"O mês de Agosto será gaiteiro, se for bonito o 1º de Janeiro." "Se queres ser bom alheiro, planta alhos em Janeiro." |
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Janus, o Deus romano dos começos, transições e passagens, é quem dá o nome a este primeiro mês do Calendário Gregoriano, o calendário civil mais usado nos dias de hoje e que foi introduzido em 1582. Este calendário nasceu de uma pequena adaptação do Calendário Juliano, já em uso desde 46 AC, e são os dois calendários ditos solares, em que as datas indicam a posição da Terra na sua trajectória em torno do Sol. Para além destes calendários solares, os romanos primitivos e muitos outros povos regiam-se por calendários lunares que começavam a cada Lua Nova, sendo o mais antigo o que foi encontrado na Gruta de Lascaux em França e que remonta a 15.000 anos atrás, onde se pode reconhecer a contagem das diferentes fases da Lua. Este ano quase que assistimos ao início dos dois ciclos em sincronia, a Lua Nova foi no dia 29 de Dezembro e só voltaremos a assistir a esta quase sobreposição dos dois calendários em Setembro de 2019! Estamos por isso num momento cheio de energia iniciadora, energia de começo de vários ciclos e todos com possibilidades imensas. Como em todos os inícios sentimos a vontade de começar tudo a correr mas o que nos é quase sempre demonstrado é a necessidade de começar devagar. Tal como uma criança que chega ao mundo, primeiro abre os olhos e apreende a realidade que quer viver, sem verbalidades, mas onde o espaço para admiração está em cada sentido. Depois pomos os pés no chão e caminhamos até à concretização, os primeiros passos serão com certeza meios hesitantes, mas a segurança vem pelo descobrir que o espanto aumenta em proporção ao nosso envolvimento com este mundo que habitamos e às certezas do nosso propósito. Uma boa descoberta neste encontro e co-criação com o que nos surpreende! "Estejam dispostos a ser principiantes todas as manhãs." Mestre Eckhart |
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Plantas que se fazem Ouvir |
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Betula alba / Betula cetiberica Bétula ou Vidoeiro Tal como o calendário dos rrrrromanos primitivos que seguia as fases lunares, a Astrologia Celta estudada pelos Druidas era também regida por ciclos lunares de 28 dias, que no total perfaziam 13 meses e 1 dia extra - o dia 23 de Dezembro - a que chamavam o Dia sem Nome, o último dia antes do sol voltar ao seu percurso ascendente até ao Solstício de Verão. Cada um dos ciclos era associado a uma árvore, que para eles eram seres sagrados de sabedoria infinita e neste ciclo em que nos encontramos a árvore era a Bétula: a árvore da Iniciação e dos Novos Começos. Era também a árvore correspondente à primeira letra do Alfabeto Ogham em que cada letra era a representação de uma árvore sagrada. |
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A Casca que nos aquece e a Água da Vida... A Bétula é uma árvore resiliente e mostra-o na rusticidade da escolha do seu habitat natural, habita nas regiões mais a norte que tenham uma humidade relativa alta, gosta de altitude e não se importa que os solos onde enraíza sejam ácidos, pobres e até alagados sendo por isso considerada uma espécie pioneira que germina e se desenvolve em situações de luminosidade favorável como quando acontece quando há incêndios e cortes radicais. Nestas condições desenvolve as suas raízes profundas com as quais capta os nutrientes que possam estar em falta na epiderme do solo e como estabilizadora retorna esses nutrientes à superfícies em forma de folhagem para facilitar o processo de regeneração e convidar outras espécies a juntarem-se na formação de floresta. É uma árvore que se destingue pelo seu tronco erecto de casca branca/acinzentada com rasgos horizontais mais escuros e que pode atingir os 20 ou 30 metros de altura. Esta mesma casca despega-se do tronco quando morta quase como cascas de cebola, quando a árvore morre, podemos ainda encontrar a casca como recordação do tronco que já se decompões no solo de florestas que sejam populadas de Bétulas. A casca é usada como aparas para começar fogueiras pois contem óleos que a deixam inflamável mesmo quando húmida, nesta mesma árvore cresce o fungo Fomes fomentarius que servia como portador de fogo pois arde fácil mas muito lentamente e assim poderia-se começar o fogo imediatamente depois de uma viajem, quase como um isqueiro moderno. Mas tem também muitos outros usos tradicionais que nos mostram o quão prezada era pela sua impermeabilidade e resistência: faziam-se recipientes de diferentes dimensões, canoas, sapatos e até galochas, papel para escrever, cobertura para abrigos e através de uma destilação seca dá-nos um óleo negro que depois de reduzido chega até uma mistura viscosa e peganhenta que era usada como cola já no Paleolítico. Durante o cair da lua, depois