Miyazaki Yûzensai [1654-1736]: Tsurus - símbolos da saúde, da boa sorte, felicidade, longevidade e da fortuna. |
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Ficção de que começa alguma coisa! Nada começa: tudo continua. Na fluida e incerta essência misteriosa Da vida, flui em sombra a água nua. Curvas do rio escondem só o movimento. O mesmo rio flui onde se vê. Começar só começa em pensamento. in Ano Novo de Fernando Pessoa |
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Comemorado seus 20 anos de existência no ano passado, o CETRANS vive agora um novo momento: é chegada a hora de se reajustar as ferramentas, expandir e renovar os caminhos para que se crie espaços para uma atuação proativa condizente com o olhar transdisciplinar. Eis que bate à nossa porta um novo ano. Duas décadas já transcorreram no século XXI. E qual será a nova direção a se tomar? Em 2018 foi criado um Memorial do percurso e, neste ano, 2019, um e-book está sendo elaborado para um registro mais abrangente das ações que marcaram os 20 anos do Centro de Educação Transdisciplinar, com o objetivo de propiciar uma reflexão profunda do trabalho realizado. O que levamos, nós, membros e coordenação do CETRANS, da experiência desse tempo transcorrido? Que ações foram importantes realizar até então? Que outras devemos buscar em função de novos tempos em que vivemos e que se avizinham? Até esse momento, dois documentos basilares nos servem de bússola para o viver e o proceder (Ser/ Fazer) como Seres TD que pretendemos ou somos efetivamente: a “Carta da Transdisciplinaridade”, redigida e assinada em 1994, durante o I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade realizado em Arrábida/ PT, e a “Mensagem de Vila Velha Vitória”, compilação das reflexões e discussões apresentadas em 2005, durante o II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade que aconteceu no Brasil e organizado pelo CETRANS. O livro Manifesto da Transdisciplinaridade escrito por Basarab Nicolescu em 1996, traduzido para o português e publicado pela Editora TRIOM em 1999, veio para inaugurar as ideias da Transdisciplinaridade respondendo aos desafios do mundo daquela década, mas que continuam valendo para o mundo conturbado em que vivemos. Nesse livro, Basarab nos mostra os desafios da vida contemporânea que coloca a ciência como única forma de conhecimento válido, mas, cheio de esperança, nos diz: (...) "Tudo está estabelecido para nossa autodestruição, mas tudo também está estabelecido para uma mutação positiva comparável às grandes reviravoltas da História”. (...) "O desafio planetário da morte tem sua contrapartida numa consciência visionária, transpessoal e planetária, que se alimenta do crescimento fabuloso do saber. Não sabemos para que lado penderá a balança. Por isto é necessário agir com rapidez, agora. Pois amanhã será tarde demais". Em 2018, 22 anos depois, durante o Being TD Cluj-Napoca realizado na Romênia, Basarab expôs sua preocupação diante do establishment deste século: (...) "Vivemos em uma época de uma ‘nova barbárie’, que pode se caracterizar por três elementos: o ‘Transumanismo’, o ‘Panterrorismo’ e o ‘Antropoceno’, que constituem o resultado de uma tripla barbárie, ontológica, lógica e epistemológica". (...) "Há um perigo, hoje, pela primeira vez na história: a extinção de toda a espécie humana". |
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Em 2019 foi anunciada a realização do III Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, que acontecerá em 2020 no México. Alguns grupos se organizaram, no Brasil, em função desse novo evento. Dos que temos notícia, um em São Paulo, liderado por alguns membros do CETRANS e outro em Santa Catarina, liderado pelo Prof. Daniel José da Silva da Universidade Federal de Santa Catarina − UFSC e membro CETRANS, que reuniu, com a ajuda da Profª Martha de Lima, um grupo de alunos e amigos professores que estudam a TD. |
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Esse grupo partiu para uma análise profunda da Carta da Transdisciplinaridade, elaborando vídeos, documentos e estudo do livro Manifesto da Transdisciplinaridade, reeditado neste ano em atenção a muitos pedidos, uma vez que as primeiras edições se encontravam esgotadas. O anúncio do III Congresso também levou à divulgação e distribuição de uma nova edição, esta digital, do Manifesto, em língua espanhola, disponibilizado gratuitamente na Internet. Da Capital Federal, mais precisamente da Universidade de Brasília – UnB, nos veio a notícia da publicação do livro “Transdisciplinaridade e Educação do Futuro”, organizado por Javier Collado-Ruano, Basarab Nicolescu e outros, com artigos destes e de demais professores. Concluindo, em função do Congresso do México, revendo documentos e livros que servem de base para o Ser/ Fazer TD, quais seriam as questões a se abordar, levando-se em conta a situação do mundo contemporâneo? Qual a responsabilidade do Ser TD − definido por Nicolescu como “o Ser da unidade do conhecimento”, “o pesquisador TD”, “aquele que enfrenta os desafios do mundo atual em toda a sua complexidade” na Pesquisa, Ação e Atitude diante do Si-mesmo, do Outro e de nossa casa comum, a Terra? Muitas outras questões podem ser levantadas pelas pessoas que se debruçam e desejam dialogar sobre assuntos que interessam a todos os habitantes deste Planeta, como salienta Ubiratan D’Ambrósio, com “uma postura transcultural de respeito pelas diferenças; de solidariedade na satisfação das necessidades fundamentais, e de busca de uma convivência harmoniosa com a natureza”; (...) “uma abertura