Infeções sexualmente transmissíveis

 

Como o nome indica, as infeções sexualmente transmissíveis (IST) são transmitidas durante as relações sexuais (sexo vaginal, oral ou anal). Podem ser provocadas por bactérias, vírus e parasitas presentes no sangue, sémen e outros líquidos corporais ou à superfície, na pele e mucosas da zona genital - algumas podem ser transmitidas mesmo sem penetração, apenas pelo contacto pele com pele (herpes, molusco). A transmissão dá-se com mais facilidade se não for usada proteção (preservativo), à medida que aumenta o número de parceiros sexuais e se já tiver havido diagnóstico prévio de uma IST (ou seja, ter uma IST facilita o aparecimento de outra). Qualquer pessoa com vida sexual ativa pode vir a contrair uma IST!

 

Podem manifestar-se de diferentes formas: secreções anormais (vagina, pénis ou ânus); picadas, sensação de queimadura, comichão genital; ardor ao urinar; úlceras, verrugas ou bolhas na região genital; dor nas relações sexuais; dores pélvicas. Outras vezes, provocam sintomas gerais, como por exemplo a hepatite ou a SIDA. Estes sintomas podem aparecer logo após a relação sexual, ou demorar semanas a meses. A sua transmissão pode ocorrer mesmo que a pessoa infetada se sinta saudável e sem sintomas!

A longo prazo, e se não forem corretamente tratadas, as IST podem levar a problemas de saúde mais graves - cancros (colo útero, pénis, ânus), doença inflamatória pélvica (DIP), infertilidade, orquite/epididimite, aborto, malformações fetais, parto prematuro, doença no recém-nascido. 

 

Os jovens têm maior risco de contrair IST por serem mais suscetíveis, terem frequentemente mais parceiros sexuais e nem sempre usarem preservativo, e por terem mais dificuldade em aceder aos serviços de saúde - por vergonha, desconhecimento, falta de meios para pagarem as consultas/exames ou por virem acompanhados pelos pais.

Na maior parte dos casos, as IST têm tratamento, desde que correta e atempadamente diagnosticadas. O tratamento deve ser efetuado tal como recomendado, na sua duração total, uma vez que os sintomas podem desaparecer antes da infeção estar curada. No entanto, para algumas IST ainda não há cura, apenas tratamentos que reduzem a frequência e a gravidade dos sintomas, é o caso dos herpes genital, verrugas genitais e VIH.

 

Vamos, então, passar brevemente em revista as IST mais conhecidas:

 

VIH/SIDA

O Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) destrói o sistema imunitário, diminuindo as defesas contra outras infeções, e leva ao desenvolvimento de SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Por se encontrar principalmente no sangue, sémen e líquido pré-ejaculatório, fluidos vaginais e também no leite materno, este vírus transmite-se quando estes fluidos entram diretamente em contacto com outra pessoa pela via sexual e/ou sanguínea, ou durante a amamentação.

A infeção por VIH está associada a práticas sexuais desprotegidas e a partilha de objetos que possam conter sangue (agulhas e seringas, lâminas, entre outros), pelo que é importante evitar contactos de risco - o uso de preservativo e evitar a partilha deste tipo de objetos é mandatório!

Quando ocorrem contactos de risco, é importante fazer um teste rápido para rastreio. Este só deve ser realizado 3 meses após o contacto, e deve ser sempre confirmado em caso de reatividade. Atualmente, já há testes que permitem fazer diagnósticos mais cedo, entre o 12º e o 28º dia após o contacto de risco.

Embora não haja cura, já há tratamentos que evitam a evolução para SIDA, diminuindo a carga viral e permitindo aos infetados ter uma vida longa e com qualidade. Há também possibilidade de fazer profilaxia pré ou pós exposição, que diminui a probabilidade de vir a contrair esta doença em caso de contacto de risco.

Em caso de dúvidas, está disponível a linha Sexualidade em Linha (800 222 003).

