Aquele que existe iluminado pelo reflexo do próprio coração O que é e se serve de Sol e Sabedoria contidos em sua própria divindade, O que antes de haver-se criado, incrio-se no curso de sua evolução futura que já é passada, sendo presente A Luz-pai-mãe primeira desdobrando-se em seu desdobrar A Luz-pai-mãe que abraça a criação |
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A apresentação do Centro de Educação Transdiciplinar - CETRANS em 2 e 4 de junho foi a 26ª semana de atividades do III Congresso Mundial de Transdisciplinaridade na modalidade virtual e a quarta vez que ele apresenta o trabalho de seus membros e convidados. Desde o início do Congresso em 30 de outubro de 2020, temas de enorme pertinência e magnitude foram aqui abordados por magníficos palestrantes dos continentes africano, americano e sul-americano, asiático e europeu; alguns focos temáticos foram aqui apresentados: transdisciplinaridade, sua fundamentação e aplicação; cultura e patrimônio cultural material e imaterial, populações originárias, decolonização; o exercício de nossas capacidades biológicas, educação biológica e a antropologia em suas diferentes vertentes; a semiótica, educação formal e não-formal e suas implicações; pós e trans-humanismo, o antropocentrismo e suas consequências; o cuidado do si-mesmo, atualização de nossas potencialidades, corporificação do ser, o agente transdisciplinar e o ser/ sendo transdisciplinar, inteligência não cerebral; a Arte como forma de expressão do Ser que mostra o próprio Ser em obra; as implicações do inter-religioso nas Culturas da África; as relações intergeracionais e as novas formas do fazer transdisciplinar; a educação e a ecologia como modo de mudar formas de pensar e fazer; sistemas sustentáveis, a ética transdisciplinar das redes humanas e o trabalho comunitário, dentre outros. Princípios transdisciplinares foram trazidos para o entendimento; metodologias, estratégias disciplinares, pluri, multi, inter e transdisciplinares foram diferenciadas e estão sendo, pouco a pouco, elucidadas através das palestras, das questões propostas pelos internautas e das respostas dadas a elas. Palavras novas foram trazidas para o entendimento e outras palavras foram cunhadas. Sabemos que quando nomeamos algo, algo que já estava entre nós é instaurado e passa a existir no mundo. Muitas ideias novas ou desconhecidas para alguns, passarão a existir a partir de agora e, com isso, a realidade se abre e se revela. Precisaremos de tempo para absorver a riqueza do conteúdo que está sendo depositado a cada encontro; já estamos projetados para esse novo conhecimento que se abriu para nós e nossa experiência, a partir daqui, vai poder instaurá-lo. Complexidade e Humanismo é o foco temático da semana que o CETRANS apresentou. Definir humanismo como conceito que classifica o homem em categorias e o coloca em caixas estruturadas empobrece o sentido do humano. O ser humano é, de um lado um ser “engajado” no seu mundo, na sua cultura, em sua corporeidade, na sua relação com os outros e com os objetos que lhe vem ao encontro. Do outro lado, conjuntamente com tudo isso, é um ser que se revela pela sua abertura que transcende as próprias possibilidades, ainda que finitas, que não pode ser “explicado” jamais por categorias estáticas, úteis eventualmente para explicar os demais entes intramundanos. É esse espírito e atmosfera que o CETRANS ofereceu nessa semana. Vislumbramos que o III Congresso Mundial de Transdisciplinaridade em sua modalidade virtual está sendo um laboratório transdisciplinar. O que vai ficar do que está sendo aqui depositado vai depender da abertura pessoal de cada um para ouvir o novo e, mais ainda, da coragem de quebrar velhas estruturas de modos de pensar e agir ouvindo este novo chamado. Percebemos que o mundo contemporâneo e seu modo de ser está contradizendo o mundo que está se revelando, mas que continua a vigorar, principalmente nas instituições educacionais. Isso precisa mudar! Nós seres humanos não somos determinados por redes causais, mas sim por nossas possibilidades-de-ser, por aquilo que ainda não é. Nós somos abertos tanto para as coisas existentes nos nossos mundo quanto para aquilo que pode vir-a-ser, os projetos e o sentido dos fatos vividos. Talvez seja isto que este Congresso esteja nos trazendo: um chamado, um aceno para nos afinarmos com algo novo que já está vindo e que pode desabrochar e se instaurar. Vale a pena ver! www.youtube.com/c/3cmtr |
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Humberto Maturana: Com muita tristeza o CETRANS comunica o falecimento de Humberto Maturana ocorrido em 06 de maio de 2021, aos 92 anos. Nascido no Chile em 14 de setembro de 1928, Maturana foi co-criador da Teoria da Autopoiese, junto com Francisco Varela. Na década de 50 Maturana trabalhou com o pioneiro da epistemologia experimental Warren McCullouch, e desenvolveu vários trabalhos de ruptura na área de neurofisiologia da percepção. Publicou inúmeros artigos em revistas especializadas, explorando as implicações da teoria da autopoiese em áreas tão diversas quanto na terapia de família, na ciência política e na educação. |
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É autor dos livros Autopoiesis and Cognição e A Árvore do Conhecimento (ambos em parceria com Francisco Varela), Origen de las Especies por Medio de la Deriva Natural (em parceria com Jorge Mpodozis), El Sentido de lo Humano, Emociones y Lenguaje en Educacion y Politica, La Democracia como una Obra de Arte, Amar e Brincar: Fundamentos Esquecidos do Humano (com Gerda Verden-Zoller), dentre outros. Desde o início dos anos 50 Maturana vinha atuando como professor da Universidade do Chile, onde criou o Laboratório de Epistemologia Experimental, atualmente dirigido por seu ex-aluno e colaborador Jorge Mpodozis. Em 1995 Maturana foi premiado pela Academia de Ciências do Chile em reconhecimento ao conjunto de sua produção intelectual. No CETRANS Maturana participou do I Encontro Catalisador realizado de 14 a 18 de abril de 1999, na Fazenda Dona Carolina – Itatiba/ SP e a publicação desse evento realizada pela UNESCO e CETRANS em 2000: “Educação e Transdisciplinaridade I” -, contém seu artigo: “Transdisciplinaridade e Cognição” (pag. 77 a 110). Sentimos imensamente sua perda, mas celebramos sua contribuição enumerável no campo da Biologia, das Ciências da Cognição, da Transdisciplinaridade e, principalmente, sua presença humana na Terra. |
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Ubitaratan D’Ambrosio: Com muito pesar e tristeza o CETRANS comunica o falecimento do nosso querido conselheiro e colaborador desde a fundação do CETRANS em 1998. Ele foi muito mais do que um matemático que constrói e prova fórmulas, mais que um professor disciplinar, multi e interdisciplinar, que soube exercer com dedicação e devoção sua profissão. Como tantos pensadores matemáticos notórios na história da humanidade, ele se dedicou a investigar verdades universais e expressá-las ao longo de seu percurso de vida que se mostrou sempre em ressonância com o respeito ao ser humano e ao mistério do vivente. |