de consciência em relação à inclusão social, à tolerância quanto às diferenças, em busca da Paz que almejamos alcançar, tanto em nossas comunidades quanto em nosso Planeta”. Referências Carta da Transdisciplinaridade http://bit.do/cartaTD NICOLESCU, Basarab. O Manifesto da Transdisciplinaridade. São Paulo: Ed. Triom, 2003. ------------------------------. La Transdisciplinariedad – Manifiesto. Sonora/ México. Multiversidad Mundo Real Edgar Morin, A.C, 2009. Disponível para download in https://bit.ly/2YXtDGg ------------------------------. Technological Singularity – The Dark Side: Transdisciplinary Journal of Engineering & Science, Article ID 00076, 2016 TheATLAS. Disponível in http://tiny.cc/o28rhz D'AMBROSIO, Ubiratan. Transdisciplinaridade. São Paulo: Palas Athena, 1997. DRAVEL F. PASQUIER, F., COLLADO, J., CASTRO, G. (Orgs.) Transdisciplinaridade e Educação do Futuro. Download in http://tiny.cc/gl3rhz |
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Este ano comemoramos 25 anos da criação da "Carta da Transdisciplinaridade" que foi elaborada durante o I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade em Arrábida/ Portugal. As diretrizes principais da Carta, que norteiam os projetos e ações da Transdisciplinaridade em muitos países, incluindo o Brasil, foram amplamente discutidos pelos participantes desse congresso por ocasião de sua elaboração. |
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O Prof. Daniel Silva, membro CETRANS, junto a professores e alunos da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, da Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC, do Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC e da Comunidade Colaborativa, elaborou uma atividade comemorativa desta data para discutir e divulgar os principais pontos da Carta através de grupos de estudos e programas da Rádio Comunitária Campeche [98.3], de Florianópolis. |
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Para a Comemoração dos 25 anos da Carta da TD foi elaborado um banner pelo designer Leopoldo Nogueira e Silva, cujo detalhe está no início desta matéria e a íntegra do belo documento pode ser visualizada neste link |
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A escritora Cléo Busatto: Com o objetivo de aproximar o leitor do autor e capacitar profissionais para a arte de contar histórias se realizou no mês de novembro de 2019, o projeto "Histórias da Cléo PR 2". Ao todo, sete cidades do Sudeste paranaense (Bituruna, General Carneiro, Mallet, Paula Freitas, Porto Vitória, Cruz Machado e Rio Azul) participaram da ação idealizada pela autora e viabilizada por meio da Lei Rouanet, com patrocínio da Sanepar e do Grupo Potencial. O projeto acontece em dois atos: a intervenção artístico-literária Histórias da Cléo e a oficina de formação de contadores de histórias Contar e Encantar, pequenos segredos da narrativa. O primeiro é um espetáculo para crianças que apresenta a obra literária da autora de maneira interativa, colocando a plateia como protagonista. |
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O segundo é uma oficina dedicada a professores, mediadores e agentes de leitura, que propõe a reflexão e a prática da arte de contar histórias. A ação acontece na Biblioteca Pública ou Cidadã de cada cidade participante, valorizando o uso da biblioteca e reforçando o conceito biblioteca-viva, ou seja, espaço que recebe e atua com cultura. |
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Margaréte May Berkenbrock-Rosito, participou do Colóquio Internacional "La Recherche Biographique en situations et em dialogues: enjeux et perspectives" quando apresentou e coordenou o Simpósio: "De l’ art et des multiples languages expressives en tant que médiations pour le récit de soi: des possibilibilités dans la recherche e formation" que se realizou na Université Sorbonne Paris 13, na cidade de Paris/ FRA, no período de 16 a 18 de outubro de 2019. Também participaram Rosvita Kolb Bernardes (UFMG), Luciana Esmeralda Ostetto (UFF), Ana Cristina Pereira (UFMG) |
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Margaréte May Berkenbrock-Rosito, representando a Universidade da Cidade de São Paulo – UNICID/ CIERs-ed também participou da Mesa Redonda denominada Representações Sociais e Valorização do Professor: tensões e políticas na XI Jornada Internacional de Representações Sociais e IX Conferência Brasileira sobre Representações Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, em Porto Alegre, de 25 a 28 de outubro p.p., com Romilda Teodora Ens – PUCPR e FCC, Maria de Fátima Barbosa Abdalla – UNISANTOS/ CIERs e FCC e Leila Cleuri Pryjma – IFPR. |
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Luiz Eduardo V. Berni participou da mesa redonda O Direito da Liberdade Religiosa e Cultura de Paz promovida pelo Fórum Inter-Religioso do Guarujá, durante o XVI Simpósio Internacional de Ciências Integradas da UNAERP, no Guarujá. Constituiram a mesa diversas autoridades locais e estaduais, entre elas o Secretário de Estado da Justiça e Cidadania com quem Berni dividiu os trabalhos, o que para ele foi uma honra. Na plateia, um público muito atento composto por lideranças religiosas, já amig@s, e estudantes de direito. O Credo da Paz é um dos textos mais importantes de Ralph M. Lewis (1904 -1987). O Credo da Paz é dividido em duas partes: “Sou responsável pela guerra” e “Sou responsável pela paz”, foi com este último trecho que Berni encerrou sua contribuição nesse fórum. |