 

Vírus do Papiloma Humano (HPV

O HPV infecta a pele e algumas mucosas, originando lesões em vários locais do corpo. É uma das IST mais comuns, sobretudo nos/as adolescentes, e atinge ambos os sexos.

Há vários tipos de HPV, que se dividem em 2 grandes grupos - de alto e baixo risco. Estão associados a diferentes doenças: verrugas da pele e genitais; cancro do pénis, do colo do útero e do ânus e canal anal. Pela multiplicidade de apresentações, o diagnóstico varia - algumas vezes são detetadas pela presença de verrugas, outras pela pesquisa de material viral/células alteradas, como se faz no rastreio do cancro do colo do útero.

O uso do preservativo masculino/feminino dá alguma proteção, mas não previne completamente a transmissão. É assim importante a vacinação, atualmente incluída no Programa Nacional Vacinação para crianças com 10 anos.

 

Clamídia e Gonorreia

Estas duas infeções são frequentemente diagnosticadas em conjunto.

A clamídia é provocada pela bactéria Chlamydia trachomatis que pode localizar-se na boca, pénis, vagina ou ânus. Pode infecta ambos os sexos em qualquer idade, mas é mais frequente nos jovens.

A gonorreia é provocada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, que pode infetar a uretra, o colo do útero, o ânus e a orofaringe. Transmitem-se principalmente pelas relações sexuais desprotegidas (sexo vaginal, oral e anal), e podem infetar o recém-nascido durante o parto, causando conjuntivite.

Na maior parte dos casos, estas são infeções assintomáticas, no entanto a transmissibilidade mantém-se. Quando surgem, os sintomas podem ser:

  • Nas mulheres os sintomas são mais raros, mas pode surgir corrimento vaginal, hemorragia vaginal intermenstrual ou após as relações sexuais, dor abdominal, dor na relação sexual, dor ou ardor a urinar, náuseas e febre. Pode levar a complicações graves: endometrite, salpingite, doença inflamatória pélvica (DIP), infertilidade e gravidez ectópica;
  • Os homens têm sintomas mais frequentemente, entre eles corrimento uretral, dor ou ardor ao urinar, dor ou desconforto testicular, inchaço do escroto, comichão na uretra. Pode surgir prostatite ou epididimite;
  • Em ambos os sexos, pode surgir proctite com inflamação, dor e/ou exsudado anal, sangramento, feridas e dificuldade em evacuar.

 

Estas infeções devem ser sempre rastreadas em conjunto, associando ainda VIH e sífilis - a presença de uma IST potencia a infeção por outras (coinfecção). Este rastreio deve ser realizado anualmente quando há múltiplos parceiros ou parceiros ocasionais.

O tratamento é simples e eficaz, com recurso a antibióticos, e deve ser feito também ao parceiro sexual. Deverá haver abstinência sexual durante o mesmo.

O uso de preservativo é eficaz na sua prevenção - deve ser usado de forma sistemática e correta em todas as práticas sexuais (sexo vaginal, oral e anal).

 

Sífilis

Esta IST é provocada pela bactéria Treponema pallidum, que se transmite através de relações sexuais desprotegidas ou durante a gravidez.

Desenvolve-se em várias fases, bem estabelecidas:

  • Sífilis primária: inicialmente surge uma ferida na região genital, oral ou anal, que dura cerca de 3 a 6 semanas, e desaparece espontaneamente;
  • Sífilis secundária: 1 a 6 meses depois, podem desenvolver- se manchas na pele, rouquidão, queda de cabelo, gânglios aumentados no pescoço e axilas - sintomas que podem durar até 3 meses, e depois desaparecer;
  • Sífilis latente: fase assintomática, que pode durar de 2 a 30 anos;
  • Sífilis terciária: reaparecimento de sintomas, com lesões mais graves em vários órgãos, como o cérebro e o coração.

