Reflexão - Odilon Redon (1840-1916, França)

CETRANS HOJE

THE SILENCE

Published by Seed Group International

 

The essence of love is in silence, and in the folds of it God is evident.

Where there was darkness, when the silence is held in understanding, there becomes light.

Where there was ignorance, when the silence is held with will, there is wisdom.

 In that which is obscure, when the silence is held with purpose, there is meaning.

Come then to know the eternal silence, that which is beyond all things,

that which vibrates with the eternal tone of the universal purpose.

O seeker catch one echo of this silence and all sounds thereafter will not be as they were before.

Do you bring that heart of silence and let it begin to heal within the self,

for in such silence are swallowed up all of the flames of desire,

and the personality becomes mastered by the silence and held in steadiness.

Out of  the silence does the seed grow in the earth, that fruitful silence from which all things spring.

It is the silence of the eternal Mother; it is the silence in which the worlds are born.

It is the great shout of the Eternal when the worlds come into being,

so tremendous that it is silence, more deep, more filling, more pure than any other thing.

Come then, searchers, seat yourself in the silent place where you reside in the One Self,

 and from there come to understanding.

 

 [from an arcane text]                                                                             

 

O SILÊNCIO

Publicado por Seed Group International

 

A essência do amor acontece no silêncio, e em suas dobras Deus se evidencia.

Onde havia escuridão, quando o silêncio vigora na compreensão, lá se torna luz.

Onde havia ignorância, quando o silêncio vigora com vontade, há sabedoria.

Naquilo que é obscuro, quando o silêncio vigora com propósito, há sentido.

Venha, então, conhecer o silêncio eterno, que está além de todas as coisas,

Aquele que vibra com o tom eterno do propósito universal.

Ó buscador, pegue um eco desse silêncio e todos os sons,  a partir de então,  eles jamais serão como  eram antes.

Sim, traga aquele coração do silêncio e deixe que ele comece a curar dentro do Si-mesmo,

pois em tal silêncio são tragados todas as chamas do desejo,

e a personalidade se torna dominada pelo silêncio e abrigada na quietude.

Do silêncio a semente cresce na terra, daquele silêncio frutífero do qual todas as coisas brotam.

É o silêncio da eterna Mãe, é o silêncio do qual os mundos nascem.

É o grande grito do Eterno quando os mundos veem à existência,

tão tremendo que ele é o silêncio, mais profundo, mais pleno, mais puro do que qualquer  outra coisa.

Venham, então, buscadores, sentem-se  no lugar silencioso onde vocês moram no Uno,

e desse lugar  venham ao  entendimento.

 

[de um texto arcano, tradução Vitoria M. de Barros]

ACONTECÊNCIAS

Temos o prazer de anunciar o lançamento do livro  Transdisciplinariedad y Education del Futuro, que tem como organizadores: Florence Dravet, Florent Pasquier, Javier Collado e Gustavo Castro. Foi publicado pela Cátedra da UNESCO da Juventude, Educação e Sociedade e Universidade Católica de Brasília. O presente volume contém uma introdução escrita por Basarab Nicolescu e 14 capítulos com diversos artigos de pesquisadores transdisciplinares que nos apontam a evolução dos conceitos e a aplicação de novas abordagens da Transdisciplinaridade. Vale a leitura.

 

Para download gratuito do livro acesse aqui

Ideli Domingues: Aconteceu em 09, 16 e 23 de maio três encontros virtuais com o tema Autorreconhecimento de Si- Mesma/o e Triunfo. Nesses encontros o processo foi conduzido para iluminar aspectos presentes nos participantes, mas nem sempre considerados e fortalecidos. Com esse revigoramento pretendeu-se que uma nova atitude pudesse nascer e surgir uma abertura para novos caminhos. 

Nele tivemos : palavras – semente; práticas breves de meditação; contação de histórias; exercícios do movimento sistêmico circular virtuoso; produção de uma pequena obra final e, claro: diálogos apreciativos.

 

Além desse encontros, ocorrem  desde abril As lives Histórias em Momentos de Crise e Diálogo Apreciativo, sempre às quintas-feiras, às 19:00 no Instagram: @espacoidelidomingues e no seu canal YouTube.

O Dr. Marcelo Demarzo, coordenador de Mente Aberta – Mindfulness Brasil, concedeu uma entrevista sobre a importância do Mindfulness em época de pandemia, aos jornalistas Felipe Vieira, Eduardo Castro e Marcello D'Angelo no Programa "Especial Bandnews" de domingo, dia 24/05.(assista no final do vídeo 1:54:22)                                     

Ver no link: shorturl.at/jmzMR

Marcos Vieira:  Este mês estou me lançando como músico e sob o nome artístico de MTao. As músicas seguem algumas estratégias da musicoterapia e outros estudos e abordagens aprendidas enquanto musicólogo. Neste primeiro passo, fiz um set de músicas para meditação e a versão das mesmas músicas para prática de Reiki [a cada 2 minutos há o tilintar de um leve sino]. Ao navegar pelo site vocês encontrarão outros sets de músicas [eletrônica experimental], um blog [bem no início]. Enfim, será um prazer tê-los como ouvintes. shorturl.at/ltuYZ

O Dr. Fernando Antonio Bignardi, médico e gerontólogo da UNIFESP, mostra técnica baseada no apoio dos pés, na respiração e na criação de vitalidade no programa "Globo Repórter" – shorturl.at/ENRV1. Ele tem realizado, também, encontros online, via Zoom, com o tema 'Ciência Contemplativa Fenomenológica de Hildegrad von Bingen' sempre às quartas-feiras às 17h. Esses encontros são organizados por Heloisa Pimentel, tendo necessidade de inscrição prévia.