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Maria F de Mello e Vitória M de Barros participaram do VIII Colóquio de Filosofia Oriental: A Antinatureza na Natureza e a Interculturalidade na Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP de 6 a 9 de novembro, evento coordenado pelos professores Antonio Florentino Neto e Oswaldo Giacóia Jr. O programa foi apresentado de 2 formas: palestras com falas individuais e 2 mesas redonda formadas por 3 membros cada. A 1ª foi constituida por 2 representantes de 2 nações indígenas – a Maxacali [Minas Gerais] e Kamayurá [Mato Grosso], ambas mulheres e um moderador chinês, que mora atualmente nos Estados Unidos; na 2ª, tínhamos dois representantes das nações Hunikuim [Acre] e Guarani [Sul do Brasil, atualmente morando no Acre] e um moderador nipônico que falava japonês, alemão e arranhava o inglês. |
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Foi um verdadeiro espetáculo intercultural e foi muito comovente poder ouvir as palavras e os cantos dos povos indígenas, tendo como mediadores uma chinesa e um japonês. A alma deles falou por eles e foi uma experiência transcultural emocionante! Além dessas duas mesas-redondas, outras apresentações dialogaram com as tradições filosóficas do Ocidente, da China, India e Japão. Mais detalhes in http://tiny.cc/wxashz |
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A jornalista Marina Machado, em seu programa "Capital Natural", entrevistou Fátima Caldas, médica neurologista e psicoterapeuta, fundadora e diretora do Instituto Gestalt de Vanguarda Claudio Naranjo e do Programa Sat Brasil para o desenvolvimento psicoafetivo e espiritual e Fernando Antonio Bignardi, médico homeopata, membro CETRANS, fundador e diretor do Centro de Ecologia Médica Florescer na Mata de Cotia, em São Paulo, e pesquisador do Centro de Estudos do Envelhecimento da Universidade Federal do Estado de São Paulo − UNIFESP. O programa versou sobre o tema depressão, que é uma doença silenciosa e invisível, mas que tem aumentado tanto entre nós, que só na última década passou a atingir 5,8% dos brasileiro – a maior taxa do continente latino-americano. |
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Até 2020, ela será a principal causa de incapacidade no mundo todo. Por isso, a Organização Mundial da Saúde passou a considerar a depressão como o mal do século XXI. Assista o vídeo: http://tiny.cc/akkthz |
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O Centro Mente Aberta Mindfulness Brasil, em parceria com o Oxford Mindfulness Centre − OMC, e o MBCT − Uruguay, organizaram o primeiro treinamento profissional em Teoria Cognitiva baseada em Mindfulness − MBCT para países de língua espanhola, na América Latina. |
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O evento aconteceu em Montevidéu/ URU, direcionado a participantes da Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Uruguai. Lideraram o treinamento os professores Paul Bernard e Thaís Requito, contando com a participação dos professores Marcelo Demarzo e Matilde Elices e o apoio do professor Willem Kuyken, coordenador do OMC. Saiba mais em http://tiny.cc/sc3shz |
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No dia 07 de dezembro p.p. em São Paulo, a escritora Mirian Menezes de Oliveira lançou seu último livro de poesias “Métricas Maceradas”, editado pela Scortecci Editora. "Métricas Maceradas apresenta-se como uma singela e minimalista obra, pretensiosamente organizada sob princípios homeopáticos. Sucinta... diluída... esfacelada... tenta, desesperadamente, aproximar-se do ritmo das batidas do coração, escandindo sentimentos em: sete, oito... dez sílabas poéticas... Os esboços e rabiscos poéticos assumem o papel de reorganizadores do CAOS, comportando-se como libélulas, na busca do voo equilibrado. Métricas Maceradas é veneno... Métricas Maceradas é antídoto... Talvez, poesia... Lógica da intuição". . |
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O livro foi ilustrado com fotos de autoria da própria escritora, também exímia e apaixonada fotógrafa da natureza. Para escrever o prefácio do livro, Mirian convidou a arte-educadora Vera Lucia Laporta, sua amiga de vários anos e, como ela, membro CETRANS. Ao evento acorreram diversos outros amigos, parentes, além de admiradores da poetisa. |
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Ideli Domingues O conhecimento é melhor que a riqueza. Você tem que cuidar da riqueza, mas o conhecimento cuida de você. Hazrat Ali |
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Nos tempos atuais, com um uso de palavras de maneira superficial sem que percebamos a qualidade da intenção por trás delas, notamos um desgaste em seu real significado. Como contadora de histórias, aprendi, com Clarissa P. Estés, que elas são para transformar, iluminar, relembrar, curar feridas, bem como para embelezar a nossa vida e a do nosso mundo. Com esse interesse, comecei a leitura de Noites Árabes: uma Caravana de Histórias, de Tahir Shah, filho do famoso contador de histórias sufi, Idries Shah. Seu relato é envolvente e fala de seu traslado, com a família, da Inglaterra para o Marrocos. |