É importante lembrar que mesmo sem sintomas, a doença continua a ser transmitida aos parceiros, e que a mesma pessoa se pode reinfectar várias vezes ao longo da vida.

O diagnóstico faz-se através de exames sanguíneos e o tratamento é simples, com antibiótico, sendo importante fazer exames de controlo para aferir a resposta ao mesmo.

 

Hepatite B

A Hepatite B é uma infeção viral que pode causar hepatite aguda ou crónica. Transmite-se por fluidos genitais (esperma e secreções vaginais), corporais (sangue, urina e saliva) e pelo leite materno. Está associada a um grande risco de morte por cirrose e cancro do fígado, que surgem anos após a infeção; no entanto, a maior parte dos adultos saudáveis infetados conseguem eliminar o vírus num período de 6 meses.

Aquando da infeção em fase aguda, podem não haver sintomas ou haver apenas sintomas do tipo síndrome gripal, associado a icterícia (pele amarela).

Uma vez que ainda não há cura para esta infeção, o melhor é preveni-la: vacinando-se e evitando comportamentos de risco.

 

Herpes genital

Causado pelo vírus Herpes simplex, esta é uma infeção assintomática na maior parte das vezes. No entanto, podem desenvolver-se vesículas dolorosas na região genital e perianal, que podem ressurgir várias vezes ao longo da vida, sempre na mesma localização, embora com menos gravidade.

Transmite-se pelo contacto direto com pele com lesões. Assim, a melhor forma de prevenir a sua infeção é evitando o contacto quando há lesões herpéticas (risco de contágio maior) e utilizando o preservativo (embora este não consiga cobrir a totalidade da área infetada).Quando são detetadas lesões ativas durante o parto, é necessário recorrer à cesariana de modo a evitar a infeção do bebé.

Não há cura, no entanto o recurso a agentes antivirais pode diminuir a duração e gravidade do surto, devendo estes ser iniciados o mais precocemente possível.

 

Tricomoníase

Causada pelo parasita Trichomonas vaginalis, é uma das IST mais comuns.

Esta infeção pode ser assintomática, mas podem também surgir os seguintes sintomas:

  • Na mulher: corrimento com odor forte e cor alterada, comichão à volta da vagina, hemorragia associada às relações sexuais, inchaço nas virilhas, maior frequência de micção e ardor ao urinar;
  • No homem: corrimento uretral e irritação do pénis, maior frequência de micção e ardor ao urinar.

Embora tenha tratamento, o melhor é mesmo prevenir através da utilização do preservativo em todas as relações sexuais.

 

Pediculose púbica

Esta é causada pela infestação por Phthirus pubis, vulgarmente conhecidos por chatos. Estes parasitas vivem nos pelos púbicos e das coxas, mas podem espalhar-se por outros sítios, com exceção do couro cabeludo. Causam irritação cutânea e bastante comichão. Transmitem-se por contacto direto ou através da utilização de roupa ou outros têxteis infetados.

O tratamento é feito com recurso a medicamentos tópicos, e deve ser bastante exaustivo, retirando-se não só os parasitas adultos como também as lêndeas, sem esquecer o tratamento das roupas. Os parceiros sexuais dos últimos 3 meses devem também ser observados e tratados se necessário.

O uso do preservativo não previne esta infeção, pelo que se devem evitar contactos sexuais até se terminar o tratamento.

 

Escabiose

A escabiose é provocada pelo ácaro Sarcoptes scabiei var. Hominis, que se propaga através do contacto íntimo ou de roupas/têxteis. Provocam pequenas lesões muito pruriginosas, principalmente à noite, que podem depois levar a lesões de coceira e a sobreinfecção bacteriana. Nos adultos, predominam entre os dedos das mãos, punhos, mamas, nádegas e pénis.

O tratamento é feito com recurso a medicamentos tópicos, e deve ser bastante exaustivo, incluindo o tratamento das roupas. Os parceiros sexuais e os coabitantes devem ser tratados em simultâneo.

