Falaremos de Transdisciplinaridade (TD) aqui. Adentrar o universo TD no cenário de hoje a partir dos pilares de sua metodologia − Complexidade, Níveis de Realidade e Lógica do Terceiro Incluído − implica um movimento de aproximação, no sentido de diminuir a distância entre o Ser e o Fazer, o presente e o devir, o si mesmo e o ser superior, que, por sermos humanos, somos. Todavia, as consequências de introduzirmos a TD em nossas ações são imensas. Isso porque, além de nos pôr frente a frente com a questão <<Quem sou eu?>>, ela nos leva a duas outras: <<Para que existo?>> e <<Em nome do que faço o que faço, como faço?>>. Já se conhece muito do <<porquê>> chegamos aos fatos com que agora nos deparamos, seja no âmbito pessoal, ambiental, político e socioeconômico, mas, se nos congelarmos neles, nada de novo emergirá. Pelos avanços tecnológicos que utilizamos, sabemos, somos massacrados e até mesmo adoecemos, pela comunicação impiedosamente veloz, que fere nossa biologia, e que, em tempo real, nos expõe a tantos absurdos, descasos e desorientações nos quais estamos lançados, tanto no cenário internacional como no nacional. Desta feita, somos convocados a pensar e agir para uma transformação de nós mesmos, de nossa atitude perante os fatos que, quiçá, se reflita em nossas ações para o bem comum maior, que vai além da pequenez de nossos interesses egoístas, hábitos inoperantes ou perniciosos, já de longa data instalados, da inércia de um antropocentrismo que está levando o nosso planeta a um esgotamento brutal de suas riquezas e dádivas. E o que a TD tem a ver com isso? A TD não é uma teoria, não se reduz a uma metodologia ou a uma ontologia. Ela é uma linguagem, ou até mesmo uma metalinguagem, no sentido de onde mora a essência do que nos faz seres humanos, partícipes dos reinos vegetal e mineral deste planeta e do universo em que estamos e somos. É pela linguagem que, como humanos, afetamos e somos afetados, nos essenciamos. Ao assim pensar a linguagem, a TD expressa uma Estética cujo movimento cria uma Ética que purifica, cura e unifica. Em tempos de tantos desafios, descalabros que ameaçam tanto a nossa existência, e, simultaneamente, de tantas luminosas, abundantes possibilidades, é enorme a contribuição que pode ser dada pela TD a cada pessoa e ao coletivo. Isso se deve ao fato de que, mais do que nunca, no nosso dia a dia, bem como a curto, médio e longo prazos, é iminente a necessidade de se pensar e agir com lucidez, lisura, largueza, transparência e amorosidade genuínas, para que horizontes de liberdade e cura se anunciem e aconteçam, pois como já foi muitas vezes dito nos escritos TD: <<O tempo urge, amanhã será tarde demais!>>. |
|
|
E-book: 2018 Encontro Catalisador. É com imensa alegria que o CETRANS anuncia o lançamento deste e-book, em agosto/2019, na AMAZON, com download gratuito. Nele constam, além de outros textos, oito palestras proferidas por ocasião do evento do mesmo nome, que teve lugar em São paulo, no Centro Ruth Cardoso, em parceria com o Fronteiras do Pensamento e a Fundação Lehman. Lembramos que esse Encontro Catalisador coroou a celebração dos 20 anos do CETRANS e evocou e invocou novos caminhos para as atividades do CETRANS na década de 2018−2028. |
|
|
Falas proferidas e seus protagonistas: - Transdisciplinaridade? | Maria F de Mello;
- O que é chamado Pensar | Sérgio Bolliger;
- Pensamento Chinês, a busca da harmonia dos diferentes | Gustavo Pinto;
- Conversando sobre Pedagogia Transdisciplinar em um caminho no campo com Heidegger, Zisi, Nicolescu e Foucault | Paul Gibbs;
- Pesquisa e Ensino de Astrobiologia: um Empreendimento Transdiciplinar | Amâncio Friaça;
- Transdisciplinaridade e Transmetodologia | José Ernesto Bologna;
- Transdisciplinaridade: Resistências Cognitivas e Níveis de Realidade | Patrick Paul;
- O Terceiro Incluído e os Buracos do Coelho. Transdisciplinaridade e a Realização das Potencialidades Pessoais | Paul Gibbs;
- Um Encontro Catalisador | Vitória M de Barros.