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Prof. Ubiratan foi um participante ativo em eventos marcantes para a Transdisciplinaridade e foi signatário dos importantes documentos neles formulados. Por exemplo: em 1986 do Congresso de Veneza que gerou a Declaração de Veneza; em 1991 no Congresso Ciência e Tradição: Perspectivas Transdisciplinares para o século XXI realizado em Paris; em 1994 no 1º Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, realizado em Arrábida, Portugal, que gerou a Carta da Transdisciplinaridade; em 1997 no Projeto CIRET – UNESCO realizado em Locarno, na Suiça que gerou o documento Evolução Transdisciplinar da Universidade; em 2005 no II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade realizado no Brasil, que gerou a Mensagem de Vila Velha – Vitória. Dentre as obras escritas pelo Prof. Ubiratan queríamos salientar: Educação Matemática: da Teoria à Prática, Papirus Editora; Etnomatemática: Elo entre as Tradições e a Modernidade, Editora Autêntica; Rumo à Nova Transdisciplinaridade - escrita juntamente com Pierre Weil e Roberto Crema, Editora Summus; A Era da Consciência, Editora Peirópolis; Transdisciplinaridade, Editora Palas Athena e Educação para uma Sociedade em Transição, Papirus Editora. Por sua imensa contribuição nas áreas da História e Filosofia da Matemática, na História e Filosofia das Ciências, na Etnomatemática, na Etnociência, na Educação Matemática e em Estudos, Pesquisa e Ação Transdisciplinares lhe agradecemos e por sua generosidade e amorosidade seremos eternamente gratos. |
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ABRIL INDÍGENA 2021 Elvis Ferreira de Sá ─ Hugo Fulni-ô, professor indígena, mestre em linguística pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística e Literatura ─ PPGLL, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas ─ UFAL, cineasta e idealizador do Coletivo Fulni-ô de Cinema. Em abril de 2021 com empoderamento dos povos indígenas originários do Brasil, vozes que ecoam no mundo tecnológico, criei a iniciativa de autoafirmação nas redes sociais, dando e afirmando a visibilidade de nossos parentes em meio a este segmento interativo que está possibilitando a inclusão de muitos povos de diferentes culturas. Falamos de estratégia de inclusão e difusão dos povos originários, em cada territorialidade das regiões do Estado brasileiro, isso partindo da resistência indígena do Nordeste que liga todas as resistências indígenas de Norte a Sul e de Leste a Oeste. |
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Sabemos que o Brasil é um caldeirão de misturas de raças, um país rico em diversidade cultural, em muitos casos a pluralidade é irreconhecível por boa parcela dos brasileiros. Ainda hoje as políticas de afirmação dessa diversidade não são levadas a sério pelos governantes, políticas nefastas apartam as minorias de manter e viver de acordo com sua especificidade nativa. Isso é “Brasil”, um país de herança colonial, racista e preconceituoso com seus povos, total retrocesso, desde as investidas dos portugueses em 1500. |
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Não podemos esquecer que 1521 anos se passaram, é nítido os vestígios de políticas desfavoráveis aos povos indígenas, uma luta incessante até a contemporaneidade. Nós, povos indígenas contemporâneos, estamos quebrando paradigmas, com empréstimos das novas tecnologias, apoiados pelo registro e, deste modo, nossas culturas, povos, línguas e saberes ancestrais são difundidos no globo pelas redes sociais. Nesse sentido, a autoafirmação dos povos originários está sendo reafirmada a cada dia, neste segmento. Diversos autores indígenas realizam múltiplas atividades e trabalhos para apoiar suas comunidades indígenas.. |
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Para assistir o vídeo com todas as imagens coletadas, clique em https://youtu.be/n1lvqpe6bKU Além desse projeto realizado em abril, atualmente Elvis Ferreira de Sá ─ Hugo Fulni-ô,lançou um outro trabalho para dar visibilidade às culturas ancestrais originárias do Brasil divulgando vídeos no Facebook e Instagram de manifestações culturais das divervas etnias.. |
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Monica Osorio Simmons: representando o Centro Educação Ambiental de Guarulhos - CEAG, participou em abril, juntamente com profissionais de diversos países latino-americanos, em nova oportunidade para construir caminhos rumo a Promoção da Saúde, no Fórum Virtual Trabajo en Red: Estratégias y Condiciones para lograr sostenibilidad desde la Promoción de la Salud, apresentando o Tema: Visión Sistêmica de la Promoción de la Salud con el Territorio como Base. |
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O evento foi coordenado e moderado por Maria Constanza Granados Mendoza, Coordenadora do Processo colaborativo da Promoção da Saúde na Região das Américas https://www.promocionsaludregionamericas.com e contou com o apoio do Centro de Estudos, Pesquisas e Documentação em Cidades Saudáveis ─ CEPEDOC e da Faculdade de Saúde Pública da USP. Foi muito gratificante para Monica poder estar com companheiros de longa data que acreditam e trabalham a favor da Promoção da Saúde! |
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Ve a la gente, Vive entre ellos, Ámales, Aprende de ellos, Comienza desde donde ellos están, Trabaja con ellos, Construye sobre lo que tienen. Pues de los mejores líderes, cuando la tarea se ha cumplido, el trabajo se ha terminado, todos dirán: «Lo hemos hecho por nosotros mismos» Lao Tzu |
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Edgar Indalécio Smaniotto: Acabou de sair o número 3000 da publicação de Perry Rhodan e, como leitor da série desde criança, nos anos noventa, é uma grande felicidade colaborar para este número de jubileu. Este número especial tem o nome de O Mito da Terra: O tempo muda tudo. Meu capítulo se chamou O valor da História para uma Civilização Cósmica. Uma pergunta fica ao terminarmos a leitura deste número 3000: |
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Quando Rhodan e sua equipe a bordo da nave Ras Tschubal voltaram de sua missão em Peregrino, perceberam que atravessaram um campo temporal, estando agora em 493 anos no futuro. Após um hiato de tempo tão grande, seria normal que Perry Rhodan encontrasse uma galáxia com uma nova configuração cosmopolítica? Essas e outras perguntas são levantadas e histórias são contadas e recontadas sobre o assunto. Para os amantes de Science Fiction e discussões filosóficas, este é um acontecimento especial. |
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Américo Sommerman e a Polar Editorial: A Polar lançou dois livros nesta estação que valem a pena a leitura e a reflexão. São eles: Iniciação Feminina − Ao Feminino e pelo Feminino. Este livro através dos mitos, das lendas, das fábulas, das parábolas e das sagas épicas dos heróis e heroínas da antiguidade contam a história metafísica da vida partindo da criação do universo, que se inicia em uma Realidade vazia de qualquer essência e de qualquer forma, passando pela complexa formação dos níveis estruturais – Mundo - sutis e espirituais, prosseguindo com a formação dos reinos minerais, vegetais e animais até alcançar um grande coroamento com o surgimento da vida humana. |
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Os povos tradicionais detentores deste conhecimento, predominantemente oral, vivenciaram e vivenciam uma vida totalmente conectada ao sagrado. Para eles não existe separação entre o que é sagrado e o que é não-sagrado (profano), essa forma de ser e de viver é possível pois os mesmos mantêm-se conectados interiormente com as suas origens ancestrais cósmicas ou os Princípios superiores da manifestação. Historicamente podemos nos considerar distantes desses povos tradicionais, mas muitas vezes nos esquecemos que eles são as nossas raízes ancestrais mais primevas, seja ou não você um descendente dos povos originários da América do Sul, América do Norte, dos Andes, da África, da Europa, da Ásia ou da Oceania. |
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A história da humanidade prosseguiu, a Visão de Mundo, o paradigma mudou, e foi nos sendo ensinado que vivemos a “melhor” fase/época que a humanidade já viveu, como uma evolução compulsória, e sendo a era moderna, mais precisamente o século XXI, o ápice da evolução e manifestação humana. E, na verdade, o que houve foram diversas rupturas epistemológicas, com muitas distorções, ocasionando um estreitamento da visão de mundo vinculada a Totalidade, um grande achatamento com relação a complexidade da vida, passando por uma completa negação dos níveis interiores do Ser, nos reduzindo a criaturas completamente materialistas, regidos por uma leitura de mundo completa e meramente psicológica e racional. |