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O choque cultural e os meandros que guardam significados invisíveis, encantadores e profundos desse país que, segundo ele, é permeado por crenças sobrenaturais. Uma zona além da imaginação, uma quarta dimensão, seu feitiço toca cada aspecto da vida, afetando a todos da maneira mais inesperada.(p.58). Em suas apreciações, é preciso observar, observar de verdade. Dessa maneira, ao ouvir mais sobre ele, você passa a sentí-lo e, ao sentí-lo, você começa a acreditar nele. Algumas passagens me marcaram muito. Uma delas foi quando Tahir, ao ficar confinado em uma prisão por vários dias, sem nada para apreciar ou ver, recorre às suas lembranças infantis, quando seu pai lhe contava histórias. Foram elas que o protegeram e o acompanharam nessa aventura até que pudesse sair de lá. Para os berberes, um dos mais antigos povos do continente africano, (...) cada pessoa nasce com uma história trancada em seu coração. Sua tarefa é procurá-la. Mas como você sabe que ela existe? Você, já viu seus pulmões? Pode não ter visto, mas tem certeza que ele existe... assim é a sua história. Quando você a encontra, você “sabe” que é sua história. Então você desperta, “se acende” e sua vida será cheia de realizações. Mas como encontrá-la? É preciso procurá-la e ela irá ao seu encontro. Essa é a busca de Tahir: da sua história ou, mais propriamente, da história do seu coração. E diante da pergunta de como encontrá-la, a resposta que obtém é que é preciso se preparar para recebê-la. E como se prepara para receber uma história? Assim como um atleta que não começa a correr sem antes se aquecer, você necessita preparar a mente. O preparo da mente inicia-se quando você observar com os sentidos imaculados da criança e apreciar sem preconceitos. Ver além do que é revelado pelos sentidos. Isso pode nos soar estranho, mas durante a leitura há um encontro com um contador cego, Murad, que gargalha diante da pergunta de como consegue andar pelas ruelas marroquinas sem ver. Ele responde indagando de que maneira Tahir sobrevive no mundo limitado se utilizando somente de um sentido? Seu coração se abre, quando você fecha os olhos, lhe diz o contador cego... Ou, como dizia seu pai: Aprenda a usar seus olhos como se fossem seus ouvidos e estará conectado com a antiga herança da raça humana, um mundo de sonho para a mente desperta. Referência SHAH, Tahir. Nas noites árabes: uma caravana de histórias. Rio de Janeiro: Roça Nova Ed., 2009. |
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Sandra Fuga: No quinto encontro CETRANS do Ser TD, no qual tive o grande privilégio de participar, fomos tocados pelo conto de J. G. Rosa − "O espelho", interpretado por Cleo Busatto. Foi o início de uma profunda reflexão do meu duplo, bem como os vídeos e as discussões mediadas: "Olho diante do espelho e o que meus olhos revelam são muito mais que olhos por detrás de uma moldura... Não me parece ser tão definido, com tantas incertezas que assombram. O bem, o mal.... o sim e o não, a verdade absoluta, a angústia. Então começo a olhar com os olhos da alma e muitas possibilidades estão à frente. O que eu vejo quase ninguém vê... E compreendo que o que está diante de mim, um reflexo de ondas energéticas, é a manifestação do meu reflexo." No sexto encontro CETRANS do Ser TD foram abordadas questões sobre o humanismo, a desumanização e a de-humanização com discussões de pontos de vista acerca das relações que se estabelecem, de acordo com o contexto, com o tempo e o espaço. Em continuidade foi abordado a grandeza da essência do homem que se encontra, na presença e na conjuntura das diversas realidades; a transcendência, o transumanismo, o que está além do que se pode ver. Assim, mediados por Ideli Domingues, sentimos a presença, num movimento irrigado de sentidos e sensações. Em seguida a experiência do milagre do silêncio. E como se não bastasse, fomos tocados pela música, numa organização de contrapontos, o complexo, a Fuga. Mediados por Maria F de Mello e Vitória M de Barros, analisamos as infinitas possibilidades ali existentes na desarmonia do som. A completude no entrelaçar das relações e a confluência. Assim, sou imensamente grata por estas oportunidades e aguardo outros momentos de reflexões acerca do Ser TD. |
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Marcia Robles: Eu gostei muito de ter participado dos cinco encontros Transdisciplinares Ser TD durante o ano de 2019, com os quais aprendi muitas coisas, que têm me ajudado no meu cotidiano e na vida em geral. Nesses encontros conheci pessoas bem legais totalmente diferentes de mim, porque temos profissões muito distintas, mas percebi que temos pontos em comum e somos mais parecidos do que à primeira vista parecia. Não somos tão diferentes assim. E nos próximos encontros, gostei tanto, que espero conseguir ir em todos! |
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Vera Lucia Laporta. Em uma destas noites, procurando nos diversos canais de TV por algo interessante para assistir, deparei-me com um ótimo documentário sobre Leonardo da Vinci, narrado por um de seus biógrafos, Walter Isaacson. Comecei a pesquisar na Internet outros vídeos, livros e artigos sobre o artista. Sendo assim, nessa busca, e por acaso, descobri que havia um estudo sobre um enigma escondido, mais precisamente, uma música oculta em um de seus mais famosos e belos trabalhos, realizado entre 1494 e 1498 e que se encontra na igreja Santa Maria Delle Grazie: A Última Ceia., |
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À procura de mais referências, encontrei o nome de Giovanni Maria Pala, músico e expert em informática italiano que fez uma extensa, depurada e belíssima pesquisa. Leonardo da Vinci com “sua capacidade de combinar a arte, a ciência, a tecnologia, as humanidades e a imaginação”, unia todas essas competências à de estrategista de guerra, inventor, arquiteto e musicista, além de ser um infatigável engendrador de enigmas, como mostra a própria maneira de registrar seus estudos − canhoto que era −, somente de possível leitura através de espelhos. |