Já no programa Pós Zé da Radio Campeche 98,3 FM, em Florianópolis, liderado pela radialista Martha de Lima, o Dr Bignardi falou de um curso-vivencial de transformação pelo acesso ao eu interior, por meio de uma vivência na floresta: o 'Florescer na Mata'. Esclareceu, então, sobre sua pesquisa de já trinta anos, cujos estudos tratam sobre as possibilidades de envelhecer de forma saudável. Ele tem uma abordagem sobre saúde e tempo de vida que esclarece sobre o por quê algumas pessoas vivem o envelhecimento cheias de sintomas de doença e, outras, ao contrário, cheias de vivacidade; ao lidar com suas dificuldades as pessoas devem ter uma atitude positiva sobre suas escolhas de vida.  Como médico e homeopata, sugere possibilidades para chegar à melhor idade com saúde, de expandir o olhar em tempos incertos, e de como ver oportunidades mesmo diante de um cenário de pandemia.

A escritora Cleo Busatto está realizando durante o período que vai de 20 de maio até 24 de junho uma oficina denominada 'Contar Histórias em Tempo de Quarentena' (e em outros tempos), sempre às quartas e sextas-feiras das 16 às 17 horas, via Zoom.

 

Cleo tem, também, um canal no YouTube com muito material criado por ela e disponível a quem se interessar pelas suas histórias:

 

https://www.youtube.com/user/clbprodu

Mariana Thieriot Loisel divulga o lançamento do seu livro 'Ser Ioga – o esforço silencioso das sementes', agora em português, em que ela descreve a prática da Ioga, atividade milenar, tanto física quanto espiritual. Acompanhando a evolução de uma lesão vivida, coloca uma questão fundamental: a prática da Ioga pode ter um efeito terapêutico? Poucos trabalhos imparciais foram feitos sobre esse assunto.

No entanto, um estudo recente mostrou o benefício de seis semanas de Ioga em sessões individuais de uma hora. O tipo de Ioga testado (Vini Ioga, derivado do Hata Ioga) melhorou a saúde mental, a sensação de bem-estar e a resiliência em pacientes tratados clinicamente para depressão e ansiedade. Essa prática tem, portanto, sido capaz de melhorar os sintomas de saúde mental além do que o tratamento médico por si só oferece. O livro de Mariana é a ferramenta ideal para todos aqueles que querem descobrir a Ioga ou aprofundar seus conhecimentos de uma prática agradável e que traz muitos benefícios há milênios. 

 

Disponível na Livraria DaBok2  

Para e-book da versão em português, solicitar pelo whatsapp +55 (41) 9 88452520 

 

Mariana elaborou, também, uma série de vídeos denominados Slow Yoga para serem usados pelas pessoas que estão em quarentena na Clinica em que ela e seu marido, Dr. Patrick Loisel, estão confinados. Esses vídeos passam na TV da própria clínica e, assim, todos que lá estão, podem se exercitar. Os vídeos se encontram no canal YouTube da mesma: 

UM PONTO DE INTERESSE

Ganhar ou caminhar para Ser: como fica isso na pandemia?

 

 

Trabalho não é só o que as pessoas pensam que é.

Não é apenas algo que, quando está operando, pode ser visto de fora.

Jalaluddin Rumi

 

Certa vez, num treinamento vislumbrei na prática de atenção plena no caminhar o que é não ter onde chegar, não ir a lugar algum. Eu tinha apenas que estar ali... naquela caminhada, plena de mim. Foi uma experiência tão maravilhosa que entendi o que Simon Sinek (2020) quis dizer quando fala sobre a maneira finita de jogar/ viver quando temos algo a ganhar, uma meta a atingir, seja um cargo, seja uma mudança de carreira. Isso é o que os jogadores de futebol, ou de outra modalidade, vivem.

Eles possuem  regras fixas e uma meta clara a atingir. Há um comum acordo em relação a elas e penalidades para quem as transgride. Os jogadores do “finito” são identificados. Mas, no jogo infinito há jogadores identificados ou não, as convenções podem ser rompidas, a qualquer momento, ou seja, a transgressão pode ocorrer, seus horizontes são amplos, infinitos, não há onde chegar e, portanto, não há como vencer. O que está em jogo, me parece, não é o ganhar mas o participar de uma jornada transformacional. A intenção aqui é não ficar fora “desse” jogo, o da própria transformação.

As pessoas, de um modo geral, e os líderes, em particular, com mentalidade finita que estão nesse jogo infinito no qual, nós humanos nesta epoché* participamos, vivenciam vários tipos de problema, pois sua meta é ser vitorioso sobre “seus concorrentes”.