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Cabala Volume 2. A Polar Editora, juntamente com o médico e pensador francês Patrick Paul, conhecido pelo seu conhecimento profundo nesse campo, em parte já disponível no Brasil com as obras: Meditações sobre a Pedra Filosofal de Lambspring Volume I e II, O Segredo do Graal Volume I e II, e Os Diferentes Níveis de Realidade, dá continuidade a esse grande desafio de introduzir o leitor brasileiro na respeitada mística judaica por meio de uma coleção de 7 livros sobre a Cabala. Na obra introdutória A Cabala – Volume I: Os Três Véus da Existência Negativa, o autor esclareceu com grande maestria, os mistérios do Princípio Supremo, a Origem absoluta de todas as coisas, e detalhou seus desdobramentos conhecidos como “Três Véus da Existência Negativa”: |
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Ain, o Nada, Primeiro véu; Ain Sof, O Infinito, Segundo véu; e Ain Sof’Or, o Infinito de Luz, Terceiro véu, que estabelecem o início do processo teogônico, responsável pela emanação e criação subsequente de todos os Quatro Mundos. Nesta segunda obra da série, o autor nos disponibiliza conceitos fundamentais como: as chaves do Tseruf, método cabalístico de decifração das palavras; As Centelhas Divinas; O Verbo – Logos – Nome; As duas faces de Deus: Arik Anpin e Zeir Anpin; Malchut e o reino da Shechiná; as Klipot. |
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O diálogo ausente do passado e a manifestação do Terceiro Oculto no presente? Povos originários e a Transdisciplinaridade |
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Foto: Adriano Gambarini - TRIOM Nosso Pai e Mãe primeiros, Também se chamam: “As Chamas e a Neblina do poder criador”, em virtude de haverem-se posto simultaneamente como Fonte de Luz de seu Coração-Sol, para que em toda a extensão da Terra e do Céu não houvesse nada que escapasse à sua visão. Aquele que criou, como parte de si mesmo, e em virtude de seu devir, “as Chamas e a Neblina do poder criador, o Sol da Divindade”, assim nomeou-se “Nosso Pai Primeiro”, o ainda Imanifestado. Kaká Werá in O Trovão e o Vento |
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Outro dia acordei intrigada com um sonho que tive à noite. Tinha a sensação que eu era eu e não era eu. Éramos uma família indígena, eu tinha uma irmã um pouco mais velha e irmãos menores. Morávamos numa comunidade, havia muita gente. Eu e minha irmã fomos caminhar para colher frutas. Nós olhávamos o sol, o céu e eu me sentia tão feliz, tão inteira com aquela natureza toda. Havia uma sensação de íntima conexão com a natureza, era como se eu pudesse sentir a sua respiração no meu andar. Não precisava pegar mais do que necessitava, era uma vida centrada no instante. Eu percebia a voz dessa natureza na mata do caminho, nas aves que encontrava...tudo era muito mágico. Sem querer me distanciei um pouco da minha irmã, tão embevecida estava com aquele cenário verde. Tive uma sensação corporal muito ruim, meu corpo todo ficou eriçado! Percebi que minha irmã não andava mais comigo, meu coração começou a palpitar e eu, instintivamente, me escondi! |
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Vi uma cena horrível de um homem vestido de um jeito estranho... não era um dos nossos, sua pele era clara perto da nossa e ele agarrou minha irmã e a levou... Voltei correndo para minha gente...e fui vendo homens como aquele que deixara a minha irmã cativa ali na entrada da nossa tribo...o medo tomou conta de mim. O que aconteceria daqui para frente? Acordei! |
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Esse sonho me fez pensar muito. Como seria se cada um de nós vestisse o corpo de alguém que habitava a nossa terra em seus primórdios e fosse, de repente, expulso dela sem a menor reverência e respeito por tudo que foi feito antes: o cuidado, a conexão com ela, a forma de olhar o mundo, de enxergar o céu e as estrelas, de sorrir para a lua, de se ver aconchegado pelas águas, sustentado pela terra... de se contatar com o próprio corpo. Diante dessa desapropriação, não só do solo no qual se criou raízes e as cuidou, como seria viver distante disso tudo que um dia foi seu mundo? O que aconteceria se olhássemos do avesso e em vez de excluir os povos que estavam antes de nós pudéssemos ter feito uma conversa de escuta com genuinidade, uma integração de saberes, de conceitos sobre a doença, a saúde, a família, o cooperar e o competir, sobre o que aprender com divindades, a floresta. Como seria se em vez de imposição tivéssemos um por que não? Um olhar integrado...como seria? |
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Talvez estejamos, nesse nosso instante, como representantes de nossos ancestrais, nos comprometendo a escutar de maneira sensível, nossos irmãos – o Povo Originário – desta terra brasileira. Esse povo que nos dá um testemunho de atitudes transdisciplinares [Machado e outros, 2018] como o se sentir pertencente ao cosmos, conduzido por mãos invisíveis que fazem da árvore sua irmã, da terra a mãe, que escutam o vento e sentem suas carícias. O sagrado, esse terceiro oculto, que é experienciado a cada instante. A imaginação e a transcendência são seus alimentos, o respeito por aqueles com os quais convive, incluindo o contexto da floresta, da terra, a solidariedade com os irmãos, a cooperação... e um eterno aprender com a natureza, daí a sabedoria presente. |
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Talvez agora, mais ternamente unidos possamos construir um caminho transcultural, desbravando e nos conhecendo no percurso de diferentes percepções e níveis de realidade. Podemos traçar um destino mais saudável com a cura do que se foi, do que é e do que pode ser regido pelos nossos corações mais fraternos e abertos para um novo que desconhecemos, integrando saberes com novas cores e sons de nossas palavras e corpos, reconstruindo uma nova e expandida árvore do saber? Nesse instante de abertura é que podemos nos entregar a uma fenda que se abre e revela para nós mesmos um pouco mais de nós! MACHADO, Celso Pessanha; ROCHA FILHO, João Bernardes; LAHM, Regis. Indicadores para identificação de atitudes transdisciplinares. Contexto e educação. Ano 33, 106, set./dez.2018. Disponível em https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/download/7767/5887 |
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Daniel José da Silva: A minha aproximação com a cultura Guarani aconteceu no ano de 2005, quando procurava uma liderança para falar sobre o Aquífero Guarani em um evento que estávamos promovendo aqui, em Santa Catarina. Procurei a professora Dorothea Darella, da UFSC e ela me indicou o cacique José Benites, um jovem que estava iniciando a sua movimentação pela demarcação de terras, e conversamos sobre alguns aspectos que me deixaram muito motivado. Perguntei a ele como concebia e tratava a questão da água. Ele começou dizendo que não separava a água da natureza. Apesar de haver uma letra que representava água e de outra que representava natureza, elas tinham sempre que demonstrar a relação de uma com a outra. Por exemplo, ele só teria água se protegesse a natureza porque a água faz parte da natureza e a natureza tem todo um conjunto de outros fenômenos dentro dela. Essa afirmação me chamou muito a atenção pois revelava uma estrutura cognitiva não disjuntiva, não reducionista dos fenômenos. Comecei a ver que havia ali, naquela cultura, alguma forma de aprendermos na prática o que seria um raciocínio complexo e transdisciplinar e o que seria uma irredutibilidade do ponto de vista de Edgar Morin. Essa foi a primeira grande aprendizagem que eu tive em minha aproximação com os Guarani. A relação da água com a natureza é uma relação intrínseca dentro da cultura Guarani. |