|
|
|
Pá Falcão: Pedagogia da Cooperação – Da Universidade para a Cidade |
|
|
Este ano o módulo “Trans-formação de Focalizadores”, da Pós-Graduação em Pedagogia da Cooperação, em São Paulo, teve uma novidade. O módulo, que é dado por Pá Falcão, aborda o conceito de focalizador e de como ajudar o grupo a manter o foco nos planos físico, emocional, mental e espiritual. Toda a parte de Geobiologia foi feita no Centro Cultural São Paulo, e não na UNIP. O espaço inteiro foi medido com pêndulos e varinhas de radiestesia, enquanto os passantes faziam atividades habituais do Centro. |
|
|
A última atividade do dia, no fim da manhã do último encontro, sempre é um bastão que fala; para quem não conhece, é um ritual primitivo, em que a pessoa que está segurando o bastão dá um testemunho do seu coração. Assim foi feito e muitas coisas mágicas aconteceram nesse momento, que permitiram um jeito muito especial da Pá Falcão terminar sua fala, uma vez que sempre o focalizador é o ultimo a falar. Ela falou das três forças com as quais quem focaliza precisa trabalhar: o poder, guiando poderosamente o grupo; o amor, sustentando amorosamente o grupo, e a luz, conscientizando luminosamente o grupo. |
|
|
Webinário Cooperação e Espiritualidade: No dia 21 de maio, Pá Falcão, membro CETRANS e Fábio Brotto focalizaram um webinar em que trabalharam vários conceitos com o grupo: o que é espiritualidade, diferença entre espiritualidade e religião, valores e cooperação, meditação e cooperação. No final, deixaram uma pergunta para o grupo: Cooperação é mais espiritualizada que competição? Excelente foi o debate que inspirou o agendamento de mais encontros virtuais! |
|
|
Presidido pelo Prof. Dr. Marcelo Demarzo, foi realizado de 12 a 15 de Junho de 2019, na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP, São Paulo – SP/Brasil, o VI INTERNATIONAL MEETING ON MINDFULNESS 2019 e o IV BRAZILIAN CONGRESS ON MINDFULNESS. Esse encontro internacional ocorre anualmente desde 2014, alternando a localização entre o Brasil e a Espanha, e foi uma colaboração entre o Centro Mente Aberta (Centro Brasileiro de Atenção e Promoção da Saúde) e o Centro WebMindfulness, da Universidade de Zaragoza |
|
|
O evento de 2019 teve foco especial na “Implementação da Plenitude e Compaixão na Sociedade e Políticas Públicas” e o objetivo de apresentar as evidências científicas mais atualizadas sobre Mindfulness e Compaixão, especialmente no contexto ibero-latino-americano, sendo um evento de referência em toda a América Latina e Ibero-América. |
|
|
Mirian Menezes de Oliveira: realizou-se, nos dias 19, 20 e 21 de junho, o 5º Salão de Livros de Nova York, por iniciativa da Brazilian Endowment for the Arts, com autores de língua portuguesa divulgando suas obras e promovendo debates sobre nossa Literatura. Esse evento foi patrocinado pela Biblioteca Brasileira Machado de Assis, de Nova York, que tem como missão promover a cultura brasileira para a comunidade local. Muitos livros foram doados para essa instituição nessa ocasião e Mirian doou alguns exemplares de sua autoria: Por quê?; O Cientista e a Poeta, e Surpresas: Espirais de Vida. |
|
|
O avanço do design thinking: aconteceu no último dia 8 de maio, em São Paulo, a 6º Edição do Prêmio ICE de Finanças Sociais e Negócios de Impacto. Este prêmio é uma iniciativa do Instituto de Cidadania Empresarial | ICE, que busca incentivar e reconhecer trabalhos acadêmicos sobre Investimentos e Negócios de Impacto por todo o Brasil. Sua rede, formada por acadêmicos e chamada de ICE-ACADEMIA, têm como principal interesse produzir conhecimento sobre o Empreendedorismo Social, Investimentos e Negócios de Impacto, além de Inovação Social. A edição deste ano trouxe um protagonismo especial ao DESIGN THINKING por meio da premiação de uma tese de doutorado e incorporação de um membro avaliador pelo ICE-ACADEMIA com formação específica, membro CETRANS, Prof. Dr. Alessandro Faria. |
|
|
Edgar IndalécIo Smaniotto: apresentou no IV Entre Aspas, que ocorreu entre 29 e 31 de maio em Leopoldina, Minas Gerais, o tema “Quadrinhosofia: uma proposta metodológica para a classificação conceitual das histórias em quadrinhos quanto à sua abordagem filosófica”. A proposição, tomando por referência a base conceitual criada pelo filósofo Matheus Lipman (1922-2010), que desenvolveu uma tipologia de textos filosóficos-literários, desenvolveu uma classificação conceitual para histórias em quadrinhos (HQs). |