A competição, a concorrência, o medo de ser vencido e superado são alguns dos grandes desafios. Os que possuem uma mentalidade infinita, evidentemente, que no jogo infinito vão desfrutar de níveis mais elevados e salutares de confiança, de colaboração e segurança.

 

A pandemia que ora nos assola, mundialmente falando, nos traz muitas questões, dentre elas é a percepção restrita ou ampla da vida e do mundo como um jogo infinito.

A jornada transformacional não é repentina, não há tempo para ela começar ou terminar, mas é construída por breves momentos de completude, de uma alegria que não tem, necessariamente, uma razão. Coisas pequenas, mas que parecem muito grandes e belas como o canto de um passarinho, um obrigado por uma verdura à sua porta, a camaradagem de uma pessoa ou um trabalho conjunto feito em maior harmonia e fluxo.

 

A palavra jornada nos leva a “herói” e isso significa ir de encontro a uma verdade e mais que isso, viver segundo ela. [Campbell]

Como seria então, vivermos uma jornada de transformação que nos permitisse viver segundo nossas verdades mais profundas?  Quem somos, afinal? O quê mudaria em nossas vidas, segundo essas descobertas?

 

Como seria o despertar da bela adormecida em todos nós? O deixar o sol entrar, após um momento de conexão, como o beijo do príncipe que faz acordar a princesa e tudo o que os cerca... a floresta revive, toda a vida ressurge. De que maneira seria nossa vida vicejante, se ela ocorresse, pós pandemia?

Referências:

Sinek, Simon. (2020): O jogo infinito. Trad Paulo Geiger. Rio de Janeiro, Sextante.

 

* Epoché: palavra grega que significa suspensão do juízo, foi cunhada primeiramente pelos céticos [séc. IV a.C.) e utilizada por Edmund Husserl [1858-1938] em seus escritos sobre fenomenologia. Este a definiu como o momento que suspende o mundo no tempo e no espaço, permitindo a quem medita conhecer-se a si próprio e tomar consciência da sua própria essência, e a autoconsciência adquirida desta forma é o “eu puro”.

 

No sentido do texto, o significado foi tomado de Martin Heidegger [1889-1976] que a define como um momento de suspensão de profunda opressão que corta toda palavra, emudece e dissolve toda familiaridade em agonia. O significado dessa palavra se revela com intensidade no sentimento da angústia que se apresenta como uma espécie de parêntese na estrutura do mundo. A epoché não é um comportamento escolhido ao acaso, mas é ela que nos assalta, através desse sentimento.

 

A escolha dessa palavra cabe bem no momento em que vivemos, pois é um momento planetário de suspensão causado pela angústia da possibilidade concreta de morrermos quando o ego do cogito (do pensamento racional) se ausenta é só temos a pura existência do homem no estremecimento do estar suspenso onde nada há em que se apoiar.

PALAVRA DO LEITOR

Maria F. de Mello: A Transdisciplinaridade, como tantas outras vertentes de pensamento, conhecimento ou sabedoria, sejam elas de fundamentação filosófica, política, científica, artística ou mística se ocupam de uma forma que lhe é própria em elucidar o que é o humano, do que se trata a humanidade e de como viver nela quem somos.

 

A dificuldade é que essa relação imaculada de Re-ligare, se perde ao tornar-se ação, ao tentar articular abstrato e concreto, o Real e a realidade. Por diferentes motivos e motivações essa religação se mascara pela perda de sentido, pelo uso indevido do poder, do comando e controle de pessoas sobre pessoas, que aderem muitas vezes a interesses egoístas, intenções espúrias, ignorância, ganância e mais. A história evidencia com clareza que essa doença acomete pessoas, projetos, movimentos, instituições, governos. É lamentável que a grande maioria daqueles que formam uma sociedade, já demonstraram que não aprendem com ela. Isso nos leva, enquanto individuo ou coletividade, a um grande mal estar que se espelha no ambiente onde vivemos, num certo sentido, somos subjectum a essa doença. Contudo, a cada choque religioso, político, econômico, sanitário, seja ele pessoal ou coletivo, uma brecha se abre para evidenciá-la e, talvez, tratá-la e curá-la.

 

Mas o que se mostra nessas ocorrências?  Nelas emerge o clamor pela transformação. Todavia ela, na maioria da vezes, não surge  como que por um passe de mágica ou pela vara encantada que dispensa um Pó de Pirlimpimpim, que pelo nosso cansaço e desejos gostaríamos que assim acontecesse. Mas se não for assim, <<Quando?>>, <<Como?>> e <<Para quê?>>. Quanto ao <<Quando?>> não sei, mas quanto ao <<Como?>> e ao <<Para quê?>>, talvez consiga dizer algo. Intuo que  a almejada transformação poderá vir primeiro no âmbito pessoal e, talvez,  depois, com reflexos no coletivo. 