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A segunda aprendizagem que tive com José Benites foi quando ele me recebeu em sua Aldeia, próxima ao rio Massiambu, no munícipio de Palhoça, SC, e ele me falou de duas palavras que estavam ligadas à questão da demarcação de terras que eram as palavras TEKOÁ e TEKÓ. Ele disse que sem tekoá não há tekó. E eu lhe pedi para me explicar e, de forma simples, me disse que sem a Terra ou aldeia (tekoá) não tinha como o Guarani ser Guarani, ou seja, praticar e viver a cultura Guarani, que se realiza somente em convivência com a Terra. |
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Eu já havia marcado a relação entre água e natureza, mas essa relação tekoá - tekó foi muito forte. Em seguida, ele me mostrou a casa da sua família, Oga, e a casa de reza, Opi, e como todos os valores, as éticas e a aprendizagem aconteciam num trabalho dentro da casa de reza por meio de cânticos, e através do caminhar na trilha. A escola que é aquela que constrói a tekó, a cultura, acontece no caminhar na floresta.... quando encontra um rio, aprende sobre o fluxo da vida; uma árvore, aprende sobre água e frutos; um bicho, aprende sobre teia da vida e respeita...enfim onde as crianças e adultos constroem uma forte relação de aprendizagem de longo prazo sobre as relações entre a Terra e a Cultura. |
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Bom, na sequência da organização desse evento sobre o Aquífero Guarani, do qual participaram os guaranis, pela primeira vez no Brasil, nós convidamos mais dois representantes de culturas de povos originários da América do Norte. Um deles veio da cultura Innu que vive no Norte do Québec, Canadá, através do nosso amigo Pascal Galvani, que nos indicou um xamã da cidade de Sept-Iles, chamado Leo St-Onge. |
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Esse xamã fez muita diferença na minha vida porque eu o trouxe ao Brasil e depois eu fui, a convite dele, visitá-lo. Das tantas coisas que conversamos, o que ficou muito claro, foi a ideia do princípio feminino na cultura Innu. Leo St-Onge nos falou de um mito fundador no qual eles saíram em sete canoas levando a ideia da Mãe Natureza aos povos do Atlântico chegando até a Patagônia. Então, isso foi uma longa e maravilhosa conversa sobre os mitos fundadores da cultura Innu. Participei de dois rituais que foram muito fortes: um numa sauna sagrada em um ritual de alimentação com Caribu que é o animal sagrado deles, com cânticos celebrando a Mãe Terra, aos nossas ancestrais, parentes e amigos que já haviam partido e de todos os demais seres e forças da natureza. Isso foi muito forte nessa minha aproximação com os Innu. Depois eu consegui perceber que realmente todos os povos originários da costa Atlântica e na América praticam o conceito de Mãe Natureza, o princípio feminino... existe um Deus no céu, mas existe uma divindade que é a Mãe Terra na qual fica impossível distinguir se é você que pertence a ela ou se é ela que pertence a você. Tem aí algo muito bonito, muito sutil nessa relação que coloco como fundamental para o estudo posterior que fiz do colapso das sociedades humanas. O elemento transversal que encontramos em todos os colapsos que estudamos de sociedades foi a ausência de um princípio feminino agregador, protetor e cuidador. Nessas culturas colapsistas a Terra nunca foi considerada como um princípio feminino. |
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Como último destaque de aprendizagem com os povos originários, eu gostaria de trazer aqui a minha aproximação com os povos do sudoeste dos Estados Unidos e noroeste do México, em especial os Navajos e os Apaches nos Estados Unidos e os Yaqui e Seri no deserto Sonora, noroeste do México. Eu tive a oportunidade de, junto com o Prof. José Maria Martínez, com a Universidade de Sonora e com o Colégio de Sonora, na cidade de Hermosillo, me aproximar dessas duas nações. Dos Yaqui recebi uma cópia de seus pleitos por justiça frente as violações históricas do estado mexicano e dos Seri recebi uma haste de sálvia sagrada num ritual de purificação. Com a Professora Anne Browning, da Universidade do Arizona, em Tucson, me aproximei dos Navajos e dos Apaches. A grande lição que trago dessa minha aproximação com esses quatro povos é o histórico de cinco séculos de resistência às agressões da cultura colonialista e de resiliência com a ecologia do deserto. Eu nunca tive tão claro a relação dessas duas palavras. A agressão que esses quatro povos receberam das nações mexicana e norte-americana é impressionante. Você chora... não tem como não chorar diante do quadro que é construído historicamente pelas traições, assassinatos, torturas, guerras e mortes. É impressionante! E eles continuam sobrevivendo e nos doam uma nítida lição de como combinar a resistência ao agressor com a resiliência ecológica a partir da cultura. A cultura desses povos é fortemente determinada pelo princípio feminino da mãe Terra. E a partir dele você tem a hospitalidade, a cooperação, o cuidado, que são marcas registradas desses povos. Até hoje, ainda tento acompanhar essas culturas, e digo para vocês que se nós pudéssemos ter grupos de estudos comparados e diálogos de saberes tanto entre os povos originários do Sul como com os povos originários do Norte da América e um diálogo sobre como nós poderíamos aprender com eles, seria maravilhoso! |
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O que fica desse meu relato é essa vontade imensa de ver uma nova diplomacia, de inventarmos uma diplomacia para o interior. A diplomacia é um conceito cunhado para o exterior e sempre foi motivada pelos negócios, pelo comercio, com a venda e compra de produtos. Eu acredito que se nós pudéssemos desenvolver, através do pensamento transdisciplinar, a criação de espaços transpolíticos que permitissem ver que dentro dos nossos atuais estados temos nações que precisam ser tratados de forma diplomática, reconhecendo as suas culturas, identidades, autonomias e territórios, e, principalmente, suas experiências de resiliência com as ecologias de seus territórios. |
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Haverá um momento na história da humanidade em que a América, com seus estados e nações, do sul ao norte, poderão se colocar em um agir cooperativo, respeitoso, recíproco e de equidade social e ecológico, porque tanto os povos quanto a natureza estão em um sofrimento muito grande e cada vez maior. Era isso que eu queria deixar como o final dessa minha aprendizagem. Nós precisamos de um conceito de diplomacia voltado para esses povos. Para que possamos aprender com eles a construir um futuro comum saudável, pacífico e sustentável. A cultura dos povos originários e seus biomas são a maior experiência humana e ecológica de sustentabilidade que está ao alcance de nossas mãos. Só precisamos reconhecer sua substantividade e legitimidade para convivermos respeitosamente. Um grande abraço. Para ouvir o Podcast da fala do Prof. Daniel José da Silva, clique aqui. |
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Martha de Lima e Vicente L. de Góes. Por ocasião do 3º Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, eu Martha de Lima e Vicente Góes, fomos convidados a coordenar a Semana dos Povos Originários do Brasil, de responsabilidade do CETRANS, nos dias 4 e 6 de Agosto de 2021. Será uma oportunidade para mostrar a todos, convidar para o encontro, partilhar experiências em contato com uma amostra da cultura indígena brasileira. Mas que desafio! Uma população com mais de 200 línguas e dialetos, que originalmente habitavam e habitam todas as regiões do país, como fazer caber em uma fala inaugural, um simpósio e uma mesa redonda? |
