig (Seeking subaltern agency in the religious history of late antiquity) são presenciais e acontecerão na Sala Lightfoot, Faculdade Divindade, mas interessados podem solicitar um link para participar online. Outros seminários, como o de Chris de Wet (Retrieving enslaved subjects in early Christian literature: the case of John Chrysostom) serão realizados exclusivamente via zoom. Envie um e-mail para Sophie Lunn-Rockliffe para obter detalhes de login no zoom. Acesse a programação completa e outras informações importantes clicando neste link. |
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Political Conversations in Late Republican Rome (Oxford University Press, 2022), de Cristina Rosillo-López, trata das conversas políticas fora dos ambientes institucionais da República Romana a partir de Cícero e de outros escritores antigos. A autora investiga as formas como informações e opiniões são obtidas e discutidas fora dos ambientes oficiais da política e, também, como grupos subalternos, a exemplo dos libertos, entram e circulam nos meios senatoriais para fazer reivindicações. |
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Freed Slaves and Roman Imperial Culture: Social Integration and the Transformation of Values (New York, Cambridge University Press, 2018), de Rose MacLean, trata das estratégias empregadas por libertos para mover-se socialmente e como as elites reagem e se adaptam a essas estratégias. A autora contrapõe os vieses elitistas das fontes literárias às perspectivas das fontes epigráficas produzidas por libertos, discute os libertos em suas interações diárias com escravos e livres e, por fim, analisa a manumissão do ponto de vista dos próprios libertos. |
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Boletim Subalterno; terça-feira, 1 de novembro de 2022; ano 1; nº 9; escrito por Giovan do Nascimento, Julio Cesar Magalhães de Oliveira e Marcio Monteneri. |
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