Primeiro-ministro da Albânia disse que o país está "mais do que pronto" para iniciar negociações de adesão à UE.
Em entrevista à euronews, o primeiro-ministro da Albânia, o pró-europeu Edi Rama, considera que o país está "mais do que pronto" para iniciar negociações de adesão à União Europeia.
euronews: "A candidatura da Albânia à União Europeia poderá dar um passo em frente em breve durante a primeira conferência sobre o início das negociações que reúne a Albânia e países da União Europeia. É um passo importante?”
Edi Rama: “É muito difícil dizê-lo, é muito difícil porque já tivemos que dar esse passo há alguns anos atrás e depois voltámos a fazê-lo uma e outra vez. Não aconteceu nada por causa dinâmica interna do Conselho Europeu mas espero que desta vez aconteça, mas não é fácil”.
euronews: “O que planeia fazer se as negociações pararem novamente?”
Edi Rama: “Não planeamos nada mais do que continuar a trabalhar nesse sentido, porque para nós a Europa não é um destino ou um objetivo político, a Europa é uma religião e ninguém pode trair essa religião na Albânia pelo simples fato de que a Europa é um testamento. Ao mesmo tempo é algo que devemos aos nossos filhos. Por isso, vamos apenas continuar a trabalhar cada vez mais para que a Albânia se torne num Estado europeu capaz de funcionar plenamente ".
euronews: “Integrar a Albânia na União Europeia é desde o início a sua principal promessa política. Tendo em conta que já passaram muitos anos, qual é o significado hoje para a Albânia da adesão à União Europeia?”
Edi Rama: “Significa o mesmo que significou no primeiro dia. Os albaneses nunca se cansam de lutar por fazer parte da Europa. É claro que houve decepções. E a Europa não cumpriu as suas próprias promessas. Fizemos o nosso trabalho de casa e continuaremos a fazê-lo porque, como disse, para nós, a Europa continua a representar o que representou no dia em que caiu o comunismo. É a primeira vez na história que podemos escolher. Nunca tivemos escolha. Outros decidiram por nós e pertencemos a difrentes espaços mas não ao espaço a que sempre quisemos pertencer que é a União Europeia”.
euronews: “Com o processo de adesão à UE a demorar mais do que o esperado, os Balcãs Ocidentais parecem ter-se tornado num campo de batalha para potências externas. Qual é a sua opinião e qual é a posição da Albânia sobre isso?"
Edi Rama: “Por não estarem totalmente integrados na União Europeia, os Balcãs Ocidentais continuam a ser uma zona cinzenta que atrai e oferece oportunidades a outros atores, países terceiros que não têm a mesma atitude benigna e os mesmos valores e princípios que a União Europeia. Para a Albânia não vejo qualquer perigo imediato porque os albaneses são fanáticos em relação ao Ocidente e à União Europeia. Há outros países que devem lidar mais com as influências de outros países ”.
euronews: “Nos últimos anos, a Albânia passou por grandes mudanças constitucionais em relação à luta contra a corrupção e à implementação de reformas. A situação melhorou, mas não é suficiente. Que progressos a Albânia em particular em termos de Estado de Direito?
Edi Rama: “Há uma grande diferença entre tornar-se membro da União Europeia e iniciar plenamente as negociações porque, atualmente, não estamos prontos para ser membros. Mas, hoje, estamos mais do que prontos para iniciar plenamente as negociações. E neste ponto estamos perante uma contradição em que a Europa tem vistas curtas e, de alguma forma, é, até, hipócrita, porque a Albânia merece iniciar plenamente as negociações. Ponto final”.
euronews: “Esse progresso que acabou de mencionar ajudou-o a ser reeleito?"
Edi Rama: “Penso que o povo da Albânia tem uma noção clara de que o trabalho não está concluído. O terceiro mandato é um mandato claro para terminar esse trabalho. Não é a recompensa por um trabalho já concluído”.
euronews: ”Gostaria de abordar o processo de alargamento europeu aos Balcãs Ocidentais. Qual é a sua posição em relação ao documento não oficial que circula em Bruxelas que propõe uma redefinição das fronteiras nos Balcãs Ocidentais? O presidente da Macedónia do Norte afirmou que seria catastrófico.”
Edi Rama: ”A minha opinião é muito simples. Enquanto nós e quando digo "nós", refiro-me a todos os atores: a União Europeia, os Estados Unidos, os países da região não enfrentarmos o status quo com uma abordagem muito aberta e clara, surgirão frustrações e ideias ridículas ou estranhas, porque o status quo não é uma opção. Embora tenhamos divergências profundas que têm de ser resolvidas, temos que concordar em discordar, e, ao mesmo tempo, fazer pressão para fortalecer a nossa cooperação para criar na região um espaço Schengen em pleno funcionamento com a implementação das quatro liberdades de circulação da União Europeia".