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Como processo transdisciplinar, tudo já começa como um tecido, com seus fios e relações entre, através e além das premissas abstratas. Assim, partimos da rede que o Professor Daniel Silva já aquecia, na intenção de fortalecer as pontes com a semana dedicada à Transdisciplinaridade e Saúde, em que eu, Martha de Lima, tive participação. Começamos a entender esse vetor em direção à representatividade de lideranças femininas como incorporação da feminilização do mundo como Basarab Nicolescu coloca. Apostamos na estratégia de convidar para co-criar a semana como um evento, decidindo conjuntamente os temas, e quem sabe experiências ofertadas. |
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Apesar de toda intenção e esforço nessa direção, o percurso se mostrou mais crítico e “escondido” com muitas entrelinhas e nuances. Apesar do conhecimento transdisciplinar ter tanta afinação e repertório em relação às culturas tradicionais, a linguagem epistemológica transdisciplinar (por exemplo esse próprio termo) pertence a um ethos europeu ocidental. Para este tema foi especificamente delicado fazer o convite na linguagem colonizadora. Nossa nobre intenção de um processo TD não tocava ainda para além do paradigma em que estava o convite, que equivocadamente confundia a intenção metodológica (mesmo que transdisciplinar) com o caminho in vivo. |
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A escuta então passou a protagonizar o planejamento. E, então, escutamos a voz da grave situação das populações indígenas em nosso país neste momento de crise política e da pandemia. O contexto político atual desfavorece violentamente as estruturas de direitos e defesa do viver que lhes é fundamental. Mortes, evitáveis pelo acesso a equipamentos básicos como máscaras e álcool em gel, vacina, mas evitáveis, também, por decisões políticas. Ao acompanhar as lideranças e instituições organizadas indígenas nas redes sociais é chocante tomar consciência da frequência de ataques violentos planejados. |
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O que esperar da disponibilidade para um diálogo transdisciplinar na condição de ter que buscar a sobrevivência? Do ponto de vista discursivo do conhecimento, o convite chega a ser um constrangimento pela alienação em relação a um contexto de colapso real vivido neste momento e há 521 anos. Algo das palavras resistência, luta, também se conecta às palavras transformação, regeneração. A partir dessa apreciação crítica ao nosso próprio processo, fundamentados na prática da escuta e no diálogo entre nós, experimentamos a realidade transdisciplinar desse desafio e entendemos que os eventos e as falas da Semana dos Povos Originários certamente refletirão suas necessidades, suas fortes vibrações, sua maneira precisa, clara e afiada de ver o mundo. O contato com o contexto e as lideranças e representatividades que estarão no evento nos abre a aproximação com o processo in vivo além das apreciações cosmogônicas - mas “além” aqui quer dizer o concreto, o cotidiano e o lugar na sociedade. Precisamos não abrir mão de escutar a Sabedoria dos Povos Originários incorporada nas situações dessas culturas no momento contemporâneo, a radicalidade do perigo e da vulnerabilidade que enfrentam. Pois, escutar através da dor, em diversos níveis de realidade é parte da nossa impressão da resistência indígena. Fotos: Adriano Gambarini in Todas as vezes que dissemos adeus - Kaká Werá - TRIOM |
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Luiz Eduardo V. Berni − Transdisciplinaridade e Povos Indígenas: um Diálogo Possível. No começo dos anos 2000, a Psicologia foi chamada para ajudar os Povos Indígenas. Num evento realizado nas proximidades de Brasília, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário - CIMI e Conselho Federal de Psicologia - CFP, 37 lideranças indígenas de diferentes etnias falaram de desagregação cultural, alcoolismo, prostituição, entre outros problemas. Imediatamente o maior Conselho Regional do Brasil, SP, entrou em ação, realizando uma “convocação” e foi assim que fui parar nessa discussão, por conta de um mestrado em Ciência da Religião, onde discuti “A Dança Sagrada”. Lumena Teixeira era a conselheira responsável, que tentava organizar os trabalhos em torno da temática. Eu tornei-me seu principal colaborador e sucessor. Assim por 12 anos,quatro gestões, a temática foi tratada de forma privilegiada no Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - CRPSP, no Grupo de Trabalho Psicologia e Povos Indígenas. |
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Começamos realizando visitas institucionais e fomos arrebanhando colaboradores. O primeiro passo foi visitar a Casa de Saúde Indígena - CASAI que presta um importante serviço para essas populações. Lá conhecemos a equipe interdisciplinar e nosso grupo começou a crescer, Beth Pastore, psicóloga, e Vanessa Caldeira, antropóloga, se juntaram a nós. Entendemos de pronto que a Psicologia não poderia realizar essa discussão sozinha, precisava de uma articulação inter e transdisciplinar, assim incluímos historiadores e antropólogos na proposta. |
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O primeiro indígena que tivemos no grupo ficou pouco tempo. Era um rapaz boliviano e psicólogo. Mas sua dor e indignação com a sociedade envolvente eram tão grandes que ele não pode permanecer entre nós. Depois, um rapaz que estava no final de sua formação na Universidade Federal de São Carlos - UFSCar se juntou a nós. Edinaldo Rodrigues, da etnia xucuru. Hoje ele atua como psicólogo no Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI de Pernambuco, sua terra natal. No início eu queria discutir conhecimentos, mas não tinha autorização dos indígenas. Havia um distanciamento que refletia um tipo de interdito: “Nossos saberes são nossa maior preciosidade, aquilo que nos restou. Não sabemos se você é uma boa pessoa, assim até que tenhamos certeza disso, não temos nada a falar com você”. Eu compreendi e respeitei profundamente esse interdito, vencido só depois de dez anos de convívio. Em pouco tempo estávamos realizando eventos com indígenas. Nessa linha de conduta, nosso papel foi o de fortalecer o protagonismo indígena, por isso nunca aceitamos juntar a discussão com as questões das populações negras que tenderiam a fagocitar o debate, ainda que existam muitas pautas comuns. E assim o fizemos, mantivemos a pauta integralmente voltada para as questões indígenas. Visitamos aldeias e, o mais importante, tratamos de dar aos indígenas o poder da palavra. Não houve evento que realizássemos em que eles não estivessem a frente. |
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Além de trabalhar na organização, coube a mim, naqueles momentos iniciais, atuar como “cronista transdisciplinar” dos fantásticos eventos que realizamos. Quantos aprendizados ali tivemos! Isso foi relatado no livro Psicologia e Povos Indígenas (SP: CRP, 2010). Lá, também, iniciei minhas reflexões em epistemologia. Assim, no livro apresento um ensaio epistemológico. Lumena organizou outra publicação anos depois, da qual também tive a alegria em participar Povos Indígenas e Psicologia (SP:CRP, 2016), o marco de fechamento desse ciclo. |