 

 O <<Como?>> poderá acontecer na medida em que nosso processo evolutivo for se dando e formos, discreta ou repentinamente, deixando de ser Homo Hypnon, homem adormecido ou Indivíduo Essência, aquele já menos adormecido, porém ainda centrado no individualismo que discrimina, separa,  que pode até versar sobre os entes. Mas, pouco ou nada se conhece do Ser, para nos abrirmos à aventura de nos tornarmos, Homo Sapiens, realmente humanos. Ainda a realizar essa jornada! <<Para quê?>> para experimentarmos, em existência, nossa essência, nossa mais genuína liberdade, a legitimação de nosso Ser/ Sendo mais originário, verdadeiro e belo, nesse intervalo entre vida e morte,  para o bem pessoal e, quiçá, coletivo  –  se der tempo!

Vicente Lourenço de Góes: A crise que atravessamos, como toda crise, pede escuta. Ao empreender esta abertura reconhecemos complexidade e incerteza. Dois aspectos inerentes à vida, que ja estavam instalados antes, mas talvez sem seus efeitos mais drásticos, como vemos acontecer agora. Como lidar com essas duas grandes forças? A atitude que conhecemos, empregada nos desafios do século passado é "pegar pelos chifres", mas receio que com esta não estaríamos produzindo relações qualitativamente distintas das que nos levaram ao problema em primeiro lugar.

 

Não podemos "resolver" o "problema" da complexidade, mas nos aproximarmos dela, e nos deixarmos transformar pelo que nosso tempo pede ou exige. Perder controle, então, não significa uma desistência ao caos, mas transferir o primado cultural da civilização da racionalidade para a integralidade, que se mostra em fluxo, em movimento. Da coisa, do ente, para o entre, através e além. Uma mudança na concepção e experiência da realidade já anunciada pelos físicos quânticos como a tarefa de nossa humanidade.

 

Abraçar a incerteza vem junto com manter a coerência neste movimento, e nos abrirmos para a realidade de sermos passagem, nos identificando mais com o processo de caminho, do que com os ideais almejados. Como podemos seguir sem a ilusão da permanência de uma maneira de ser, de um modelo de ser, de um modelo de sociedade baseado no acúmulo e no controle?

Leandro Thesin: Recebi recentemente o convite para colaborar na Coordenação da Unidade de Ação Publicação do CETRANS. Fiquei surpreso pelo convite! Me senti feliz e, ao mesmo tempo, pensativo sobre a responsabilidade, pois tenho admirado as iniciativas e qualidade do CETRANS ao longo dos anos. Acredito que seja uma ótima oportunidade para muito aprendizado e trocas edificantes. E que possamos compartilhar, cada vez mais, esses conhecimentos com outras pessoas. 

 

Muito obrigado pela oportunidade.

Marcos Vieira: Que mês interessante!!! As oportunidades bateram em minha porta todas de uma vez... que mês interessante!!! Uma delas, recebi o convite para cooperar junto a coordenação das UAs do CETRANS. Que honra! E que alegria trabalhar com pessoas tão intensas. Minha pasta tem como objetivo cuidar da alma de nossa comunidade... alma, anima, animação!

 

Dedicarei ouvidos empáticos para compreender a singularidade de cada um e a complexidade de todos nós nesta grande web of life.

 

Gratidão pela confiança e abertura.

Javier Collado-Ruano: Nos últimos meses, muitos países falaram de incluir o Green New Deal (GND) em seu programa de recuperação da pandemia de COVID-19, porque as mudanças climáticas aumentam o risco de tais epidemias. A situação atual exige a transformação dos hábitos sociais de acumulação de capital e exploração ambiental, especialmente nos chamados países do 'Norte Global'. A crise multidimensional trazida pelo COVID-19 em 2020 abalou os pressupostos epistemológicos de um crescimento econômico ilimitado.  

Como muitas pesquisas científicas vem mostrando desde 1970, o modelo socioeconômico capitalista não pode ser universalizado porque é um modelo injusto e insustentável. Falar dos limites do crescimento significa entender que a economia é um subsistema do nosso planeta Terra. 

O crescimento econômico está baseado na espoliação sistemática dos recursos materiais e energéticos da natureza. Nessa linha, a União Europeia acordou o European Green Deal, com o fim de ser o primeiro continente neutro em termos de clima em 2050.

 

Levando em consideração as políticas do GND no horizonte, desenvolver políticas educativas transdisciplinares não será uma ação isolada, mas uma necessidade urgente que os governos, instituições internacionais, setores privados e sociedade civil tem que adotar para enfrentar a crise civilizatória atual. É por isso que a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2021-2030 como a ‘Década das Nações Unidas sobre Restauração de Ecossistemas’ para combater a crise de mudança global. Mas precisamos ir além do conceito de sustentabilidade, que já não é suficiente. Enquanto a noção de desenvolvimento sustentável está focada em minimizar o impacto humano negativo no planeta, o desenvolvimento regenerativo se enfoca em maximizar o impacto positivo dos seres humanos na Terra.  

