Obstipação Infantil

A obstipação, também chamada de prisão de ventre, define-se por dejeções pouco frequentes (habitualmente menos de três por semana) e/ou defecação de fezes duras com dor ou desconforto.

 

É um problema comum, representando entre 3% e 5% de todas as queixas na consulta de Pediatria e entre 6% e 24% nas consultas de Medicina Geral e Familiar.

Como surge a Obstipação?

 

As queixas de obstipação começam, habitualmente, quando a criança associa dor ao ato de defecar (por ter bebido menos água nesse dia ou estar doente, por exemplo) e, ao evitar essa dor ou desconforto, impede ou atrasa futuras dejeções. Com a acumulação progressiva de fezes, o reto (porção terminal do intestino) vai-se distendendo e as fezes vão endurecendo. Após vários dias de retenção, a criança volta a ter vontade de defecar, mas, como tem grande quantidade de fezes duras, a dejeção é novamente dolorosa e inicia-se assim um ciclo vicioso. É frequente existir também dor abdominal, perda de apetite, náuseas e até vómitos.

Quais são as causas de Obstipação?

 

Na maioria dos casos (90-95%), não existe uma doença a provocar a obstipação, chamando-se Obstipação Funcional. Esta pode acontecer em qualquer idade, mas é especialmente frequente em 3 momentos da vida de uma criança: na diversificação alimentar (introdução de sólidos ou derivados do leite); na fase de treino do bacio; e na entrada para a escola.

 

Outras possíveis causas são:

☹ Uma dieta pobre em fibra.

☹ Ingestão excessiva de produtos lácteos, que reduzem a motilidade intestinal.

☹ Ingestão insuficiente de líquidos, que propicia a formação de fezes pouco hidratadas e duras.

☹ Não ir à casa de banho quando tem vontade, o que ocorre em diversas situações: brincadeira, casas de banho públicas/na escola, vergonha, dor, etc.

☹ Efeito secundário de medicamentos.

☹ Presença de uma doença aguda que altere o ritmo normal de evacuação.

☹ Causas emocionais: fobia à casa de banho ou ao bacio, rejeição das casas de banho escolares, aprendizagem forçada do controlo dos esfíncteres, nascimento de um irmão, problemas familiares, depressão ou até situações de abuso sexual.

Como saber se o meu filho está obstipado?

 

Se o seu filho apresentar uma ou mais destas queixas, é provável que esteja obstipado:

 

✏ 2 ou menos dejeções por semana

✏ Fezes duras, em bolotas ou fitas finas

✏ Fezes em grande quantidade que entopem a sanita

✏ Dejeções dolorosas (causam choro ou muito esforço)

✏ Distensão ou dor na barriga, diminuição do apetite

✏ Perdas de fezes na roupa interior

✏ Arqueamento das costas e irritabilidade/choro (se lactente)

✏ Evita ir à casa de banho, contorce-se ou esconde-se quando sente um movimento intestinal

 

Quando devo procurar ajuda de um médico?

 

→ A criança está há mais de 5 – 7 dias sem evacuar (ou antes se dor abdominal intensa ou vómitos)

→ Evacua com grande esforço há mais de um mês

→ As queixas de obstipação forem contínuas e persistentes há mais de um mês, apesar de uma dieta correta

 

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da obstipação funcional é essencialmente clínico e regra geral não são necessários exames complementares.

 

Como é o tratamento da Obstipação?

Uma parte essencial do tratamento é comportamental.

Primeiro que tudo, deve ser criada uma rotina de evacuar. Evacuar é um hábito, por isso, a regularidade é fundamental para conseguir bons resultados. O melhor momento é habitualmente depois do pequeno-almoço, mas pode ser em qualquer altura do dia desde que a criança possa estar todos os dias, à mesma hora, na sanita. Um dos cuidadores deve acompanhá-la, especialmente no início, e sentá-la na sanita ou bacio, onde deve permanecer sentada entre 7 e 10 minutos. Deve lembrar-se que é necessário ter tempo e que deve dirigir-se à criança com tranquilidade, evitando repreendê-la ou apressá-la. Cada vez que esta conseguir defecar, é importante fazer um reforço positivo que a estimule a persistir no tratamento. Além de a felicitar, pode colocar-se um autocolante ou um desenho na mão como prémio.

 

Em segundo lugar, deve ser assegurada uma alimentação adequada. É necessário ensinar as crianças a comerem um pouco de tudo. Em crianças com queixas de obstipação, devemos dar especial atenção a uma ingestão adequada de água e aos alimentos ricos em fibra, tais como os cereais integrais, fruta (ameixa, pêssego, frutos de polpa, frutos tropicais) e vegetais (couve, feijão, grão, ervilha, fava). Devem ser respeitados os horários das refeições, evitar snacks nos intervalos e não substituir a fruta por sumos, dado perder-se a maioria da fibra.

 

A atividade física regular (marcha, ginástica, natação) é igualmente muito útil.

 

Se a criança estiver medicada, poderá ser necessário rever a medicação habitual da criança.

 

Em situações mais arrastadas pode ser necessário recorrer a laxantes, sempre com prescrição médica.

 

Pode consultar mais informação acerca desta temática no seguinte website:

 

Tratamento da Obstipação na Infância – Guia para a Família. http://www.spgp.pt/media/1086/obstipacaopais.pdf

Elaborado por: Dra. Ana Rita Constante (interna de Pediatria, Serviço de Pediatria do Hospital das Caldas da Rainha, Centro Hospitalar do Oeste) ♥

 

Design: Rute Santos ♥

R. Dr. Domingos Machado Pereira, Mafra, Portugal
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