O uso do preservativo não previne a transmissão desta infeção, pelo que se devem evitar contactos sexuais até se terminar o tratamento.

 

Molusco Contagioso

Esta infeção viral cutânea é causada por um Poxvirus, sendo mais frequente nas crianças. Nos adultos, é considerada uma IST. A transmissão dá-se por contacto direto com pele com lesões, e menos frequentemente através da partilha de roupa/objetos.

Manifesta-se por pequenas pápulas peroladas, com centro deprimido, que nos adultos se localizam principalmente no púbis e área genital.

Esta IST é relativamente benigna, no entanto em pessoas imunodeprimidas pode ser bastante mais disseminada, com consequências mais graves.

Não há um tratamento específico, normalmente destroem as vesículas individualmente, de modo a diminuir a sua disseminação.

O uso do preservativo não previne a transmissão desta infeção, pelo que se devem evitar contactos sexuais até se terminar o tratamento.

Como prevenir as IST?

 

A melhor forma de prevenir qualquer doença é conhecê-la e saber quais as formas de transmissão e sintomas.

É importante conhecer as possíveis consequências de uma relação sexual desprotegida, seja uma IST ou uma gravidez não desejada.

O uso de álcool e outras drogas pode levar a que não sejam tomadas as devidas precauções durante a relação sexual, pelo que deve ser evitado.

À medida que aumenta o número de parceiros ao longo da vida, aumenta também o risco de vir a contrair uma IST - mesmo que se seja fiel em cada momento.

Para algumas IST já há vacinas disponíveis, embora não para a maioria.

O preservativo reveste-se assim de especial importância na sua prevenção - deve ser usado em todas as relações sexuais, de forma correta:

 

  • Utilizar o preservativo no sexo vaginal, oral e anal;
  • Tenha sempre preservativos disponíveis;
  • Verifique sempre a data de validade;
  • Não os guarde em local quente ou expostos ao sol;
  • Não abra a embalagem com as unhas ou objetos cortantes;
  • Não coloque dois preservativos ao mesmo tempo;
  • Use um novo preservativo em cada novo contacto sexual;
  • Utilize lubrificantes de base aquosa;
  • Preservativo masculino: ponha o preservativo quando o pénis estiver ereto e antes de qualquer contacto genital; deixe um espaço vazio na ponta do preservativo para recolher o sémen; deve desenrolar o preservativo até à base do pénis;
  • Preservativo feminino: aperte o anel flexível entre os dedos polegar e médio e introduza na vagina, empurrando para o fundo de forma a que a extremidade fechada do preservativo cubra o colo do útero; o anel da extremidade aberta deve ficar para fora da vagina (o preservativo feminino deve cobrir a vulva, a vagina e o colo do útero); no final aperte e torça o anel externo, para manter o sémen dentro do preservativo, retire com cuidado e deite no lixo;
  • Se o preservativo se romper durante o coito, deve ser trocado imediatamente.

Quando consultar o seu médico de família?

 

Deve consultar o seu médico sempre que surgirem alguns dos sintomas associados a estas infeções, ou se teve um contacto de risco (mesmo que não tenha sintomas).

 

Se está grávida e o seu parceiro teve ou pode ter uma doença de transmissão sexual, informe o seu médico.

Sempre que tiver um novo parceiro sexual ambos devem fazer um rastreio de IST.

Proteja-se!

Para mais informações consultar:

  • http://www.apf.pt/infecoes-sexualmente-transmissiveis
  • https://abraco.pt/info-saude/
  • https://www.spdv.pt/_grupo_para_o_estudo_e_investigacao_das_doencas_sexualmente_transmissiveis

Elaborado por:

🌻  Dra.Catarina Pinhão

Design:

🌻  Rute Santos

Largo Cel. Brito Gorjão, 2640-465 Mafra, Portugal
261 818 130

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