|
|
Essas histórias foram divididas em distintas categorias conceituais, de acordo com sua proposta filosófica. Edgar usou as quatro categorias criadas por Lipman e agregou a elas mais três, que ficaram assim configuradas: 1. Histórias em quadrinhos de filosofações; 2. Histórias em quadrinhos a partir de um ponto de vista filosófico específico; 3. Histórias em quadrinhos com perspectiva filosófica específica; 4. Histórias em quadrinhos que tratam de ideias; 5. História da filosofia em quadrinhos; 6. Comentário filosófico (análise de autor/sistema) em histórias em quadrinhos; 7. Filosofia em quadrinhos. Essa proposta metodológica tem como objetivo desenvolver uma filosofia dos HQs que ofereça ao professor de filosofia um “livro-texto” adequado para trabalhar pedagogicamente com os alunos, e com isso abordar a história em quadrinho como possibilidade para a expressão do pensamento filosófico. |
|
|
Ideli Domingues, juntamente com Ana Christina Faulhaber e Carolina de Matos Ricardo: apresentaram no dia 10 de maio, no espaço do Parque Laje/RJ, o projeto “Como engajar inspetoras no trabalho de custódia e ressocialização das mulheres privadas de liberdade no Rio de Janeiro”. Esse trabalho foi apoiado pelo Instituto República, que investe na valorização e qualificação de pessoas que trabalham e/ou influenciam as instituições públicas com o objetivo de mudar a instituição por meio das pessoas que as compõem e que procura atuar através do engamento pessoal de seus participantes, sem investimento financeiro. Esse projeto se centrou na unidade prisional feminina Joaquim Ferreira, do Complexo Bangu, buscando ouvir e usar sugestões e/ou criar novos caminhos de interação, visando o engajamento das guardas e da direção. |
|
|
A Palavra, a Escuta, a Linguagem... |
|
|
O caminho para a linguagem, o que é isto? Ela está longe de nós, em alguma parte? Será que teremos que caminhar em direção a ela, encontrá-la? Todavia, nós somos capazes de falar e nos comunicar e somos os únicos, entre os animais, que falamos. É a nossa marca, o que nos distingue, a nossa insígnia, que contém o propósito de nossa própria essência. A linguagem é um trabalho do espírito, ela é muito mais do que o emitir sons, formar sentenças, expressar o pensamento. Ela se coloca em um patamar muito mais alto porque tem um vigor que é a saga do dizer, que nos mostra algo que pôde aparecer. Ela é mais do que a verbalização articulada do pensamento, pois falar é ao mesmo tempo escutar. Falar é escutar a linguagem que falamos. Dizer é antes de tudo uma escuta e esta precede todas as demais; assim, falamos a partir da linguagem e pertencemos a ela. Segundo Heidegger, “a linguagem fala dizendo, ou seja, mostrando”. Ele acrescenta, “escutamos a linguagem deixando que ela nos diga a sua saga”, isto é, a fala deixa a saga do dizer vir à fala e isso só se dá na medida que nossa própria essência se abandona à saga do dizer. E essa escuta e essa fala só são garantidas àquele que lhe pertence. |
|
|
Margaréte May Berkenbrock Rosito: professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação do Mestrado e Doutorado em Educação e Mestrado Profissional em Formação de Gestores Educacionais. Tem desenvolvido como projeto de pesquisa “Educação Estética, Formação e Narrativas” e leciona a disciplina optativa “Fundamentos da Educação Estética” na Universidade Cidade de São Paulo-UNICID. Este trabalho com educação estética tem como fundamentação teórica Schiller, Adorno e Paulo Freire. Neste semestre, inspirada na Pedagogia de Freinet, realizei com os alunos do Mestrado em Educação a Aula Passeio-Visita à Exposição Brasilianas, no Itaú Cultural, localizado na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. |
|
|