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Pala expôs em seu livro, com riqueza de dados, passo a passo, todo seu trajeto em busca do enigma musical do quadro de Leonardo, no livro “A música Oculta − o mistério da Última Ceia”, enigma esse desvendado somente depois de 500 anos. Após explicar demoradamente como chegou a um resultado, o músico revela a frase musical criada por Leonardo da Vinci, escrita da direita para a esquerda, como era a forma de escritura do artista, cujas notas, indicadas pelos pães e mãos dos apóstolos, se distribuem em um imaginário pentagrama; a música foi composta com o andamento de um Adágio, resultando em um emocionante Réquiem, um hino a Deus, no qual imagens da pintura se transformam em sons e os sons tornam-se em imagens novamente, numa perfeita correspondência com o momento dramático representado no quadro. Referência PALA, Giovanni M. A Música Oculta. São Paulo: Larousse Brasil ed., 2009 Saiba mais no vídeo:http://tiny.cc/xh5shz |
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Luis Eduardo V. Berni Acabei de ouvir, com muito interesse, o áudio da Comemoração de 25 anos da "Carta da Transdisciplinaridade". Parabéns a tod@s, em especial aos nossos fundadores! Infelizmente não pude estar presente, mas graças à Tecnologia da Informação lá estive em espírito. Obrigado Maria, pelo relado de como foi o I Congresso, a construção da Carta. Obrigado Américo por compartilhar sua trajetória TD. Compartilho brevemente como isso se deu para mim. Encontrei vocês ainda em 1997, quando ensaiavam o CETRANS, eu acabara de deixar o projeto educacional do Vera Cruz, e estava retomando a atividade clínica numa perspectiva transD no Atrium Saúde e Educação Holística. O projeto CETRANS foi uma luz em minha vida pois, como educador eu já havia transitado por muitas coisas que se diziam novas mas, na verdade, eram mais do mesmo. A formação dos encontros catalisadores foi extremamente importante em minha vida e todas, vejam bem, todas, minhas ações no campo da Saúde e Educação decorreram daquele processo formativo que trouxe importantes impactos em minha vida, pelo que agradeço. Quando encontrei brevemente com Basarab Nicolescu no Congresso da UNIPAZ/ ALUBRAT disse a ele o que compartilho agora com vocês: “Eu ainda continuo estudando seus textos”. Minha vertente transdisciplinar é muito impactada pelo três livros fundantes: Educação e Transdisciplinaridade I, II, o Manifesto da Transdisciplinaridade e os demais livros da TRIOM, que os complementam (obrigado Vitória). Fiquei muito animado em saber que haverá uma Declaração no III Congresso Mundial em 2020. De minha parte, quanto à Carta da Transdisciplinaridade, ela foi um documento impulsionador de muitas de minhas ações. Recentemente ao propor um Código de Ética para Psicologia Transpessoal (assinado pelos principais representantes do campo no Brasil), usei a Carta com um dos documentos que alicerçam o campo ético. Quanto aos seus artigos muito poderia dizer, mas uma questão, penso, que precisa de atualização, é o artigo 8, que é omisso quanto aos Povos Indígenas ou nativos, pois estes necessitam de uma tripla cidadania, ou melhor de tripla inserção, visto serem cidadãos de uma nação, do Planeta e membros de uma etnia (transnacional). Os Iorubás, por exemplo, estão presentes em mais de um país, assim como os Guaranis. Bem, já estou dialogando com alguns sobre o Simpósio que eventualmente faremos no Congresso. Um fraterno abraço TD a tod@s e, Verinha, muito obrigado por seu carinho e eficiência. |
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A experiência da Arte Denise Lagrotta O que nos move -- como coordenadoras das UAs – a ir em exposições de Arte? E outra questão surge: por que estamos lendo em nossas reuniões de coordenação A origem da Obra de Arte, de Martin Heidegger? As respostas são inúmeras e não se esgotam. Acreditamos que cada experiência tem algo para contar, como aquela do dia 12/12/19, em que fomos visitar o MIS Experience para assistir um audiovisual de Leonardo da Vinci. Entramos juntas na sala, mas, enquanto a mostra acontecia, fomos nos separando e cada uma de nós foi silenciosamente buscando seu lugar. Saímos impactadas com que vimos, e pouco falamos ao final. Talvez seja impossível descrever, por meras palavras, a genialidade de Leonardo. Mas algo nos diz que seu <<caminhar>> foi transdisciplinar. |
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Por ter nascido bastardo, não foi enviado às <<escolas de latim>> que ensinavam os clássicos e as humanidades. Teve apenas algumas lições de matemática comercial, quando frequentou a escola de ábaco, da qual extraiu a habilidade de criar analogias e identificar padrões. Sem uma educação formal, era um autodidata. Caminhava pela experimentação, guiado por sua curiosidade insaciável, observação aguçada, disciplina rigorosa, por seu dom nato de se maravilhar com os fenômenos da natureza (formas, sombras, movimentos). Não se submetia às autoridades e estava sempre disposto a questionar o conhecimento posto, tornando-se um discípulo da experiência. |
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Percebeu que havia harmonia nas proporções e que a matemática – no caso, a geometria – era a linguagem da natureza. Em seus cadernos, havia a anotação de que "a aritmética lida com quantidades descontínuas e a geometria, com quantidades contínuas (...) A proporção não é encontrada somente nos números e nas medidas, mas também nos sons, pesos, tempos e lugares e em toda força que existe". Seu padrão preferido era o das espirais da natureza. Como artista, transformava e manifestava aquilo que enxergava. Capturava uma cena e a expressava numa narrativa. Era mestre na contação de histórias e na transmissão da sensação dramática dos movimentos. Leonardo da Vinci era canhoto. Escrevia da direita para esquerda, com as letras viradas ao contrário. Como era perfeccionista, desenhava também desta forma, para não borrar as linhas com a mão. |