 

Isso significa que o desenho regenerativo deve estar enraizado nos currículos educacionais para permitir que os cidadãos sintam, pensem e ajam em harmonia com a natureza. É necessário um diálogo inter-epistemológico entre os conhecimentos científicos-académicos e as práticas culturais regenerativas que ainda estão presentes nas comunidades ancestrais, indígenas, afro e mestiças. Infelizmente, muitas dessas práticas, cosmovisões, espiritualidades, rituais, manifestações artísticas, sabedorias, emoções e sentimentos de ligação com a natureza e o cosmos, não são medíveis, comensuráveis ou quantificáveis, por isso o método científico e o mundo acadêmico as esqueceu historicamente.

 

Então, será possível criar ‘culturas regenerativas’ na década de 2020? Ou pelo contrário veremos como os governos e as empresas transnacionais continuam com a sua monológica e monocultura de pensamento baseada na economia tradicional mais ortodoxa? O debate está servido, anima-se aos leitores a trazer as suas opiniões críticas.

 

5 de junho foi Dia Mundial do Meio Ambiente.

REFLEXÃO PESSOAL

Denise Lagrotta: Nesta estação do inverno, aceitei redigir a sessão Reflexão Pessoal da CETRANS Inter@tivo − CI@45, que gira em torno do acontecimento da pandemia do COVID-19. Parecia-me ser uma tarefa simples, mas confesso que ela se revelou extremamente complexa. 

 

É como se estivesse num barco à deriva em plena tempestade, e me fosse demandado interromper as manobras de sobrevivência para simplesmente pensar sobre o que estava sentindo naquele momento.

 

Decidi, então, fazer anotações dos insights que me emergiam; parte deles aqui relato.

 

A quarentena mostrou-me ser uma ferramenta eficaz no exercício da presença.

Percebi com bastante clareza que sou, simultaneamente, o espelho, a criadora e a observadora da minha realidade. Como disse Flora Whitemore, “as portas que abrimos e fechamos a cada dia decide as vidas que vivemos”. Ou seja, tudo depende da atenção que coloco sobre qualquer coisa ou acontecimento que experimento no tempo que me é dado viver.

 

E aí, quase que num passe de mágica, me vi agradecendo profundamente a abundância que cerca a minha vida. A mera observação diária das plantas tornou-se um exercício de trabalho interior, uma alquimia como, por exemplo, a experiência de colocar uma semente de abacate dentro de um copo d’água no parapeito da janela da cozinha. E, após alguns dias, o olhar atento me revelou que um broto emergiu das fissuras daquela semente e, a partir disso, quantos insights...

 

O exercício do desapego também se mostrou imprescindível. Nem é preciso dizer o quão imperativo se fez em mim a prática de abrir  mão de ideias, pensamentos, coisas, manias, hábitos, ressentimentos... durante essa pandemia. Isso também me mostrou que somente é possível evoluir para um nível superior na medida em que a purificação do nível anterior vai se fazendo.

 

Claro que o passado pertence ao passado, mas ele também se encontra incorporado no presente e se impõe configurando o devir. 

Por outro lado, me vi refletindo sobre a importância dos laços afetivos e de tudo aquilo que deixamos de fazer ou que fazemos para atender às demandas do mundo contemporâneo. Será que isso seria um pensamento nostálgico? Daí me lembrei de uma frase de Yvon Chouinard:  “retornar a uma vida simples não é dar um passo para trás”.

 

Esses pequenos exemplos me levam a pensar que também sou feita de paradoxos. Esses pequenos exemplos me levam a pensar que também sou feita de paradoxos.

Agora me questiono: O que ainda posso acrescentar dessas experiências cruciais que a pandemia me trouxe e das tantas anotações que tenho feito até aqui? Ah, reconheço a minha completa impotência, a minha fragilidade perante o devir. Render-me à impossibilidade do controle sobre o que virá e, em que cronologia, parece ser uma escolha sensata, apesar do peso da sombra com que o desconhecido me acomete.

 

Difícil foi formular uma conclusão sobre o que tinha escrito até aqui. Então, fui meditar, pedir e me abrir para ouvir, registrar um insight a fim de finalizar esse relato. Logo veio a ideia de abrir aleatoriamente o livro "Um sopro de vida", de Clarice Lispector, e saltou-me aos olhos o seguinte parágrafo:

 

Eu, alquimista de mim mesmo. Sou um homem que se devora? Não, é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus.

 

Nossa! E fica agora mais uma questão: quanto mais ainda será possível evoluir por conta do choque causado por essa pandemia?

UNIDADES DE AÇÃO – UAs

O mundo é mágico.

As pessoas não morrem,
ficam encantadas.

 

João Guimarães Rosa

 

As, até então, coordenadoras das UAs CETRANS reiniciaram os seus trabalhos em 2020 procurando organizar o novo ciclo e preparando a Assembleia de Membros de 2019 que, assim como no ano passado,  se realizou no ano subsequente. Para facilitar os trabalhos,  não necessitando encontrar local e para que mais membros pudessem participar, ela ocorreu, virtualmente, numa sala do aplicativo Zoom.

 

Para a Assembleia, também houve outra inovação: em lugar da apresentação de um folheto para mostrar as realizações do CETRANS, no ano passado, organizou-se uma exposição em PowerPoint. O intuito foi para divulgar isto e os eventos de nosso Centro em breve, médio e longo prazo, bem como a parte financeira.  Posteriormente, junto à ata da sessão, esse foi disponibilizado a todos os membros. Quanto aos Parâmetros Normativos, nenhuma alteração foi solicitada pelos presentes, nem mesmo pelos membros que não puderam participar.