A ideia partiu de um aluno do Mestrado, após a discussão sobre a importância da Educação Estética ocorrer no local da arte. Educação Estética não seria tão somente levar a arte para a academia, mas sobretudo a academia ir ao encontro do espaço da arte. A proposta surgiu após a discussão de uma pesquisa, realizada por um dos componentes do grupo, com alunos do curso de Pedagogia sobre a importância da arte na sua formação pessoal e profissional. Considera-se, com base em Bourdieu, que o domínio da arte amplia o capital cultural dos alunos. Constatou-se que um grande desafio que se mantém é vencer a barreira mercadológica que sacraliza a arte, separando-a em superior e inferior e selecionando seu público. A concepção enraizada de que a arte se destina a pessoas ricas nos mostra, ainda mais, o quanto a arte deve ser para todos e o quanto seus conteúdos são essenciais à vida, principalmente no enfrentamento da desigualdade social. |
|
|
Cléo Busatto: em maio estive na Europa participando de iniciativas que atuam com o português como língua de herança. É o terceiro ano que faço este trabalho. Em 2017, atuei em Verona, Rovigo e Valdobbiadene. Em 2018, estive em Verona, Viena, Innsbruck, Salsburgo, Munique, Erlangen e Praga. O conceito e a ação de atuar com o português como língua afetiva e que, efetivamente, nos liga à cultura e à história dos nossos ancestrais são novas e promissoras. Muitas famílias ainda não entendem a importância dessa atitude e consideram apenas o português como segunda língua, sem importância no contexto atual. O conceito do bilinguismo predomina, mas a consciência da língua de herança ainda é frágil. |
|
|
Observei que, em algumas cidades por onde passei, esse processo já avançou, mas é evidente que apenas estamos no início da compreensão de que entender a língua dos nossos antepassados como um elo às nossas origens, à nossa cultura, significa aceitar que somos feitos do presente e do passado. O passado nos qualifica e valida o que somos. A ancestralidade mostra o corpo que temos. A criatividade e a vocação que carregamos são produções que vêm se construindo ao longo de gerações passadas, como uma herança recebida de presente de todos aqueles que trilharam o caminho antes de nós. Essa compreensão nos ajuda a nos respeitar, respeitar nossos ancestrais e a produção artística e cultural do mundo. A passagem por Londres e Milão este ano foi promissora, com convites para novas ações e a possibilidade de espalhar meus livros pelo mundo. |
|
|
Ideli Domingues Prisão – aprisionamento: o que necessitamos cultivar ? Quando, por mutação, nasce nos jardins uma rosa nova, os jardineiros se alvoroçam. A rosa é isolada, é cultivada, é favorecida. Mas não há jardineiros para os homens. Antoine de Saint- Exupéry Outro dia estava lendo um texto do incrível físico transdisciplinar romeno, Basarab Nicolescu, no qual havia uma questão por ele colocada que me fez parar para pensar: que educação nossa sociedade necessita? A partir daí pensei: que tipo de prisão nossa sociedade necessita? Parece que não pensamos nisso. Vou falar por mim: fui aprofundando meu olhar sobre prisão, aprisionamento, por meio do projeto do República sobre engajamento das guardas e direção. Fui visitar uma prisão e, juntamente com minha equipe, Ana Christina Faulhaber e Carolina Ricardo, pude entrar em contato com meus preconceitos, meus próprios aprisionamentos e muitas descobertas. |
|
|
Caminhando pela Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza – JF.... corredores escuros, galerias margeadas pelas grades, fui imaginando como seria trabalhar ali num regime de 24 horas seguidas, com um grupo de efetivos menor do que é preciso, vigiando presas e sabendo que tudo pode ocorrer. Nos falaram também do prazer e sentido que trazem às suas vidas a recuperação de algumas mulheres privadas de liberdade. Deu para entender por que grande parte das guardas adoece física e psiquicamente, de um jeito lento, imperceptível, como algumas delas, ex-guardas, nos confidenciaram em conversa informal. Os custos de toda ordem para suas famílias, que as recebem em seu retorno ao lar e que, muitas vezes, impactadas pelo cotidiano da unidade prisional, preferem o silêncio. O silêncio como defesa para decantar emoções como medo, raiva, impotência, que foram suscitadas lá no trabalho e que se estendem aos seus lares. Aqui precisam de distância, de sono para a recuperação e para assegurarem o retorno... |
|
|
