A Primavera, na Casa. A décima primeira carta da Maria

(Junho 2022)

O Mistério dos Mistérios: O Portal para toda a compreensão. Lao Tsu

Queridos amigos,

 

Tenho estado silênciosa, porque a jornada tem sido interior. E agora, é o fim da Primavera, o início do Verão. Os dias são luminosos e claros, quase sempre, mas também chuvosos, porque estou em Londres, e chove bastante. Mas sim, no geral dias longos e cheios de luz, particularmente na Escócia, onde estive, e onde os dias eram longos, até ao cair da noite, pelas 11 horas. E depois noite, e com a noite escuridão. Nesses dias, na escuridão, na companhia de amigos, acendiamos uma lanterna para penetrar a noite quente, e assim encontrar o caminho de volta a residência onde estávamos.

 

Mas tudo isto foi há vinte dias atraz.

 

Agora, estou aqui, num Jardim, em Londres, Gunnersbury Park, sentada no Conservatório. Daqui, vejo um rapazinho, uma jovem alma chegando ao planeta, brincando com o seu pai. Os dois, "conduzem" pequenos comboios e carros, pela baulastrada do terraço.

E recordo a casa, novamente.  

Visitei a mesma, para frequentar um curso, algumas semanas atraz. E mais uma vez, tive a experiencia de sentir a casa viva, de como uma casa é viva. Era um fim de semana sobre poesia e ecologia. A "poesis" de criar um ser, que nunca existiu antes. Que bonito que foi, poder realizar isto naquela casa tão especial, que parece estar mais viva do que eu.  Porque a casa lembra-se, sempre. E esse pensamento, lembra em mim, o que eu sou, e no entanto, continuo a esquecer. Acorda em mim, novamente, a subtil e silênciosa substância, da alma.

Naquele fim de semana, encontrámo-nos na sala grande, o "Mead Hall" para ouvir e conversar sobre ecologia, e sobre a poesia do nosso tempo. E sobre a verdade, o tema do curso, que todos estivemos a fazer, virtualmente, nos passados 9 meses. O curso chama-se “A verdade é uma, mas os sabedores, falam dela de maneiras diferentes." Nele, estudámos nos passados meses, diferentes tradições, explorando a união, e o mistério.

No Mead Hall, estamos agora todos reunidos, fisicamente. É especial ouvir as palavras de Benjamin Zephaniah recitados por uma voz humana ressoando livremente no espaço partilhado por todos, físicamente:

 

Um rumor diz que Jesus  (Que paz exista sobre ele)

Krishna (Que paz exista sobre ele)

Mohammed  (Que paz exista sobre ele)

Harriet Tubman (Que paz exista sobre ela)

Yim Wing Chun (Que paz exista sobre ela)

Amina (Que paz exista sobre ela)

Todos vieram.

Um rumor diz

que os nossos destinos

(um rumor diz)

são o mesmo.
 

E agora estou aqui, em Londres, e é Junho, mas também estou lá, naquela sala, onde um elegante candeeiro está sempre ligado, como o canal do ser, o Eu sou, o pilar interior ligando-nos com algo que nos ultrapassa.

 

O candeeiro transmite uma luz suave, que está sempre presente, nutrindo-nos, protegendo-nos. É a luz da presença, que dá paz.

A casa resultou do esforço dum grupo de pessoas nos anos setentas, e do guiar dum homem sabedor. Na biblioteca, sentimos a sua presença. Quando visito a mesma, na sua entrada, vejo uma lança e bengala como moldura dum espelho que reflecte a minha face. Desta vez, reparo num lvro com versos escritos por

Ibn Arabi. Nascido na Andalucia, Ibn Arabi estudou em Lisboa,  depois em Sevilla, em rapaz.  E escreveu:  

 

“Eu sigo a religião do Amor:  qualquer que seja a direcção que os camelos do amor tomam, essa é a que eu sigo, essa é a minha religião, e a minha fé.”
 

Mas o que é o Amor?

 

Durante o fim de semana, no serão de Sábado, quando estavamos todos reunidos, no Mead Hall, o meu colega alto, Australiano, perguntou: “Mas o que é o Amor?” O silêncio sentiu-se na sala, seguido duma conversa viva, animada. Agradeci-lhe, no dia seguinte. De volta a Londres, no comboio, escrevi a questão no meu livro de esboços em letras grandes. E deixei as palavras fluir. Em português:

 

“Eu escuto o silêncio desde a pausa” escrevi.

 

E depois:

“O amor consume tudo”. 

E depois,  “as palavras fogem-me quando quero explicar o amor.”