da Lua Cheia, nos finais de Fevereiro e durante o mês de Março, é comum nos países nórdicos pôr-se uma goteira ou bica num buraco de 3cm de profundidade que se profurava nas árvores adultas com mais de 30 cms de espessura. Deste buraco, que se mostra em direcção descendente, começa a pingar a seiva de Bétula que é uma substância composta maioritáriamente por água mas que também tem minerais, aminoácidos e açúcar, tal como a seiva de Ácer pode ser reduzida até obter um xarope âmbar que serve como um substituto do açúcar. A seiva sem ser reduzida era normalmente bebida como tónico mineral ou deixada seguir o processo de fermentação ao qual eram adicionados outros frutos para aumentar o açúcar e por consequência a preservação do líquido por meio do álcool, no caso do vinho, que era produzido de forma anaeróbica ou por meio do ácido acético no caso do vinagre que era deixado exposto ao ar. O buraco era depois selado com barro ou com o próprio "alcatrão" de Bétula para que esta não ficasse exposta a possíveis ataques e doenças. |
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Medicina de Corpo e Alma As folhas da Bétula são das primeiras a darem sinal do retorno de Vida na Primavera, quando os seus ramos avermelhados começam a despontar de verde-vivo dão o sinal de que se pode começar a semear. As folhas são sempre usadas frescas e apesar do seu sabor amargo podem ser adicionadas em saladas. O chá de Bétula é muito usado pelas suas propriedades diuréticas e tónicas renais que ajudam a dissolver posíveis pedras nos rins e retenção de líquidos, também é usado pelas propriedades imuno-modeladoras que nos ajudam a recuperar no caso de infecções ou de doenças prolongadas. Um banho de ramos e folhas de Bétula ajuda a aliviar inflamações como dermatites e problemas de articulações. |
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O seu tronco esguio, a delicadeza dos seus ramos e folhas dão-nos as certezas de que é uma árvore de energia feminina e o facto de muitos dos berços antigos serem feitos da madeira de Bétula mostra-nos a confiança que depositavam no poder protector desta árvore. Quando falamos em essências florais ou meditações com plantas pode-vos parecer confuso ou irreal, mas não é assim tão estranho se pensarmos nos Elementos da Natureza como um espelho do que somos, é como se estivéssemos sempre a criar oportunidades para crescermos, pelo observar como os outros se comportam e seguir o seu exemplo tal como fazemos quando crianças. A presença da Bétula, a iniciadora por natureza, ensina-nos a não temer caminhos novos e a aumentar a nossa capacidade de visualizar e criar novas realidades. De lá de cima, bem do alto onde decidiu enraízar, mostra-nos como não é assim tão complicado, nem solitário, sermos os primeiros a ocupar uma luz nova. Mesmo que as condições não sejam as mais favoráveis ao início, nós iremos fazer com que o solo se equilibre para receber mais diversidade e abundância, porque afinal somos super-seres que largamos casca para outros se aquecerem e partilhamos a seiva que nos corre nas veias! |
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Ciclo de Estudos Floresta e Mundo Rural: Património, Sustentabilidade e Saúde CER - Centro de Estudos Regionais Apresentação do Programa 19 de Janeiro às 17h00 Conferência "A Sombra do Tempo - Contributos para a Sustentabilidade do Mundo Rural através da Valorização do Património Cultural" 26 de Janeiro às 17hoo Biblioteca de Viana do Castelo http://www.cm-viana-castelo.pt/pt/agenda-cultural/ciclo-de-estudos-cer |
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Gostamos sempre de pensar em novas coisas para fazer no novo ano mas por vezes sentimos que são passas a mais de uma só vez! Talvez possamos começar de uma forma mais simples, aqui fica a sugestão de tentarmos criar o hábito de prestarmos poucos minutos da nossa atenção para contemplarmos um pedacinho que seja da Natureza que nos rodeia: seja um cogumelo a crescer aos pés de uma árvore ou folhas que flutuam numa poça de água É incrível sentirmos a inspiração brotar quando desfocamos dos afazeres: palavras em forma de poesia, imagens que viram histórias, quem sabe sonhos e vontades de fazer tudo o resto a que nos tinhamos proposto... Ou se calhar, o que sentimos quando nos entregamos ao momento já valerá por esse tanto! |
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Caminhar os Sentidos . Vila Praia de Âncora II |
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A última caminhada teve que ser cancelada por motivos de força maior, por isso vamos repetir o local em Vila Praia de Âncora no dia 22 de Janeiro. Enviem-nos um email se estiverem interessados em participar - não há nenhum custo associado - só para sabermos por quem devemos esperar antes de começarmos a caminhar. bloomsativum@gmail.com |
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