Neste Outono, as cinco Unidades de Ação: Comunidade, Comunicação, Formação, Gestão e Publicação realizaram um trabalho de reorganização do CETRANS visando uma estruturação mais fluida e dinâmica para dar conta do novo momento que se apresentava. Esse novo contexto nos apontava que mudanças em nossas formas de ser/fazer se fazia necessário, o que nos levou a retomar à prática da formação como um valor a ser desenvolvido, concomitantemente, aos trabalhos práticos e de gestão que realizamos durante todo o ano. Nós, coordenadoras das UAs, compreendemos que nosso processo de formação contínua em Transdisciplinaridade precisava de um fio condutor que pudesse agregar e, ao mesmo tempo, ampliar nosso conhecimento TD. Decidimos, então, neste ano estudar o livro A origem da obra de arte, de Martin Heidegger, pois sentimos necessidade de ter esse momento formativo durante as reuniões em que fazemos a gestão do CETRANS como um todo. Percebemos que a formação é uma ferramenta preciosa para “abrir os portais do pensar” e nos levar a examinar e limpar nossas intenções, o que numa linguagem popular seria deixar mais cristalino nosso coração e, assim, melhorar e expandir a qualidade do próprio gerenciamento do trabalho a realizar. A leitura do livro e o diálogo, que se estabelece nesses momentos, têm nos inspirado a experienciar um contato com uma dimensão mais profunda e íntima de nós mesmos, o que alarga nossa percepção das coisas e do mundo ao nosso redor. Esse processo nos aproxima da nossa essência, com a qual temos pouca intimidade, embora ela nos pertença. Talvez essa pergunta “quem sou eu” precisasse ser feita mais vezes, pois ela é a base para desvendar o Ser que eu sou e a quem eu respondo. A origem da obra de arte está nos mostrando que a obra é mais que uma coisa, pois ela é um entre e é sempre a presença do Ser que se apresenta a nós como o melhor e o possível. Ela é um acontecimento muito especial que aparece e brilha, nos acena, se apropria de nós e nós nos apropriamos dele. A obra de arte é esse acontecimento que consegue fazer aparecer algo que nos afeta, inaugura algo e, depois disso, jamais somos os mesmos. A compreensão desse processo de transformação que a leitura do livro está trazendo para o grupo das coordenadoras das Uas tem feito diferença na qualidade do trabalho que cada uma de nós executa e principalmente nas relações grupais que estabelecemos. Com isso, a gestão do CETRANS vai se aprimorando! |
|
|
Tarsila Popular Tarsila do Amaral é homenageada em mostra com 120 pinturas e desenhos, em uma seleção que propõe um novo olhar sobre os temas, narrativas e personagens ligados à cultura popular presentes em diversas fases de sua produção. O enfoque da exposição é o “popular”, noção tão complexa quanto contestada, e que Tarsila explorou de diferentes modos em seus trabalhos ao longo de toda a sua carreira. |
|
|
O popular está associado aos debates sobre uma arte ou identidade nacional e à invenção ou construção de uma brasilidade. Em Tarsila, o popular se manifesta através das paisagens do interior ou do subúrbio, da fazenda ou da favela, povoadas por indígenas ou negros, personagens de lendas e mitos, repletas de animais e plantas, reais ou fantásticos. Mas a paleta de Tarsila (que serve de inspiração para as cores da expografia) também é popular: “azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante”. Tarsila Popular é organizada no contexto de um ano inteiro dedicado a artistas mulheres no MASP em 2019, sob o título de Histórias das mulheres, histórias feministas. Museu de Arte de São Paulo ‒ MASP. Avenida Paulista, 1.578. Até 28/07 |
|
|
Dance Me (2017) – de Leonard Cohen: Inspirada na obra do poeta e autor-compositor montrealense Leonard Cohen, esta obra foi a criação ambiciosa que a Companhia Les Ballets Jazz de Montréal escolheu para comemorar os 45 anos de sua fundação no ano de 2017. Nada menos do que três coreógrafos de renome – Annabelle Lopez Ochoa, Andonis Foniadakis e Ihsan Rustem – aceitaram o desafio de colocar em movimento a poesia cantada do cantautor (cantor-compositor). O resultado é uma bela notação coreográfica, estruturada em “cinco estações”, nas quais dança, música e vídeo se fundem, como os tantos ciclos da existência de Leonard Cohen. |
