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Descoberta em Pompeia revela técnicas de construção empregadas pelos romanos

Durante os trabalhos realizados em uma mansão aristocrática (domus) da cidade de Pompeia, arqueólogos descobriram um antigo canteiro de obras em plena atividade. Estudiosos estimam que a domus estava em reforma quando ocorreu a erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C. O canteiro de obras dentro da mansão está sendo analisado e pode iluminar as técnicas de edificação usadas pelos antigos construtores romanos. Os pesquisadores encontraram no local ferramentas de trabalho, telhas empilhadas, tijolos de tufo e montes de cal e pedras usadas para levantar paredes. O átrio da casa foi parcialmente descoberto e os materiais para a renovação foram empilhados no chão e em uma porta do escritório da mansão (tablinum). Nas paredes desse ambiente, ainda hoje podem ser vistos algarismos romanos escritos a carvão, provavelmente anotações ou marcas de contagens deixadas pelos construtores. Ânforas usadas para imergir cal em água foram descobertas no santuário da casa (lararium), enquanto enxadas de ferro para preparar a argamassa e trabalhar a cal, bem como um peso de chumbo para levantar uma parede perfeitamente vertical, foram encontrados em outros cômodos. Gabriel Zuchtriegel, diretor do sítio de Pompeia, afirmou que a última descoberta "nos ajuda a entender muitos aspectos do grande Império Romano, incluindo o uso do concreto". "Sem concreto, não teríamos nem o Coliseu, nem o Panteão, nem os Banhos de Caracala", acrescentou ele. Para saber mais sobre o assunto, leia a matéria Pompeii, from the excavations in Region IX new light is shed on Roman construction techiniques.

Um esconderijo construído por rebeldes?

A campanha de escavação conduzida pela Israel Antiquities Authority (IAA) divulgou a descoberta de um complexo subterrâneo em Hukkok, antiga cidade judaica situada nas proximidades do Mar da Galileia. A estrutura composta por túneis estreitos é subjacente às residências e apresenta oito cavidades conectadas por passagens em ângulos de 90º. Esta disposição sugere uma adaptação efetuada por rebeldes judeus de uma grande cisterna de água originalmente construída durante o período do Segundo Templo, convertendo-a em esconderijos durante a primeira revolta contra os romanos em 66 d.C. e a Revolta de Bar Kokhba, entre os anos 132 e 136 d.C. Entre os achados, foram encontrados centenas de pratos quebrados de barro e vidro e um anel. De acordo com os diretores da escavação Uri Berger e Yinon Shivtiel, “não é certo que o complexo tenha sido usado para esconderijos e fugas durante a Segunda Revolta, mas parece ter sido preparado para esse fim”, o que pode contribuir para o debate sobre se a revolta de Bar-Kochba chegou à Galileia ou permaneceu dentro dos limites da Judeia e do centro de Israel. Ainda, os arqueólogos ressaltam que "a história contada no local também é uma história otimista de uma antiga cidade judaica que conseguiu sobreviver a tribulações históricas". Para saber mais sobre o assunto, leia a matéria Bar Kochba Revolt era hiding complex revealed near Sea of Galilee, de  Judy Siegel-Itzkovich.

Archaeology Magazine relembra a descoberta do esqueleto de uma antiga artesã grega

Recentemente, a Archaeology Magazine realizou uma postagem no Instagram que relembra a descoberta do esqueleto de uma antiga artesã da ilha de Creta. A mestra oleira viveu entre 900 a.C. e 650 a.C. e tinha entre 45-50 anos quando foi enterrada na antiga cidade de Eleuterna. Ao examinar os ossos da mulher, os pesquisadores notaram sinais de musculatura incomum, especialmente no lado direito do corpo, e desgaste nas articulações do joelho e quadril. Para saber quais movimentos teriam levado a esse tipo de desgaste, estudiosos simularam com um modelo esquelético humano movimentos como lavar roupas, assar pão e tecer em tear, mas só chegaram a uma conclusão ao observar uma ceramista moderna em ação, cujos movimentos confirmaram a atividade muscular e o desgaste nas articulações associados à antiga artesã. Flexionar constantemente a perna para girar a roda teria desgastado suas articulações. Inclinar-se repetidamente para um lado da argila giratória para moldá-la e esculpi-la teria desenvolvido os músculos daquele lado do corpo, relataram os pesquisadores em uma conferência em Creta. Para saber mais sobre o assunto, leia a matéria Master female artisan broke the male-dominated mold in ancient Greece, de Michael Price.

Eventos

Novas abordagens sobre as cidades na Gália e na África do Norte na Antiguidade Tardia

Na quinta-feira, 11 de abril, às 17h30, acontecerá o evento Novas abordagens sobre as cidades na Gália e na África do Norte na Antiguidade Tardia, com Pedro Benedetti e Rafael Monpean. O evento (presencial), organizado pelo Grupo de Pesquisa Subalternos e Populares na Antiguidade (GSPPA), ocorrerá no Auditório Nicolau Sevcenko, localizado no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (DH-FFLCH-USP). Os participantes poderão solicitar emissão de certificado. Informações: subalternos@usp.br

 

Dicas de leitura

Popular Culture and the End of Antiquity in Southern Gaul, c. 400–550 (Cambridge University Press, 2024), de Lucy Grig. Nessa obra, Grig investiga as transformações da cultura popular e seus entrelaçamentos com mudanças sociais, econômicas e religiosas no sul da Gália durante a Antiguidade Tardia. A partir da análise de fontes literárias e arqueológicas, a autora explora a agência de artesãos, camponeses, pastores e outros grupos presentes em igrejas, rituais e festivais de vários tipos.

Ancient women writers of Greece and Rome (Routledge, 2022), organizado por Bartolo Natoli, Angela Pitts e Judith Hallett. O livro é uma coletânea bilíngue (com tradução para o inglês) de textos escritos por mulheres durante a Antiguidade. O volume apresenta uma variedade de formas literárias, como poemas, cartas em tabuinhas de madeira, grafites parietais e inscrições monumentais. As autoras são introduzidas com breves notas biográficas e as traduções contam ainda com um aparato crítico.

Para mais dicas de leitura, acesse nosso blog neste link.

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Boletim Subalterno; quinta-feira, 4 de abril de 2024; ano 2; nº 41; escrito por Isabella Pondian Casteleti e Marcio Monteneri.

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