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Embora a realidade continue muito dura para essas populações, principalmente na atual conjuntura política, a Psicologia teve grande aproximação com as questões indígenas. Na USP, o Prof. Danilo Guimarães, nosso colaborador e com quem também colaboramos, realiza um importante trabalho de articulação para valorização dos Saberes Tradicionais. Vale conhecer American Paths (Age Publishing, 2016). Continuo atuando na temática, hoje com foco claro no desenvolvimento de uma metodologia que estou empenhado em construir, “Mediação Ativa Transdisciplinar -MAT”, onde procuro dialogar entre os saberes científicos e tradicionais pelo viés transdisciplinar, conforme apresento em trabalho organizado no livro Religião, Saúde e Terapias Integrativas, vol. 2 (Goiânia: Espaço Acadêmico, 2016), dos professores Ecco, Silva, Quadros e Signates. Links: Psicologia e Povos Indígenas; https://www.crpsp.org/uploads/impresso/101/71PFBBgf9yJBWpDdUjvKfbMGNI95-DIS.pdf Povos Indígenas e Psicologia https://www.crpsp.org/uploads/impresso/110/RLAg_HX8E6bm0fVjb2gpqCkreIBkTy0W.pdf American Paths https://www.crpsp.org/uploads/impresso/101/71PFBBgf9yJBWpDdUjvKfbMGNI95-DIS.pdf Religião, Saúde e Terapias Integrativas https://www.crpsp.org/uploads/impresso/101/71PFBBgf9yJBWpDdUjvKfbMGNI95-DIS.pdf Imagens: Foto de representante do etnia Karajá ─ Vale do Rio Araguaia/ Centro-Oeste/ BR Arte plumária da etnia Aparai Norte do Pará/ BR ─ MAE/ USP |
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O nome da Alma Tirada do livro Oré Awé Roiru’A Ma de Kaká Werá − Nosso Pai, o último, nosso pai, o primeiro, fez com que seu próprio corpo surgisse da noite originária. |
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A divina planta dos pés, O pequeno traseiro redondo: no coração da noite originária ele os desdobra, desdobrando-se |
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ARTES PLÁSTICAS | INSTRUMENTOS MUSICAIS . |
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A escritora e contadora de histórias Cléo Busatto, membro CETRANS, apresenta nos vídeos seguintes, Contos dos Povos Originários Brasileiros: Uirapuru e Paiquerê. A narrativa de "Uirapuru" faz parte do acervo mito-poético do Brasil, mencionado pelo folclorista Couto de Magalhães como "pássaro que não é pássaro", na teogonia dos tupis, povo que habita entre outras regiões o sul do Brasil. Já "Paiquerê, a conquista do fogo" é a narrativa mítica do povo Kaigang, também habitante dessa região brasileira, especialmente, Santa Catarina. Clique nas imagens para assistir os contos: |
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As Unidades de Ação do Centro de Educação Trandisciplinar − CETRANS trabalharam ativamente na elaboração, preparação, execução e apresentação da quarta semana do III Congresso Mundial de Transdisciplinaridade. Tivemos dois dias de exposição: na quarta-feira, dia 2 de junho tivemos a Conferência de nosso palestrante convidado Sergio Bolliger, arquiteto, estudioso e grande conhecedor de Heidegger, que falou sobre a Des-Afirmação de Si, levantando a questão que atravessa o mundo moderno ocidental “o que há com o humano?” uma vez que hoje se pensa muito no homem sem pensar o Ser e isso tem mostrado suas consequências. Em seguida, na Mesa Redonda, ouvimos Maria F. de Mello, Marina Bernardi e Ignacio Gerber. Marina aceitou que sua fala fosse traduzida do inglês para o português e lida por um dos membros do painel, Ideli Domingues, de modo que toda a sessão fosse feita em uma única língua para que pudesse ser traduzida em 112 idiomas três horas após o encerramento desta sessão e, assim, assistida pelo grande número de participantes do Congresso. Tivemos nessa mesa, uma linguista e educadora, uma psicóloga transpessoal e um psicanalista que há muito encontraram em seu trabalho profissional e caminho pessoal elementos principiais transdisciplinares para fundamentar e exercer seu fazer no mundo. Maria abordou questões relativas à Religião em diferentes vertentes sempre dando à palavra religião o sentido original de religare mostrando sua multidimensionalidade e multirreferencialidade; Marina nos apresentou o valor do grupo para o trabalho de transformação pessoal, das comunidades e do Planeta; Ignacio discorreu sobre a relação terapeuta-paciente onde, em sua concepção, cada sessão de terapia é um universo aberto a possibilidades infinitas em que o terapeuta abre mão de seu raciocínio, memória e desejo zerando, então, os conceitos, as expectativas e se surpreendendo sempre com o que acontece nas sessões. |
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Na sexta-feira, dia 4 de junho, tivemos o Simpósio organizado pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares – IEAT da Universidade Federal de Minas Gerais, coordenado por Maria Fernanda S. Respolês, cujo tema foi Complexidade e Diálogos Interculturais apresentado em 2 painéis: o primeiro foi uma exposição de Katemari Diogo da Rosa, física que trabalha com o tema da Decolonização no feminino, o ensino de Física e educação científica nas universidades que nos falou sobre sua experiencia de vida como negra e mulher dentro da Academia. O segundo painel apresentou a diversidade cultural como tema e trouxe uma musicóloga, Rosângela de Tugny, que escolheu para nos mostrar as biografias de mestras e mestres das comunidades tradicionais do Brasil; um doutor em Antropologia e Etnomusicólogo, José Jorge de Carvalho, que nos brindou com uma fala sobre o saber que a Universidade proporciona e a riqueza que seria incorporar os saberes das culturas dos povos originários, afro-brasileiros, bem como os saberes das culturas populares no contexto de ensino no Brasil; nos foi apresentado um autentico representante da cultura originária brasileira da etnia dos Tupinambás, o Cacique Babau e, por último, um estudioso da literatura comparada, César Geraldo Guimarães, Coordenador da Formação Transversal em Saberes Tradicionais da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG que mostrou os projetos concretos que a UFMG tem realizado nestes últimos dois anos em Saberes Tradicionais. Foi uma Celebração esta semana do CETRANS! Na quarta-feira, a filosofia, a religião, a psicossíntese e a psicanálise se mostraram em sua extensão e profundidade e na sexta, um depoimento vindo do fundo da alma de uma cientista negra e um diálogo intercultural verdadeiro nos acenou e convidou para olharmos as Culturas Originárias e Afro-brasileiras de um outro platô! |
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>> LEITURA Entrevista com Stefano Mancuso, publicada por La Vanguardia em 29/06/2020. Seu campo de estudo é a neurobiologia vegetal e seus escritos sobre o comportamento e a inteligência das plantas influenciaram muitos pensadores e artistas, com alguns dos quais colabora em exposições e espetáculos. Stefano Mancuso (Catanzaro, Itália, 1965) é autor de livros como Sensibilidad e inteligencia en el mundo vegetal, El increíble viaje de las plantas e El futuro es vegetal e La nación de las plantas (Galaxia Gutenberg), título da exposição que no ano passado surgiu na Trienal de Milão e que propõe uma imaginária declaração dos direitos das plantas, a nação mais importante, difundida e poderosa, mas também silenciosa, da Terra. http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/600441-um-dos-grandes-temas-que-deveremos-imitar-das-plantas-e-a-organizacao-entrevista-com-stefano-mancuso A UNESCO disponibilizou gratuitamente, para download, 8 livros sobre História Geral da África. A versão em português está disponível no site da Unesco https://www.contioutra.com/unesco-disponibiliza-pdf-de-8-livros-sobre-historia-geral-da-africa-para-download/
>> CIÊNCIA “The human brain builds structures in 11 dimensions”, artigo sobre a descoberta cientifica de que o cérebro humano pode criar estruturas neurais multidimensionais https://bigthink.com/paul-ratner/our-brains-think-in-11-dimensions-discover-scientists
>> CURIOSIDADE 10 gênios que viviam na mais completa (e harmoniosa) desordem https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/15/cultura/1550236325_184393.html
>> TED TALK Arte na era da inteligência da máquina, pelo artista Refik Anadol https://www.ted.com/talks/refik_anadol_art_in_the_age_of_machine_intelligence/transcript