|
|
Aliando a estética do ballet clássico e a energia da dança contemporânea, os quatorze bailarinos da Companhia fazem a ligação entre os painéis cênicos com as canções emblemáticas de Cohen. Leonard Cohen, nessa vibrante homenagem dançada, parece estar presente e até mesmo assombrar todo o espetáculo. Sua legendária silhueta, vestindo seu eterno chapéu preto, paira sobre a cena, projetada sobre uma tela ou encarnada pelos bailarinos, como para lembrar sua genialidade tanto na escritura de seus textos como em suas melodias. Teatro Alfa. Rua Bento de Andrade Filho, 722. Nos dias 30, 31 de agosto e 1 de setembro. Vale pela música extraordinária de Cohen. |
|
|
Corpus Hermeticum – Hermes Trismegisto: Tradução, edição, introdução e notas de Américo Sommerman. Acaba de ser lançado pela Polar Editora essa obra importantíssima, que influenciou o pensamento europeu dos séculos XV e XVI, obra-chave do Renascimento Italiano, e que trará certamente um enriquecimento à reflexão para os leitores brasileiros. Esta obra foi escrita em grego e em forma de diálogo por egípcios instruídos na cultura e na filosofia gregas, provavelmente entre os séculos II e III d.C. É constituído de uma introdução e três partes: a primeira se divide em quinze capítulos, mais um apêndice, com mais três; a segunda e a terceira têm um capítulo cada. |
|
|
Possui ainda um glossário e referências bibliográficas que completam a obra de autoria atribuída a “Hermes Trismegisto, que é a sobreposição do Deus egípcio Thot ao seu equivalente grego Hermes, de modo que as funções principais deste último como mensageiro e intérprete dos Deuses são englobadas pelas funções mais amplas de Thot, Deus da Sabedoria, Deus articulador da palavra divina, primeiro ministro do Deus Supremo, escriba do Deus Supremo, seu mensageiro e executor da justiça divina.” Edição primorosa que vale a leitura! |
|
|
Candido Portinari: Com o título Poemas de Portinari, a edição da Funarte nasce do sonho de pôr em diálogo a produção poética com a produção plástica desse grande artista, após 55 anos da primeira edição. Na época, o criador não quis nenhuma espécie de ilustração de sua obra porque não queria se aproveitar da fama de pintor para impulsionar o surgimento do poeta. Sobre essa postura ética, poetizou: “Quanta coisa eu contaria se eu soubesse da língua o que sei das cores”. A coordenadora do Núcleo de Arte-educação e do Livro da Fundação Portinari, Suely Avelar, acalentava há tempos a possibilidade de uma nova edição, quando as pesquisadoras de literatura Patrícia Porto e Letícia Ferro procuraram o Projeto Portinari para propor essa parceria, que foi aceita imediatamente pela Funarte. |
|
|
Nesta edição teremos manuscritos de poemas, alguns com rabiscos de correções, e um desenho ao lado sobre os retirantes, além de um datilografado em homenagem à poetisa norte-americana Emily Dickson. Os prefácios originais de Manuel Bandeira e Antonio Callado foram preservados, além da organização em três lotes de poemas: O menino e o povoado (sobre as reminiscências na cidade de Brodósqui/SP), Aparições (mais subjetivos e existenciais) e A revolta (de cunho social). Obra imperdível! Concomitantemente ao lançamento deste livro, a Gloogle Arts & Culture lança uma plataforma inteiramente voltada a Cândido Portinari e sua obra – Portinari: o pintor do povo. Disponível em https://urlzs.com/P7uAp |
|
|
O Homem Iniciático Jean-Paul Bertrand O homem do futuro não é o do terceiro milênio. Ele é o de todos os tempos dentro do ciclo da criação humana. Ele vive na passagem entre o nascimento e a morte para tentar a celebração cósmica. Seu tempo é o tempo. Sua consciência, o desafio lançado a partir de um questionamento de resposta impossível. Ele é o homem iniciático. Aquele que se cria a cada instante seguindo o plano genético, espiritual e causal. |
|
|