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Dizia que "todo obstáculo é destruído pelo rigor". E com essa máxima permeando todo o seu trabalho, percebeu o inevitável jogo entre <<luz e sombra>> e que, ao se olhar para objetos tridimensionais, não vemos linhas definidas: "pinte de forma a obter um resultado esfumado, em vez de contornos e silhuetas bem definidos e crus... Quando fizer sombras e seus contornos, que não podem ser percebidos separadamente, não os faça com limites bem definidos, senão sua obra terá aparência talhada". Sendo também um verdadeiro mestre no registro de suas emoções por meio de retratos psicológicos, acabou manifestando sua obra mais enigmática: a Mona Lisa. Entrelaçando arte e ciência, Leonardo tinha como intenção desvendar o que chamava de <<universale misura del huomo>> – a medida universal do homem. |
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Além do conceito estético, sua busca também incluiu o olhar espiritual ao fazer a analogia entre o microcosmo e o macrocosmo: "o homem é a imagem do mundo". Mas, ao perceber a ambiguidade existente entre o espiritual e o sensual, não se esqueceu de fazer a respectiva conexão em suas pinturas. E, assim, numa dança mágica entre <<realidade>> e <<imaginação>> sua criatividade expressava-se por saltos inesperados, num movimento sem fim. Em razão desse processo dinâmico, sempre aberto a melhorias por novos insights, muitas obras eram inacabadas. Mas, para Leonardo, "a arte nunca é terminada, apenas abandonada"... Em seus cadernos, pode-se perceber que Leonardo utilizava-se de analogias. Por exemplo, ao concluir que "o ponto não possui dimensões; uma linha é o trânsito de um ponto>", fez a seguinte analogia: "o instante não contém tempo; e o tempo é feito a partir do movimento do instante!". Do pouco que aqui trazemos, fica visível a dificuldade em relatar uma experiência tão rica, e que foi por nós vivida em breves minutos, há alguns dias... Talvez, por isso mesmo, o desfecho desse relato seja aberto pelas analogias de Leonardo da Vinci: "Nos rios, a água que você toca é a última que passou, mas também a primeira que veio. O mesmo ocorre com o tempo presente". "Observe a luz. Pisque o olho e a observe novamente. Aquilo que você não vê não estava lá antes, e que estava antes não está mais lá". Referência das citações ISAACSON, Walter. Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2017. |
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Jogo da Amarelinha e o Jogo da Gansa: o trajeto iniciático dos sete passos do paraíso de Gérard de Sorval |
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Gérard de Sorval, historiador, filósofo e poeta francês nascido em 1950, é um dos maiores especialistas no simbolismo da heráldica e da cavalaria medieval, em cujas obras dedicou-se a restituir para os tempos atuais o espírito dessa Via Heroica. Para aqueles que seguem essa via, realizar a nobreza da alma é uma aventura que é experimentada a cada instante ao longo de toda a vida. Aqueles que perseveram incansavelmente nessa aventura e jamais abandonam essa grande guerra interior ‒ bem descrita neste livro de Sorval em sua análise de 31 das 63 casas do Jogo da Gansa ‒ atingem a realeza interior, que é a meta da Via Heroica, e começam então a última etapa do Grande Caminho da Realização espiritual: a Via Régia, que corresponde à 63ª e última casa do Jogo da Gansa e à entrada no seu Jardim. |
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É nesse lugar que a Criança Régia pode então jogar a Amarelinha e, assim, completar a totalidade do Caminho que os seres humanos são chamados a percorrer durante a sua estadia no planeta Terra. Nesta obra, portanto, Sorval desvela o sentido simbólico e/ ou iniciático desses dois jogos tradicionais que são o Jogo da Amarelinha e o Jogo da Gansa. Polar Editora. |
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Foi lançada no mês de novembro a plataforma interativa Atlas dos Viajantes no Brasil por iniciativa da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin − (BBM) da Universidade de São Paulo − USP. Disponível on-line, o Atlas dos Viajantes no Brasil foi concebido para ser um instrumento inovador de divulgação de uma das coleções da BBM, que abriga relatos e imagens produzidos por viajantes brasileiros e estrangeiros que percorreram o país entre os séculos 16 e 20. O material reunido forma uma enciclopédia sobre o Brasil, com temas relacionados à natureza, sociedade, economia, cultura e vida cotidiana. Depois de lançado, o atlas continuará sendo alimentado com novos conteúdos e outras etapas do projeto serão implementadas. Mais informações: https://bit.ly/2qWkvon | tel. (11) 2648-0316 | viajantes@bbm.usp.br |
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Murakami por Murakami: Takashi Murakami, artista japonês que se apropriou de elementos da arte pop para replicar o fenômeno em território japonês tanto em termos artísticos, quanto financeiros, é hoje um astro que comanda galerias de arte, cria produtos para Issey Miyake e Louis Vuitton, dirige filmes de animação e não precisa mais recorrer a modelos ocidentais nas suas produções artísticas. Após o desastre nuclear de Fukushima, em março de 2011, quando três dos seis reatores da usina derreteram em consequência do maremoto provocado por um tsunami, Murakami transformou suas pinturas que, mesmo tendo citações paródicas à arte ocidental e aos mangás, volta a refletir sobre a grande tradição da pintura japonesa de séculos atrás. |