>> AUDIOVISUAIS Introdução à civilização INCA, por Lúcia Helena Galvão https://www.youtube.com/watch?v=K_j0JNc43PM Falando para a água, uma história poderosa de Pat McCabe, ativista Navajo e Lakota, de como explorar a magia e o mistério da água (legendas em português) https://www.youtube.com/watch?v=OeeAMNxuqio Compreensão absoluta, um vídeo de trechos do livro “The Lost Writings of Wu Hsin”. Acredita-se que Wu Hsin viveu entre 403 - 221 a.C., na China, cem anos depois de Confúcio (legendas em português) https://www.youtube.com/watch?v=OF0D8FpqOmQ Humberto Maturana fala sobre os seres vivos, suas características, origens na terra e a autopoiesis (capacidade dos seres vivos de produzirem a si próprios) https://www.youtube.com/watch?v=8H2tgGdkzI0 |
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Entrevista com Emanuele Coccia, realizada no dia 02 de agosto de 2020 no Orto Botanico de Roma pelo jornalista Damiano Fedeli do caderno cultural la Lettura, do cotidiano Corriere della Sera. A vídeo-entrevista, legendada em português, conta ainda com o apoio do CEPELL (Centro per il Libro e la Lettura, do Ministério da Cultura da Italia ) e faz parte da campanha Oltre il maggio dei libri. As lindas paisagens do Orto Botanico de Roma constituem o contraponto ideal das colocações de Coccia. Ao longo da conversa, o filósofo ilustra as principais ideias expostas no ensaio “Metamorfoses”: da mudança constante que afeta todos os seres vivos até a concepção do mundo e das formas de vida como um todo unificado, passando por uma nova apreciação do estatuto e do papel das plantas. Também temas de grande atualidade, como os ensinamentos que poderíamos receber da pandemia, são tratados. Coccia conta sobre sua relação com o Brasil e comenta o sucesso que suas obras encontram entre os mais novos. https://www.youtube.com/watch?v=P8EeaSN3hjw |
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FLECHA 1 – A Serpente e a Canoa - Um sonho que Ailton Krenak, ativista indígena, teve para adiar o fim do mundo. Em 2021 serão lançadas 6 flechas. Neste episódio, propõe-se uma viagem por teorias científicas contemporâneas e memórias das culturas ancestrais. O fio condutor deste episódio costura duas narrativas: a da canoa cobra, memória originária de povos rio negrinos, e a serpente cósmica, presente em mitos de origem de diferentes culturas, vista como a dupla hélice do DNA, código de memória presente em tudo que é vivo. A viagem percorre uma sequência que entrelaça saberes indígenas e hipóteses científicas sobre o surgimento da Vida. Cada flecha é composta por uma narrativa na voz do Ailton Krenak, um roteiro escrito por Anna Dantes, uma irradiante miríade de imagens ‘compostadas’ de diversos arquivos indígenas, artísticos e científicos, além de animações e músicas originais. https://www.youtube.com/watch?v=Cfroy5JTcy4 >> LIVROS |
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ORE AWÉ ROIRU’A MA. Todas as vezes que dissemos adeus. Kaká Werá. São Paulo: Editora TRIOM, 2002. Neste livro, Kaka Werá, guerreiro Txukarramãe, narra sua busca pelas raízes ancestrais, percorrendo aldeias e passando por iniciações espirituais entre os povos Tapuia e Guarani. Como um jovem índio ele vê sua aldeia sendo envolvida pelo crescimento desenfreado da cidade de São Paulo, que interfere nos costumes e na qualidade de vida das comunidades onde habitam os últimos sábios e pajés. Em São Paulo participa do Anhangabaú-Opá, um grande evento multi-religioso de perdão. |
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A QUEDA DO CÉU. Davi Kopenawa. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Um grande xamã e porta-voz dos Yanomami oferece neste livro um relato excepcional, ao mesmo tempo testemunho autobiográfico, manifesto xamânico e libelo contra a destruição da floresta Amazônica. Publicada originalmente em francês em 2010, na prestigiosa coleção Terre Humaine, esta história traz as meditações do xamã a respeito do contato predador com o homem branco, ameaça constante para seu povo desde os anos 1960. |
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A queda do céu foi escrito a partir de suas palavras contadas a um etnólogo com quem nutre uma longa amizade - foram mais de trinta anos de convivência entre os signatários e quarenta anos de contato entre Bruce Albert, o etnólogo-escritor, e o povo de Davi Kopenawa, o xamã-narrador. A vocação de xamã desde a primeira infância, fruto de um saber cosmológico adquirido graças ao uso de potentes alucinógenos, é o primeiro dos três pilares que estruturam este livro. O segundo é o relato do avanço dos brancos pela floresta e seu cortejo de epidemias, violência e destruição. Por fim, os autores trazem a odisseia do líder indígena para denunciar a destruição de seu povo. Recheada de visões xamânicas e meditações etnográficas sobre os brancos, esta obra não é apenas uma porta de entrada para um universo complexo e revelador. É uma ferramenta crítica poderosa para questionar a noção de progresso e desenvolvimento defendida por aqueles que os Yanomami − com intuição profética e precisão sociológica − chamam de "povo da mercadoria". |
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O TROVÃO E O VENTO: Um caminho de evolução pelo Xamanismo Tupi-Guarani. Kaká Werá. São Paulo: Polar Editorial, 2016. Quando os portugueses aportaram pela primeira vez por aqui, contávamos com mais de 1000 etnias indígenas espalhadas pelo Brasil, por isso chamada pelo nosso autor, Kaká Werá, de Terra dos Mil Povos, sendo cada etnia detentora de uma língua própria, uma mitologia e uma tradição próprias, difundidas para seus descendentes sempre de forma oral. Torna-se então impossível calcular a dimensão dessa enorme riqueza cultural e sapiencial que se perdeu nesses últimos 520 anos! |
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Felizmente, a internet chegou até diversas aldeias, facilitando o acesso a ela. Felizmente temos um escritor, e educador, herdeiro direto da tradição indígena, capaz de fazer pontes com diversas culturas indígenas e não indígenas, seja no Brasil ou no exterior, e que através desta obra apresenta e comenta os cerca de 50 cânticos milenares, fundadores e estruturadores da tradição tupi-guarani. Esta obra, fruto da convivência com diversas tribos guaranis, é uma pesquisa e catalogação de 12 anos e tem como foco esses cânticos que estão na gênese da cultura tupi-guarani. Como uma autentica tradição espiritual, esse conjunto de cânticos detalha todo o processo cosmológico desde os Fundamentos Primeiros do Ser e do surgimento do Som Primordial até a formação dos Mundos, processo esse que pode ser relacionado com aquele descrito pela tradição mística judaica: a cabala, no magnífico esquema simbólico da Árvore da Vida, e que também, como esta, contempla todo processo escatológico (de reintegração da totalidade da natureza humana na sua Origem divina), apresentado de maneira detalhada pela cultura tupi-guarani por meio de uma Via de aprimoramento pessoal chamada “Apecatu Ava-porã”, que significa O Caminho do Homem Sagrado. Sendo um método que, fazendo da prática de virtudes, de estudos dos mistérios sagrados, de ritos, com o uso de músicas (cânticos), meditações e sons apropriados é capaz de progressivamente resgatar o Trovão (a Alma) e o Vento (a Mente) que foram aprisionados na natureza humana terrestre, práticas essas que têm grandes similaridades com aquelas da tradição hindu, também com seus mantras e kirtans. O Trovão também representa o despertar da força interior e O Vento o despertar da suavidade interior. E para que isso floresça e amadureça é necessário conhecer os princípios de Tupã (Grande Espírito, Sagrado Mistério, Causa de toda emanação de vida) e, ao mesmo tempo, purificar a consciência pela poesia direta que emana da natureza e pelo conhecimento tradicional dos povos originários desta terra. [...] [Texto: Kleiton Fontes] |