O desafio: servir-se de nosso espaço-tempo para construir-se, para desvendar uma coerência com um esboço sem traços nem palavras. Adivinhar a intenção sem ter a cópia corrigida pois todos somos alunos sem professores. Tentar perceber a intenção é perder-se em todos os tipos de certezas destruidoras. Morrer espontaneamente e não contra a vontade, mas a cada minuto. Abandonar o conforto do saber, até mesmo o de sua construção. Questionar tudo. O eu e o si. Não acreditar, mas experimentar, não se fixar, nunca parar. O homem do futuro já tinha, desde que o homem existe, sido criado para seu futuro. Ninguém pode dizer se houve vitórias. É certo que as experiências continuam. Mas, para participar desta experiência, é preciso pensar em sua dimensão, testá-la, senti-la como uma exigência e nomeá-la sem usar alfabeto convencional. |
|
|
A armadilha do homem é somente estar em uma dimensão do passado. Esta não faz parte de sua experiência. Ela não lhe pertence. Curiosamente, o homem do futuro é aquele capaz de perceber seu presente em uma forma de eternidade limitada; uma forma de utopia essencial para exercer sua consciência. Aqui o tema do ser prisioneiro - aparente - do espaço-tempo sublima a descoberta de sua própria dimensão terrestre. Realidade ou maia? tanto faz; não há solução pois não existe resposta completa. O jogador tem o dever de explorar pluridimensionalmente os parâmetros do jogo. Sua tentativa tem a consequência de modificar, por um lado, não sua condição, mas a consciência de sua condição, e por outro, o ambiente enquanto ele viver e depois de seu desaparecimento. O que vem a ser, criar a interferência que imprime a marca provisória de uma forma de imortalidade impessoal. O presente é, portanto, uma dimensão do futuro controlada (pelo menos em sua percepção), que permite que o homem seja o homem do futuro. Realmente, o nascimento é o dote de promessas cujas realizações serão o campo de experimentação da vida. Por esta razão o homem do futuro já nasceu há milhões de anos, na verdade desde sempre. Ser da viagem e não do túmulo. Eis o ‘desafio’ que nos é proposto. O homem do futuro está ligado àquela questão mais essencial: somos a causa da criação ou uma de suas consequências? Todo nosso futuro está contido nesta resposta, que nunca poderá ser formulada de outra maneira a não ser pela própria exploração de nossa dimensão de homem do futuro. Esta busca coletiva assume sua dimensão dentro da busca de cada indivíduo. Esta troca permanente exterior-interior e vice-versa dá o exemplo perfeito das possibilidades de nossos deveres de procura. Meditar e construir, experimentar e realizar, este é nosso objetivo, permitido por nossa natureza e nossa consciência. Mesmo que, dependendo das percepções, sejamos para alguns frutos da sorte e da necessidade ou - esperamos - para outros, participantes do plano primordial, isso nada muda em nossa dimensão de homem do futuro. Ao contrário, no primeiro caso, temos que agir pela beleza do gesto - a exploração de todos os possíveis em homens curiosos e responsáveis -; no segundo caso, trata-se do dever de realização. Responder a um plano de origem, àquele esboço primordial e, portanto, espiritual. É nisso que somos todos iguais diante desta possibilidade oferecida de construir nosso mestre interior e de manifestar nossa experiência. O homem do futuro é, portanto, o homem de agora, de hoje. Nosso mundo atual beneficiou-se com homens do futuro do passado, nós manifestamos, por nossa vez, o que somos hoje para o amanhã. De fato, o homem do futuro é um buscador de amor, não para si mesmo, mas porque tem consciência que seu trabalho pessoal pode se juntar, como uma poeira de estrelas, aos outros, a fim de participar de seu brilho. O homem do futuro não se reduz, mas podemos citar a frase de Novalis que abre um campo de reflexões: “Não conhecemos as profundezas de nosso espírito. O caminho misterioso dirige-se para dentro. É em nós, ou então em nenhum outro lugar, que está a eternidade, com seus mundos, o passado e o futuro. O mundo exterior é o mundo das trevas, ele lança sua sombra sobre o reino da luz”. O homem do futuro é nosso presente diário. É uma proposição para viver, agora sim, em uma forma próxima da eternidade. (Ref. Um ser em construção/ Organização Grupo 21) – Editora TRIOM, 2002) |
|
|
UA Comunicação − Vera Lucia Laporta UA Comunidade − Marizilda Lourenço UA Formação − Denise Lagrotta UA Gestão 1 − Vitoria M. de Barros UA Gestão 2 − Ideli Domingues UA Publicação − Coordenadoras das UAs |
|
|
|
|