Mas nessa noite, a noite da questão essencial, conversámos, praticámos o verbo. E a dança das palavras atravessando os corpos, foram expressadas, de uns para os outros. Estou a lembrar-me de um de nós respondendo ao meu colega como a conversa, era exactamente, e também, a resposta á sua pergunta, pois era a prática, e o processo... do amor. 

 

Mas claro, as palavras atraiçoam-me, quando não são as minhas. Aprendi isto uma e outra vez, também naquela casa, que nos lembra a verdade, e onde todos nos dão preciosos presentes para saborear, que permitem o crescimento, a sabedoria. Não são sempre agradáveis, doces, mas replectos de vivacidade, de medicina, iluminando os espaços do mistério, no nosso ser.

 

Também com a minha idosa amiga, que vive na casa da floresta, perto da casa grande, e que provávelmente não se lembra do meu nome, mas que gentilmente me guiou, quando eu estava a usar palavras que não me pertenciam. Ela não falou de amor, ela era amor, tomando a forma duma senhora de cabelos brancos, vindo almoçar. Ela tocou na minha face ternamente, e abraçou-me. Contou-me como tem estado a plantar novamente o jardim da floresta, que eu visitei. E disse-me: há mais do que isso, Maria, do que a com-paixão. Ela fala brevemente, em frases curtas, como se estivesse a recitar poemas Haiku.

 

O verbo 

 

“ A palavra é revelada e depois transforma-se em realidade, é manifesta.” diz Orland Bishop. 

 

Quando visitei a casa pela primeira vez, dormi um quarto que desenhei. Na cabeceira da minha cama, tinha uma pequena pintura, com uma palavra desenhada numa caligrafia,  que não conseguia decifrar. Mostrei o caderno de desenhos ao meu amigo, e este, que sabe Persa, sorriu, apontando para o desenho. A palavra, disse-me ele, queria dizer: Deus.

 

Adeus.

 

Com amor,

 

Maria

ACTIVIDADES

Residência Artística em Mêda, parte do projecto ViViFiCAR

 

Vou participar numa residência de 6 semanas entre Julho e Setembro em Mêda, Portugal, organizada por ciclo art. Abraçando as ideias de «animar», «viver» e «ficar» Vivificar procura respostas criativas para o desafio da fixação populacional em quatro municípios de baixa densidade no Douro, baseadas na construção de diálogos com as comunidades e no aprofundamento de perspetivas sobre os contextos socioeconómicos, ecológicos e culturais dos territórios em questão.

 

Vivificar é um projeto imersivo e transdisciplinar que se articula entre a fotografia, os novos média e a arquitetura para promover encontros entre artistas durienses, nacionais e noruegueses com as comunidades locais a partir de estratégias participativas de criação e exposição de obras de arte community-specific. Organizado por ciclo art.

 

https://vivificar.pt/

 

 

 

Quando a alma desenha:  a arvore, o rio, a árvore, o labirinto

 

Usando o desenho, este workshop de 8 sessões explora o tema da árvore, da casa, do rio, do labirinto, como formas de explorar histórias, biografias, esperanças e sonhos. O tema é a criatividade como ferramenta holística, para maior desenvolvimento pessoal e espiritual e contacto com a alma. 

 

Com a árvore  - exploramos os nossos antepassados, as nossas constelações familiares. 

 

Com o rio - exploramos o rio das nossas vidas até agora, essas águas que nos fizeram ...  o nosso passado, levando-nos ao futuro.

 

Com a casa  - exploramos e expandimos o Eu, a nossa casa.

 

Com o labirínto - exploramos o caminho, o movimento para o futuro, tendo sempre em conta que há um centro, e que o futuro, é o encontro desse centro. Que nos protege. Qual é esse propósito mais profundo, deste nosso caminho ?  Exploramos também a unidade. Mais informação aqui.

 

Mais informação aqui:

 

https://www.marialusitano.org/drawing-river-tree-labyrinth-home

 

Formas de silencio, Workshop organizado por escola Nómada, um projecto de Marta Wengorovius(um, dois e muitos)

 

Sáb e Dom 13 e 14 ago, 11h às 13h / 16h às 18h
Serra da Arrábida, uma colaboração com Marta Wengorovius, Jonathan Stone, Maria Lusitano, explorando o silêncio, na Serra.

Meditation group every week day


Meditation daily at 7 PM, keeps going. You just need to press this link: 


Join Zoom Meeting

https://us04web.zoom.us/j/77078539730?pwd=OWhZUHJSMzdqRFVOL3U4T0pYdm1uQT09

Meeting ID: 770 7853 9730

Password: 6BjjB9

 

 

O circulo dos sonhos, as segundas feiras as  2 da tarde

Pausa para o verão, resume no Outono. Manda mensagem para participares.

 

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