 

Cabe aqui registrar que neste começo de ano, com o falecimento de nossa querida e dedicada coordenadora da UA Comunidade, Marizilda Conceição Lourenço, o qual lamentamos imensamente, seu posto, ficou vago. As demais coordenadoras tiveram que assumir, juntas, a coordenação que lhe cabia,  dando continuidade, de forma provisória e da melhor maneira possível.

 

Como desde o ano passado também outra Unidade de Ação carecesse de coordenação, foram escolhidos dois membros CETRANS para assumirem esses postos: Marcos Antonio Vieira para a Comunidade e Leandro Henrique Thesin para a Publicação. De maneira muito gentil e sem muitas delongas, os dois, cada qual com sua expertise, assumiram os trabalhos e as tem executado com afinco e dedicação.

 

Em seguida, com o advento da quarentena obrigatória devido à pandemia do Coronavirus-19, as reuniões de coordenação começaram a acontecer virtualmente. Tendo o quadro de coordenação sido completado, houve a necessidade de se alterar as ordens dos dias, para se iniciar de maneira coerente as novas reuniões, com novos textos para estudo e com discussões a respeito das funções de cada, agora,  coordenador ou coordenadora.  Já os estudos que estavam em curso,  a leitura e reflexão sobre o livro de Martin Heidegger, "A origem da obra de Arte",  serão concluídos em encontros especificamente marcados para esse fim, contando com a presença apenas do grupo anterior.

 

Interessante nesse contexto é mostrar que, na medida em que se iniciam novos mandatos, está ocorrendo de maneira bastante positiva,  uma verificação de documentos, listas, pastas, arquivos, aplicativos, funções e até mesmo revisão e atualização de nossos endereços eletrônicos e de nosso site.

 

É um novo CETRANS que se delineia no horizonte, com uma equipe que promete um exercício de qualidade, harmonioso e de respeito mútuo, inspirado sobremaneira na Transdisciplinaridade.

CETRANS RECOMENDA

Este CI@45 foi todo concebido e realizado em plena Pandemia que estamos vivendo, quando estamos em casa e o mundo quase parou. As recomendações do CETRANS, portanto, terão um caráter diferente, isto é, serão recomendações para se assistir de longe, via mídia digital. Muitas instituições encarregadas de mostrar obras artísticas disponibilizaram seus acervos, muitas apresentações musicais ou imagéticas foram oferecidas via internet, que se transformaram no modo possível de se acompanhar o que anda acontecendo ou aconteceu nessa área. Pudemos revisitar muitos eventos que, possivelmente, passaram despercebidos para nós. Este é um tempo de ver e rever filmes novos e antigos, de ver exposições virtuais dos principais museus internacionais, de ler livros que jamais leríamos se não tivéssemos que permanecer tanto tempo em casa. Isso foi possível porque muitos de nós pudemos permanecer em casa, graças aos que tiveram de continuar exercendo suas funções por serem essenciais e terem que continuar servindo a comunidade, a quem agradecemos com muito reconhecimento.

 

:Links recomendados:

Belas Artes à la Carte, sempre com novas atrações e filmes novos e antigos. Veja a programação neste link

 

Springer e-books com mais de 400 livros para download gratuito; este é um programa complemento às iniciativas da divisão de Educação Superior Internacional Macmillan (MIHE) da Springer Nature para apoiar acadêmicos e estudantes com seu ensino e aprendizado durante esse período difícil, até julho. Acesse neste link 

Museu de Arte de São Paulo: #maspemcasa O MASP, em seu perfil @masp no Instagram, indica todas as terças-feiras, uma obra de seu acervo que servirá de inspiração para crianças e adultos desenharem;  às quartas, às 16h, o museu promove, um encontro virtual do projeto "Diálogos"; e às quintas-feiras acontece uma live semanal, com conversas entre curadores do museu e convidados.

 

Japan House: #JPSP ONLINE em seu site apresenta muitos documentários sobre suas exposições e sobre a Cultura Japonesa.

 

Museu da Imagem e do Som: #MISemCASA

Exposição virtual de León Ferrari [1920-2013] no site da Galeria Nara Roesler: A exposição vai mostrar a partir de 04/06/2020, 30 obras do autor em vários períodos e tem como curador o venezuelano Luis Pérez-Oramas. León é de origem argentina, mas morou grande parte da sua vida no Brasil para onde veio depois de ter sido perseguido pela ditadura de seu país.

Acesse o link

Google Arts and Culture – A Google disponibiliza neste ambiente virtual desde jogos e trabalhos para se fazer em casa como labirintos (mazes), livros para colorir com imagens de pintores famosos, como também aplicativos (Art Transfer) que transformam uma simples foto em “obra de arte” – no estilo que o visitante  escolher –, ou projetar na parede de sua sala um quadro imaginário. 

