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Estudo aborda a estigmatização de escravos no Egito Antigo

Antigos egípcios podem ter usado ferros para marcar escravos, segundo estudo publicado em 15 de outubro no The Journal of Egyptian Archaeology. Esses instrumentos, cuja datação alude ao período entre 1292 a.C - 656 a.C., apresentam o mesmo formato e tamanho dos ferros que os europeus usavam para marcar escravos africanos durante o comércio transatlântico de pessoas escravizadas no século XIX, disse Ella Karev, egiptóloga da Universidade de Chicago e autora do estudo. De fato, algumas fontes do Egito antigo sugerem que por vezes pessoas eram compradas e vendidas como propriedade. No entanto, também há evidências de que muitas vezes as pessoas eram alforriadas ou libertadas da escravidão e se tornavam membros regulares da sociedade egípcia. Em certos casos, inclusive, pessoas outrora escravizadas podiam adotar um novo nome, casar-se com uma pessoa livre e até mesmo subir na hierarquia social. Nesses casos, a marca de um escravo teria atuado como um "marcador permanente de um status impermanente". Para Antonio Loprieno, egiptólogo da Universidade de Basel, na Suíça, pode ser que apenas estrangeiros, ao invés de egípcios nativos, fossem marcados desta forma, uma vez que na época o número de trabalhadores e soldados estrangeiros no Egito estava no auge. Para saber mais sobre o assunto, leia a matéria Ancient Egyptians may have used branding irons on human slaves, de Tom Metcalfe. Acesse também o artigo ‘Mark them with my Mark’: Human Branding in Egypt, de Ella Karev.

Site reúne ferramentas para o estudo do trabalho urbano na Antiguidade Romana

O professor de História Antiga Miko Flohr, da Universidade de Leiden, mantém uma página na internet que reúne informações sobre o mundo do trabalho e do comércio urbano na Antiguidade Romana, especialmente em Pompeia, Óstia e Roma. Já na página inicial, encontram-se uma série de artigos escritos pelo próprio Miko Flohr, como Artisans and Markets: The Economics of Roman Domestic Decoration e Building Tabernae: emerging commercial landscapes in Roman Italy. Na aba Publications, encontra-se uma lista com todas as obras já realizadas - livros, artigos e resenhas - pelo autor. O site também conta com uma ampla lista de referências bibliográficas separadas por tópicos, como Crafts and Manufacturing, Fulling, Metal-working, entre outros. A página abriga, ainda, um banco de dados que reúne informações sobre 580 edificações totalmente escavadas em Pompeia, como casas, prédios comerciais e edifícios públicos. Nas palavras de Flohr, esse banco de dados “permite investigar a disseminação de padrões de consumo e investimento na sociedade urbana e explorar aspectos da desigualdade socioeconômica na cidade”. Para navegar no site de Miko Flohr, basta clicar neste link.

Reunião do GSPPA

Em 07 de outubro de 2022, aconteceu a oitava reunião do grupo de estudos do GSPPA. O texto discutido é de autoria de Kostas Vlassopoulos, Slaving in space and time, capítulo de seu livro Historicising ancient Slavery (Edinburgh University Press,  2021, p. 166-1991). Nesse capítulo, Vlassopoulos propõe modelos e conceitos para apreendermos a diversidade das sociedades escravistas antigas e, também, o protagonismo dos escravos nas transformações históricas. Em oposição a concepções homogeneizantes, o autor sublinha que os sistemas escravistas no Mediterrâneo antigo possuíam particularidades locais, construídas pelas maneiras como localidades diversas eram afetadas por processos econômicos, políticos, culturais, etc. Em seguida, discute os limites dos conceitos de “sociedade escravista” e de “sociedades com escravos” para a apreensão dessas particularidades. Por fim, sublinha a multiplicidade identitária dos próprios escravizados, discutindo como essa multiplicidade dava forma à sua agência e nos convida a refletir sobre o impacto da agência escrava nas transformações históricas mais amplas. As atividades do grupo de estudos deste ano estão encerradas e serão retomadas em 2023. As inscrições para participar no grupo de estudos ocorrerão no início do próximo ano. Para obter informações, entre em contato conosco pelo e-mail: subalternos@usp

Eventos

Agência escrava, subalternidade e o estudo da escravidão romana.

Na terça-feira, 13 de dezembro, às 18h, acontece a palestra Agência escrava, subalternidade e o estudo da escravidão romana, com o prof. Fábio Joly (UFOP). O evento (presencial), organizado pelo grupo de pesquisa Subalternos e Populares na Antiguidade (GSPPA), será realizado no Auditório Fernand Braudel, no departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (DH-FFLCH-USP). Para mais informações: subalternos@usp.br

A História Antiga na América Latina

Na sexta-feira, 16 de dezembro, das 10h às 17:30 (horário de Brasília), acontece o evento La Historia antigua en Latinoamérica: ideas, historiadores e instituciones (siglos XIX-XX). A atividade será online (plataforma Google Meet) e gratuita. Veja a seguir os nomes dos palestrantes confirmados para esse evento: Paulo Donoso Johnson (PUCV, Chile), Glaydson José Da Silva (UFSP, Brasil), Ricardo Del Molino Gacía (U. del Externado, Colombia), Héctor Vega Rodríguez (FES Acatlán, UNAM, México), Álvaro M. Moreno Leoni (UNC, UNRC, CIECS-CONICET) e Nahuel Fernández Roveda (UNC). Certificados de presença serão emitidos mediante inscrição prévia. Para mais informações: mauro.arevalo@mi.unc.edu.ar

Dicas de leitura

The Dancing Lares and the Serpent in the Garden: Religion at the Roman Street Corner (Princeton University Press, 2017, 416 p.), de Harriet Flower, é um estudo sobre o culto dos lares, divindades protetoras dos lugares, em suas diferentes representações e funções. Por meio de fontes literárias, arqueológicas e epigráficas de sítios na Itália e na Grécia, Flower nos convida a conhecer o mundo da religiosidade popular romana, exercida nas esquinas e nos altares domésticos, presente em diferentes fases da vida.

Disabilities and Disabled in the Roman World: A Social and Cultural History (Cambridge University Press, 2018, 248 p.), de Christian Laes, é um estudo a respeito das experiências sociais e as percepções culturais sobre as pessoas portadoras de deficiências físicas e cognitivas no Império Romano. Laes investiga fontes escritas, representações imagéticas e ossaturas humanas para discutir os tratamentos e os discursos médicos, filosóficos e patrísticos, as experiências cotidianas e as chances de sobrevivência dessas pessoas no período.

Para mais dicas de leitura, acesse nosso blog neste link.

O Boletim Subalterno é uma newsletter criada e editada pelo grupo de pesquisa Subalternos e Populares na Antiguidade. Conheça nosso blog em www.subalternosblog.com e acompanhe nossas redes sociais:

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Boletim Subalterno; terça-feira, 29 de novembro de 2022; ano 1; nº 11; escrito por Giovan do Nascimento, Julio Cesar Magalhães de Oliveira e Marcio Monteneri.

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