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FULNI-Ô SATO SAATHISE: A FALA DOS FULNI-Ô. Elvis Ferreira de Sá e outros (org). Editora Blucher Open Access, 2018. Este livro, obra organizada em uma edição trilíngue – Yaathe, Português e Inglês – reúne narrativas de anciões e nos convida a uma viagem de volta às histórias vivenciadas por membros dessa comunidade. Resultado de uma obra de um jovem índio Fulni-ô, Elvis Ferreira de Sá, mestre em linguistica, que vem trabalhando na perspectiva de documentar histórias contadas pelos anciões em sua língua nativa, o Yaathe, herdada dos seus ancestrais, este livro se constrói a partir de cada acontecimento narrado, como sendo um importante registro da história e memória do povo Fulni-ô |
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Fulni-ô é o nome de um grupo indígena brasileiro que habita a região limítrofe entre o agreste e o sertão de Pernambuco, localizada no município de Águas Belas. Esse povo mantém sua cultura e sua língua originária, o Yaathe. Ações como esta, direcionadas à documentação de eventos nas línguas nativas dos povos originários do Brasil, caracterizam-se como importantes fontes de preservação e manutenção desses idiomas e das culturas desses povos que, na maioria das comunidades, estão sendo deixadas de lado pelos jovens ou tendo, pelo menos, menor importância diante da cultura do não indígena. Para baixar o livro em PDF, clique aqui. |
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IDEIAS PARA ADIAR O FIM DO MUNDO. Ailton Krenak. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. Ailton Krenak nasceu na região do vale do rio Doce, um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração mineira. Neste livro, o líder indígena critica a ideia de humanidade como algo separado da natureza, uma “humanidade que não reconhece que aquele rio que está em coma é também o nosso avô”. Essa premissa estaria na origem do desastre socioambiental de nossa era, o chamado Antropoceno. Daí que a resistência indígena se dê pela não aceitação da ideia de que somos todos iguais. Somente o reconhecimento da diversidade e a recusa da ideia do humano como superior aos demais seres podem ressignificar nossas existências e refrear nossa marcha insensata em direção ao abismo. “Nosso tempo é especialista em produzir ausências: do sentido de viver em sociedade, do próprio sentido da experiência da vida. Isso gera uma intolerância muito grande com relação a quem ainda é capaz de experimentar o prazer de estar vivo, de dançar e de cantar. E está cheio de pequenas constelações de gente espalhada pelo mundo que dança, canta e faz chover. [...] Minha provocação sobre adiar o fim do mundo é exatamente sempre poder contar mais uma história.” |
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AMAZÔNIA. Sebastião Salgado. Editora Taschen. 2021. O fotógrafo Sebastião Salgado., que já registrou pessoas e paisagens em mais de 100 países, voltou à maior floresta tropical do mundo para realizar seu último livro, Amazônia. A obra é uma homenagem à beleza da região e, ao mesmo tempo, um grito por sua preservação. Salgado, hoje com 77 anos, viajou pela Amazônia durante seis anos para retratar árvores, rios, montanhas, florestas e pessoas em fotografias preto-e-branco, numa tentativa de capturar o coração e a alma de uma região que, para muitos, segue desconhecida.... |
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"Para mim, é a última fronteira, um universo misterioso próprio, onde o imenso poder da natureza pode ser sentido como em nenhum outro lugar da Terra", escreve Salgado no prefácio. "Aqui está uma floresta que se estende até o infinito e contém um décimo de todas as espécies de plantas e animais vivos, o maior laboratório natural do mundo”. Ao longo de mais de 500 páginas, Amazônia apresenta uma vasta seleção de imagens, de imagens aéreas a retratos intimistas, que, graças ao olhar de Salgado para a luz e os detalhes, transformam-se em registros de qualidade atemporal. [...] "Meu desejo, com todo o meu coração, com toda a minha energia, com toda a paixão que tenho, é que daqui a 50 anos este livro não seja o registro de um mundo perdido", ele diz sobre Amazônia, livro que dedicou aos povos indígenas da floresta tropical. (Por Peter Speetjens visto na ECOA UOL) https://static.wixstatic.com/mp3/d7e40f_fa4690cadb194aa3b8e621fef0d2d44a.mp3 |
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Amazônia é também o título da música de Sérgio Taza Lemke, composta com a intenção de divulgar a região Amazônica e incentivar a preservação de sua fauna, flora e dos povos originários que lá habitam.
Para saber mais sobre o músico e conhecer outras de suas belas composições, visite seu site: www.sergiotaza.com Clique na imagem para ouvir a música |
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Cultura e Povos Originários do Brasil Acolhimento, pertencimento, aprendizagem, vivência e expressão, tempo-espaço são palavras significativas quando falamos da cultura. Cada cultura é uma expressão multirreferencial e multidimensional da realidade. A multirreferencialidade diz respeito à diversidade constituída pela visão de mundo e expressões de teor artístico-político-social-espiritual de uma dada cultura. A multidensionalidade refere-se à nocão de diferentes níveis de realidade através dos quais ela se manifesta. Neste sentido, cada cultura se revela através de um nível prático-gestual, suas ações e ritos; de um nível lógico-epistêmico, suas formas de pensar e conhecer; de um nível mítico-simbólico, suas maneiras de sentir, de expressar e articular a intuição sensível e racional e de um nível de mistério, aquele constituído pelo insondável, inominável, indizível e que, por vezes, se espelha por abstrações e metáforas. Assim, podemos dizer que as culturas não são disciplinas; seu universo parece muito mais de uma natureza transdisciplinar, daquilo que está entre, através e além das disciplinas. Sejamos conscientes ou não, nosso “ser no mundo” desde o seio da mãe até a morte, é impregnado de um substrato cultural. Somos cidadãos de uma cultura ou, até mesmo, de mais do que uma única cultura e, talvez, também, de um espaço onde diferentes culturas podem dialogar. |
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Esta foi a introdução que escrevemos para a apresentação do livro Oré Awé Roiru’A Ma [Todas as vezes que dissemos adeus] de autoria de Kaká Werá Jecupé em 2002, publicado pela Editora TRIOM que fala da trajetória da grande nação Guarani e de como ela resistiu, a duras penas, às diferentes fases de exploração, mostrando um pouco da sua história e os desafios de assimilação e de transformação dos dias atuais. Hoje ela ficou reduzida a pouco mais de cinco ou seis mil representantes que lutam para manter seus costumes, sua religiosidade, vínculos profundos aos cultos tradicionais que, segundo Pierre Clastres, é “fonte e fim de sua força de viver, que até em data recente o mundo branco permanecia na total ignorância desse mundo dito selvagem, desse pensamento do qual não se sabe o que o torna mais admirável, de sua profundidade propriamente metafísica ou sua suntuosa beleza da linguagem que o exprime.” Os Guarani, como todos os povos originários do Brasil, estão atravessando um tempo extraordinário: tanto aquele de se mostrar como originário para fora de seu território quanto aquele de se adaptar ao mundo de hoje, necessidade visível, sem, no entanto, perder suas origens e suas raízes. |
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Fotos tiradas na Aldeia Guarani do Jaraguá ─ São Paulo, por Adriano Gambarini para livro Oré Awé Roiru’A Ma de Kaká Werá ─ TRIOM |
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