 

É possível encontrar obras de arte em sua cor predileta, retratos feitos por artistas que se parecem com você, visitar jardins e locais,  realizar um tour por locais lindos e famosos, encontrar artefatos desde a pré-história até nossos dias.

É possível também no Google Arts and Culture visitar torres, castelos, palácios e museus do mundo inteiro: de arte, história e cultura, folclore e arte popular, da morte, de ciência, matemática, arquitetura, costumes (indumentárias), marinha, street art, postal (correio e selos), de religiões, do design, cerâmica, memoriais – as denominadas 'galerias imersivas'

Desta forma poderá conhecer, com ajuda de seu celular/ computador, os ambientes em 360° e as obras lá contidas, em todos os mínimos detalhes, já que as fotos são de alta resolução; ou estar virtualmente em casas-museu de artistas famosos (como a de Diego Rivera e Frida Kahlo) e conhecer os utensílios pessoais dos artistas,  seus materiais de trabalho artístico, alguns quadros e até mesmo suas muletas e cadeiras de roda. Aproveitem estes momentos de isolamento social, para descobrir as inúmeras possibilidades de visitas, trabalhos e conhecimento que o Google Arts and Culture disponibiliza. O acesso é pelo link https://artsandculture.google.com/

Instituto Moreira Salles apresenta uma série de atrações no site www.ims.com.br 

 

Para crianças e jovens que gostam das histórias de J.K.Rowling, autora da coleção Harry Potter, será colocado online  capítulo por capítulo o livro de contos "The Ickabog".  Foram publicados os cinco primeiros capítulos em inglês no site do projeto “The Ickabog” e poderão ser lidos em português em breve. O livro também, em sua versão física, será publicado pela ROCCO.

O Festival de Cannes na sua 73º edição que será realizado em forma virtual, sem concorrentes ou premiações desta vez, exibirá online toda sua programação durante o evento.

 

Datas a conferir no site oficial: 

https://www.festival-cannes.com     

Museus dos EUA adotam técnicas de arteterapia para ajudar o público em tempos difíceis da pandemia. Grande parte dessas iniciativas deve-se ao programa adotado pelo Museu de Belas Artes de Montreal, permitindo aos médicos a prescrição de acesso gratuito a suas galerias.

 

Uma das iniciativas vem do Queens Museum com o Programa “La Ventanita”, oferecendo a sociabilização de falantes da língua espanhola por meio de aulas de arte guiadas sobre autoexpressão.

O Museu de Arte de Cincinnati, em Ohio, planeja treinar mais de 100 docentes voluntários em técnicas de arteterapia que os ajudarão a receber visitantes quando o museu abrir.

 

O Museu de Arte Rubin planeja reiniciar seu podcast de meditação e direcionar alguns de seus programas de aprendizado para os afetados pela covid-19 com obras de arte pensativas, como uma estátua dourada da deusa hindu Durga no século 13.

A necessidade da Arte é fundamental na vida do ser humano.

É como o ar que respira. E não existe nenhuma possibilidade de dissociar a Arte do ser humano. Ele precisa de Arte. Em qualquer instância, em qualquer estamento social, em qualquer segmento, a Arte é fundamental.

José de Anchieta Costa – cenógrafo e figurinista (1948 – 2019)

O Theatro Municipal de São Paulo amplia oferta de conteúdos digitais e de seu acervo ainda inéditos para acesso gratuito na Internet: performances de câmara de seus artistas em casa, cursos livres com apoio de material pedagógico, gravações solo em versões reduzidas para piano (para base de estudo voltada para jovens músicos), podcasts de ópera e encontros virtuais. 

https://theatromunicipal.org.br/pt-br/

A Universidade do Estado de São Paulo – UNESP,  através de seu canal de comunicação virtual Univesp TV, oferece um curso online gratuito de História da Arte. Composto por 29 videoaulas, o curso é voltado para graduandos e pós-graduandos interessados nas áreas de arte, história, pesquisa e cultura. Ministrado pelo professor José Leonardo do Nascimento, o curso apresenta movimentos artísticos locais dentro de uma perspectiva mais abrangente da história da arte. As aulas exploram a arte etrusca, o realismo da arte romana antiga e o diálogo com a Grécia, a arte cristã primitiva, a arte bizantina, as expressões artísticas medievais, como as Iluminuras, a arte Românica e o Gótico, até os primeiros momentos do Renascimento italiano. Os 29 vídeos apresentam o conteúdo de nove aulas do curso regular de graduação. O curso online não oferece certificado, seu objetivo é oferecer aportes para complementação de estudos e pesquisas. 

 

Neste período de pandemia, a Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – EdUERJ disponibiliza vários títulos da sua Biblioteca da Quarentena (BQ). Com isso, o acervo digital da BQ já soma mais de 40 obras disponíveis para download gratuito, em diferentes áreas do conhecimento. 