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Veremos nesta exposição 35 trabalhos do artista, entre pinturas, desenhos, esculturas e um robô, vestido como um “arhat” – ser espiritualmente elevado. A maior obra da exposição é Transcendente Atacando um Redemoinho, que tem relação com a tragédia da região de Tohoku e muito pouco a ver com o pós-pop que ele praticava antes de Fukushima. Vale a ida pelas cores deslumbrantes, pelo resgate que ele fez da estética das pinturas do período Edo (1603-1868) misturando-a com a plástica de animação do pós-guerra. Instituto Tomie Ohtake, até 15/03/2020. Rua Coropés, 8. |
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Transdisciplinaridade e Educação do Futuro. Orgs. Florence Dravet, Florent Pasquier, Javier Callado e Gustavo Castro. Este livro foi publicado em trabalho colaborativo entre a Cátedra UNESCO de Juventude, Educação e Sociedade e a Universidade Católica de Brasília por ocasião do encontro ocorrido em novembro de 2018 nessa universidade para congregar pensadores de várias áreas do saber para dialogar sobre a questão: “O que se espera do futuro e qual o papel da educação nas transformações sociais e culturais que desejamos?” O livro está dividido em 14 capítulos, uma abertura e uma introdução. Esta foi escrita por Basarab Nicolescu e tem como título: Transdisciplinaridade: uma esperança para a humanidade. O livro se compõe de uma série de textos de diferentes autores que transitam de aspectos epistemológicos e metodológicos até abordagens que incluem a arte, a cultura e a subjetividade. |
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A educação e a pedagogia têm um lugar privilegiado neste livro e alguns capítulos foram dedicados tanto a projetos concretos e inovadores de sistemas educativos, quanto a estudos envolvendo especificamente as transformações desejáveis; tanto nas práticas pedagógicas, quanto na própria atitude dos docentes que o mundo, hoje, exige que sejam feitas. A poesia também tem um lugar de destaque neste livro. Vale a leitura! Disponível em PDF para download: tiny.cc/lm6phz |
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Filosofia em Triálogo O temo Filosofia, etimologicamente, significa <<amor à sabedoria>> e já foi usado em várias acepções. Filosofia pode ser entendida como concepções lógicas, éticas, religiosas e teológicas, como investigação “científica” e ontológica. Filósofos discordam em como delimitar seu âmbito de exploração, mas, deixando de lado toda uma história de muitos séculos de sua caracterização, filosofia sempre está vinculada ao espectro que vai da ontologia à ciência. |
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Como inspiração para esta fala, invoco citações de três vertentes que tratam do <<amor à sabedoria>, uma de origem africana, a outro dos índios guaranis e a última de um filósofo do século XX. Ó mãe abençoada que vem do Norte como a lufada do vento que traz a fartura, que sejas duas vezes abençoada, mãe da mãe de ibejis, que o fogo de Xangô queime as impurezas dos seus caminhos e que nunca lhe falte na mesa o óleo de palma e sal que dão tempero à vida, nem a doçura do mel e nem a pureza da água, nem a Ti e nem aos Teus. [Oriki = versos ou orações que saudavam pessoas. Costume de tribos da África] Caros filhos e filhas da Terra Mãe e do Grande Mistério Luminoso do Altíssimo!!! Absorvam as luzes dos sagrados raios! Inspirem! Infundindo-os em si mesmos através do alto de vossas cabeças, como um cocar multicolorido e depositem a soma dessas luzes em vosso coração. Inspirem e retenham no coração o poder sagrado destes raios em silêncio meditativo. Depois sejam de acordo com a lei do Amor que cria a todo instante todas as condições da existência. Com firmeza, ritmo e determinação! Sejam na Terra as luzes que vibram incandescentes em vossos corações! [Eu sou Tupã, eu falei! Nhemporã: oração tupi] Reside no ser mesmo toda essa confusão?... ou depende de nós mesmos, de havermos decaído do ser, em nossa preocupação e caça ao ente? Ou tudo isso não está só em nós, os modernos,... mas perpassa toda a história do Ocidente?... Seria possível que o homem, que os povos, em suas maiores atividades e afazeres, se ativessem ao ente e no entanto de há muito houvessem decaído do ser sem o saberem? Acaso não seria esse o fundamento mais profundo e poderoso de sua decadência? [Martin Heidegger: Introdução à Metafísica] O que segue são impressões pessoais resumidíssimas sobre três dias do magnífico Colóquio Sobre Filosofia Oriental da UNICAMP, a partir do tema “Antinatureza na Natureza e Interculturalidade”, realizado de 06-08 de novembro p.p., no auditório Fausto Castilho, sob a organização do Prof. Dr. Antonio Florentino. Desde 2012, já na sua VIII versão, esses colóquios têm registrado seu legado em livros publicados pela editora PHI Ltda; todos eles primam pela excelência. Por séculos o termo Filosofia foi aplicado para identificar aquilo que foi produzido pela cultura grega; Filosofia é grega, soa o refrão. A vasta produção filosófica que se seguiu aos gregos, apresentando novas abordagens de como entender conhecimento filosófico, continuou conferindo ao <<amor à sabedoria>> um domínio do Ocidente, mais especificamente, da