Mas afinal qual é o significado desta planta nos parecer velhinha ou sabedora? E porque é que a partilhamos nesta época pascal? Existe um ditado chinês que viajou pela Pérsia até à Europa que nos pergunta: Como pode um homem envelhecer se tem Salva no seu jardim?
A verdade é que grande parte das propriedades da Salvia officinalis são a resolução de patologias ligadas ao envelhecimento como a queda de cabelo e dentes, o cansaço ou degeneração neurológica, o esquecimento e alguns sintomas da menopausa. Começamos a perceber que afinal pode mesmo haver aqui uma ligação entre a aparência externa e o que ela esconde bem dentro de si, que tão abertamente está disposta a partilhar connosco. Em qualquer das aplicações a melhor altura para colhermos esta planta é durante o pico de calor do dia e quando as flores não estiverem ainda todas abertas, porque queremos colher a máxima concentração de constituíntes ainda nas folhas.
Para branquear os dentes e ajudar a prevenir infecções bacterianas podemos usar uma folha no dedo indicador e esfregar os dentes com a frente da folha, é umas escova de dentes perfeita. Para os dentes que teimam a ficar soltos a Salvia officinalis pode ser usada seca, depois moída pode ser adicionada à pasta de dentes que usem, de perferência natural, ou usada como uma pós-lavagem onde se escova só com o pó de Salva.
Para a queda de cabelo usa-se uma infusão forte, 2 colheres de sobremesa de planta seca por cada 250ml de água, e depois de coado aplica-se ao cabelo como solução de lavagem no final do banho. Pode-se também macerar a Salva em óleo durante um ciclo lunar, de preferência com a Lua em Carneiro ou com alguma conjunção com Marte, já que promove a energia na zona da cabeça, o próximo período perfeito é já no dia 24 e 25 de Abril. Este óleo pode ser massajado no couro cabeludo à noite ou como máscara umas horas antes de tomar-mos banho.
Para desequilibrios do sistema nervoso como um simples tique de agitar constante de pernas, ou pessoas que não conseguem parar, que têm demasiado afazeres e não conseguem dizer que não. As suas propriedades nervinas não funcionam exactamente como sedativos como a valeriana ou a flor do maracujá que nos acalmam ao ponto de adormecer mas é mais como um tónico do sistema nervoso indicado para aqueles que de alguma forma estão quase a "rebentar" de nervoso e precisam de voltar ao equilíbrio. Nestes casos podem ser usada a planta fresca em culinária com frequência, como também a infusão, tintura e também o óleo macerado de Salva e Hipericum perforatum massajado ao longo da coluna vertebral todos os dias.
Em estudos clínicos a Salvia foi mostrada como bastante eficiente para melhorar a retenção de memória em ambos os pacientes de Alzheimer como em estudantes universitários, no entanto não deve ser usada por longos períodos de tempo devido ao elevado teor de tujona que pode acumular no corpo. O ideal será usar durante 3 semanas e parar 2 semanas para deixar o corpo se equilibrar por si só, não queremos causar dependências no corpo mas sim lembrá-lo de como costumava funcionar até não precisar mais de nenhuma ajuda.
A Salva contem bastante fito-estrógenio que é o estrogénio presente em várias leguminosas, sementes e plantas medicinais e que é similar à hormona de estrogénio produzida pelo corpo. Durante a menopausa existe um declínio na produção desta hormona feminina que é o que provoca os ditos afrontamentos ou calores, palpitações, suores nocturnos, fatiga, insónias e muitos outros sintomas. Nestes casos a Salvia officinalis ajuda a normalizar o estrogénio quase como uma terapia de substituição mas de uma forma mais equilibrada e natural. Em casos de endometriose, fibromioma ou quisto nos ovários o uso desta planta não é aconselhável devido à dependência estrógenica que estas patologias demonstram.
Mulheres grávidas não devem consumir esta planta pois pode estimular o útero e causar um aborto ou parto permaturo, mulheres a amamentar têm de ter em conta que a Salvia pode secar o leitar materno, por isso se quiserem continuar a dar de mamar não devem consumir Salvia em quantidades exageras salvo o pontual uso como aromática na culinária.
As flores das várias sub-espécies da Salvia officinalis já começaram a abrir bem no alto tal como pequenas bandeiras coloridas da cor púrpura desta época. Chamam a atenção das abelhas que por aqui passam e é impossível ficar-lhes indiferente. Como era comum ainda no século 19 o nascimento do Sol era experienciado no domingo de Páscoa para sentirmos o renascer dentro de nós, é com esse brilho de sol que a Salva ajuda a iluminar a nossa criança interior e faz-nos acreditar que somos imortais.