Uma brisa fresca em plena pandemia: visite o Jardim Botânico do Rio de Janeiro:

CALENDÁRIO
ESPÍRITO TRANSDISCIPLINAR

Nesta época de pandemia estamos quase todos isolados em nossas casas para nos proteger ou para proteger nossos semelhantes do COVID-19. Essa situação emergiu inesperadamente; nos tomou por completo individual e coletivamente.  Não é simples reconhecer que, enquanto seres viventes, estamos submetidos a condições de vida,  como  a um vírus ou a uma bactéria, por exemplo. Por fazerem parte do próprio sistema vivo podem chegar até nós e, como nosso sistema biológico não os reconhece, imediatamente aciona nosso sistema imunológico o que, como regulador de processos bios, pode tanto nos curar como nos matar.

E pensávamos que éramos invulneráveis porque a Ciência e a técnica a ela acoplada  criaram a ilusão que podiam  comandar e controlar qualquer acontecimento em nosso planeta e levaram muitos a acreditar que os tempos sombrios das <<incertezas>> tinham sido superados! O homem moderno acreditou que podia dominar quase tudo. Contudo, hoje estamos vivendo o desmoronar dessas <<certezas>>. 

Basarab Nicolescu já havia alertado para essa conjuntura quando escreveu o <<Manifesto da Transdisciplinaridade>> e reafirmou isso em um texto de 2018 que diz: <<vivemos em uma época de uma nova barbárie, que pode se caracterizar por três elementos: o Transhumanismo, o Panterrorismo e o Antropoceno>>.  [ver artigo no CI@43 - dez 2019 ]

 

Muitas questões, então, se nos colocam. Eis aqui apenas algumas delas: O que é ser contemporâneo? O que é ser/ estar no Mundo no século XXI? É ser descolado, ignorar as consequências do valor imputado ao dinheiro, usar muito bem a técnica, não mais podendo viver sem ela, aceitá-la sem sequer pensar no que ela nos manipula e transforma ao nos proporcionar tantas comodidades? É sermos seduzidos irremediavelmente por ela? Como temos vivido essas duas décadas de século XXI? O que nos atrai? O que nos distrai? Se refletidas, essas questões dirão muito sobre quem somos nós; elas são essenciais e, mais ainda, a forma de acessá-las forjará como se darão as nossas relações com os objetos, de como nos relacionaremos com os demais seres e de como nos ligaremos a eles. O Mundo  já está sendo reconfigurando a partir do que a nós chegará delas.

Desde o ano 2.000 muitas mudanças, principalmente tecnológicas, aconteceram no mundo que transformaram nossas vidas e o planeta. O processo da comunicação, por exemplo,  tem numerosas ramificações – a multimídia da internet, os computadores pessoais, o ciberespaço, smartphones, tablets e redes sociais – que se caracterizam por um denominador comum: o tele-ver e como consequência o vídeo-viver. 

A tela em que vemos o mundo, as coisas e a nós mesmos transformou o homo sapiens, produto da cultura da escrita, em homo videns para o qual a palavra foi destronada pela imagem, nos diz Giovanni Sartori.

 

Isto significa que o ser humano é mais um vidente que um homem simbólico porque estabeleceu a primazia do ver sobre o falar no sentido de que ouvir a voz daquele que fala passou a ser secundário: o diálogo é com a tela, mesmo que tenha alguém por trás dela. Vide o WhatsApp, as lives tão comuns no nosso tempo. E hoje mais do que nunca, estamos usando as telas para nos comunicarmos. E culpamos a técnica...

 

Mas afinal, o que é a técnica? A quem ela serve? Qual é a sua essência? Não devemos confundir técnica com instrumentos técnicos, pois a essência de alguma coisa é aquilo que ela é. Pertence à técnica a produção e o uso de ferramentas, aparelhos e máquinas, bem como lhe pertencem estes produtos e utensílios em si mesmos e as necessidades a que servem. O conjunto de tudo isto é a técnica, nos diz Heidegger. Isto sempre existiu, pois, o homem é um produtor que cria objetos ou para suprir necessidades concretas ou para fazer arte: é a poiesis. A palavra para definir as duas atividades é a mesma: tecné. A técnica nesse sentido do fazer refere-se a um desvelamento de algo que não era e passa a ser, desencobre-se algo quando se fabrica algo, seja um sapato, uma máquina, um quadro, uma música, uma poesia. Portanto, não é na essência da técnica que está o perigo, mas de como ela se apropria de nós, de como ela toma um lugar impróprio desalojando o homem da sua morada. Hoje, ele não encontra mais lugar em parte alguma, consigo mesmo, isto é, com seu próprio ser.

 

O homem está tão decididamente empenhado na busca do que a com-posição pro-voca e ex-plora, que já não a toma, como um apelo, e nem se sente atingido pela exploração. Com isto não escuta nada que faça sua essência existir no espaço de um apelo e por isso nunca pode encontrar-se, apenas, consigo mesmo.  [Heidegger. Ensaios e Conferências, 2010: p. 30]

 

Na pandemia há um clamor para que essa reflexão seja feita. Em que medida teremos capacidade de ouví-lo  e responder ao seu apelo?

 

 

 

UA Comunicação  − Vera Lucia Laporta

UA Comunidade − Marcos Vieira

UA Formação − Denise Lagrotta

UA Gestão 1 − Vitoria M. de Barros

UA Gestão 2 − Ideli Domingues

UA Publicação − Leandro Thesin

 

São Paulo - SP, Brasil

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