Grécia e da Europa. Às expressões das tradições culturais orientais, africanas e das populações ameríndias até recentemente não chegavam a ser pensadas como Filosofia. O filosofo pensa, e ao pensar, temos que pensar a vida, a realidade, e daí encontrar a linguagem para expressar isso que é pensado. Cada cultura tem sua forma singular de exercer essa pressão. Contudo, o monólogo filosófico restrito aos parâmetros gregos, outras expressões do <<amor à sabedoria>> jamais foram reconhecidas como Filosofia. Então, a considerar: até que ponto a visão já estabelecida de uma cultura nos limita? Por séculos, se exerceu a exclusão do universo da Filosofia daquelas linguagens não alinhadas com o pensamento grego, ou de suas interpretações e avanços através dos séculos. Ao superarmos esta visão restrita do que é Filosofia e filosofar, vemos que o Brasil, sim, já tinha uma filosofia, a das nações indígenas que pelo movimento de colonização receberam a filosofia europeia, e pela imigração, a africana. Contudo, a filosofia europeia jamais legitimou os conhecimentos filosóficos aqui vigentes. O fenômeno da miscigenação, tão pungente no Brasil, além da população ameríndia, europeia, africana e, mais recentemente, no cenário histórico a oriental, é um espaço privilegiado para a exploração deste novo filosofar. Primeiramente, urge recuperar e reconhecer o universo filosófico delas e, a partir daí, estabelecer triálogos entre elas, refiro-me, especificamente, entre as tradições filosóficas grega e suas interpretações europeias, com a ameríndia e a africana e, assim descobrir, vivificar e se enriquecer o filosofar a partir desta relação. Igualmente, um outro triálogo também pode ser estabelecido entre as filosofias indígenas e africanas com as filosofias orientais. Talvez essa nova visão possa vir a contribuir para a reparação histórica humanitária que o Brasil deve aos seus cidadãos, pelo processo de longa escravização e pelo extermínio de e em nações indígenas. Talvez esse triálogo abra uma nova perspectiva do que é Natureza, do que é filosofar. Talvez esse novo filosofar possa deixar de ser visto como um empreendimento colonial, como um jogo de interesses, de forças políticas ou mesmo como um joguete ecológico. São inúmeros os relatos na história onde aproximação entre povos foi intensamente prejudicado por teologias, movimentos políticos, visões de progresso e de desenvolvimento. Vale lembrar o equivoco gritante da abordagem filosófica, quando a investigação das culturas orientais chamadas “exóticas” passou a ser de interesse para os ocidentais, apenas para aí encontrar brechas para uma conversão mais rápida e eficiente das “almas que se encontravam perdidas e em pecado” mas que, na verdade, levava a marca da necessidade expansionista do potencial colonizador. Daí o exercício primoroso do método assimilar para converter. Para os jesuítas de então, os orientais eram materialistas; para eles até seria possível se adaptar ao confucionismo, aceitar alguns elementos do taoísmo, mas era evidente sua rejeição ao budismo. Felizmente, alguns religiosos que a mando do Vaticano se dedicaram a essa tarefa, compreenderam a riqueza dessas filosofias e, alguns deles, abandonando ou não seus postos religiosos foram veículos da riqueza dessas culturas. Quem até agora cuidou do pensamento indígena no Brasil foi a Antropologia, jamais a Filosofia. O Brasil herdou a filosofia grega e suas interpretações europeias e americanas, inclusive aquelas tingidas pela força do cristianismo, com todos os seus méritos e problemas. Além disso, a filosofia vista como grega passa ser uma atividade profissional, por excelência de intelectuais, que distancia e mesmo isola o homem comum dela. Foi por essa soberba que a o acervo indígena, africano e oriental foram excluídos do cenário quando se trata de filosofia aqui no Brasil. Que equívoco e que alto preço pagamos por isso, o fomento da exclusão, a supremacia da razão, e o enclausuramento da Filosofia da academia. Não é do escopo desta breve fala aprofundar essas questões, mas fica aqui o convite para tal. Mas para que isso ocorra, faz-se necessário que um respeito intelectual esteja presente, para que o pleno reconhecimento dessas novas filosofias ao invés de serem compreendidas como tal, corram o risco de serem vistas apenas à luz de ferramentas de investigação que já disponibilizamos, ferramentas essas que se mostram inadequadas para a compreensão da filosofia nelas contidas. Mais do que uma apropriação dessas filosofias o que se propõe, mais recentemente, é uma abertura ao que elas aportam de único. Podemos afirmar que no território brasileiro há Filosofias Guaranis e Africanas preservadas. Pelo registro do que já está disponível e em fase de pesquisa é fácil ver o quanto elas dialogam com as Filosofias Orientais. Os guaranis e os africanos tem um pensamento elaborado! Ambos têm um pensar filosófico. Os fios dessa trama e urdidura estão aí para serem explorados; grande campo de reflexão, de pesquisa e de caminho. Uma nova tapeçaria em vias de emergir. Essa visão tem consequências sociais, éticas e políticas que apenas acontecem na medida em que o viandante lapidando seu processo AUTO-COGNIUM for acontecendo no seu ser/ estar, in vivo. Que jornada Transdisciplinar! |
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UA Comunicação − Vera Lucia Laporta UA Comunidade − Marizilda Lourenço UA Formação − Denise Lagrotta UA Gestão 1 − Vitoria M. de Barros UA Gestão 2 − Ideli Domingues UA Publicação − Coordenadoras das UAs |
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