. BLOOM SATIVUM . DEZEMBRO |
|
|
"Em Dezembro vinho, azeite e amigo sempre do mais antigo" "Sol de Dezembro sai tarde e põe-se cedo." |
|
|
Nestes meses mais frios e escuros houve sempre uma necessidade de trazer para dentro de casa algo que nos lembrasse a abundância da Natureza mesmo em tempos de mais escassez e como forma de acreditarmos que o verde iria voltar, numa Priavera que nos parecia remota mas que iria chegar . As grinaldas ou guirlandas eram usadas cerimonialmente ou para destinguir os lustres, mas também como uma forma simbólica de trazer para dentro das nossas casas o verde da esperança que nos poderia faltar. Esse verde que embelezava as portas ou mesas era também usado como forma de termos à mão as plantas aromáticas e medicinais durante o Inverno, quase como um dispensário ou botecário, para que nada faltasse quando a urgência surgisse. Neste Minho mais ameno não temos nevões que nos impossibilitem de sair de casa mas a verdade é que nos tem feito sentido reconectar a estas tradições mais antigas, por isso já temos a nossa grinalda feita e algumas para dar aos amigos. E vocês? Têm alguma tradição antiga que façam a intenção de trazer até vossas casas este ano? Esperamos que durante este mês Dezembro possam aprofundar conhecimentos e conexões à volta da lareira para que nossos corações não se deixem enrijezer com o frio e que sejamos capazes de dar sempre o melhor de nós. Nos dias em que o sol andar mais escondido, o que normalmente nos deixa um bocadinho murchos, lembrem-se que é só uma forma subtíl que foi criada para que possamos valorizar a presença da luz que nos iluminae daqui a nada o Sol vai ficando connosco um bocadinho mais a cada dia... Desejos d'um Dezembro de coração aconchegado junto do que vos fizer mais felizes! |
|
|
Plantas que se fazem Ouvir. |
|
|
Ilex aquifolium - Azevinho O Azevinho é um arbusto pioneiro de crescimento lento, de folhagem verde escura com textura encerada, de margens inteiras a espinhosas, e que no caso das espécies femininas produz frutos vermelhos vivos que a maioria de nós associa a esta época. Hoje em dia em Portugal é uma espécie protegida porque devido à sua popularidade na época natalícia acabaram por ser desbastadas àrvores em demasia, o que implicava o risco de esta espécie vir a conhecer a extinção no nosso país. Esta planta era trazida para dentro das casas não só pelo seu espírito protector, como pelo alento nos dia sem cor dos Invernos mais rigorosos e também pelas suas properiedades medicinais. |
|
|
Um arbusto enfeitado de coisas boas... As bagas vermelhas são eméticas (provocam vómitos convulsos) e de toxicidade elevada, no entanto as folhas quando devidamente secas e torradas são um substituto do chá muito usado na Alemanha na região da Floresta Negra e contem constituíntes activos como cafeína, teobromina, taninos, ilicina não muito diferente da sua espécie próxima Ilex paraguariensis ou Erva-mate. O sabor da infusão é agradável e a quantidade a usar é cerca de 2 colheres de chá de folhas secas e torradas por cada chávena de água, tal como com o chá a água fervida deve repousar num bule ou termos com a planta durante uns 10 minutos. Este chá pode ser consumido até 3 vezes por dia mas evitado por mulheres grávidas e a amamentar , tem propriedades diuréticas por isso indicado em casos de retenção de água, é usado pelas suas propriedades diaforéticas, ou seja, ajuda a regular estados febris o que é uma ajuda valiosa nestas alturas do ano. Basta-nos colher umas 10 folhas para podermos usufruir das mágicas guardadas nesta planta, desta forma não precisamos de cortar os ramos, nem desbastar arbustos inteiras. Como essência floral o Azevinho ajuda-nos a dissolver a raiva que é causada pela impaciência e que normalmente é projectada para os outos em forma de supeita, inveja, vingança e até ódio, que no fundo são a incapacidade de amarmo-nos a nós próprios e logo é-nos vedada a capacidade de amar o outro. Quando meditamos com este planta poderemos focar-nos nesta dissolvência de espinhos que nos impossibilitam de estarmos plenos em nós mesmos e logo nos outros: "Azevinho, Azevinho ajuda-me a amar mais um bocadinho." |
|
|
Ruscus aculeatus - Gilbardeira A Gilbardeira é mais uma das plantas que costuma juntar-se à época natalícia, e tal como o Azevinho veste-se de folhas com pontas espinhosas de um verde bem escuro e de bagas vermelhas, é tambén uma planta de crescimento lento e está considerada em risco por isso é uma espécie protegida que não deve ser colhida no seu estado selvagem. Apesar de bastantes coisas em comum, as duas são bem diferentes, a Gilbardeira apresenta-se bastante mais baixa, não chegando a atingir 1 metro e é da família das Asparagaceae, os rebentos da Gilbardeira eram colhidos e usados tal como os espargos, se bem que têm um sabor bem mais amargo. Gostam de crescer à sombra em solos secos e férteis, apesar dos frutos chamarem por nós, quando consumidos em crú são bastante tóxicos mas existem culturas que usam as sementes desta planta como substituto do café, depois de cozidos os frutos e torradas as sementes. Sempre foi usada medicinalmente e apesar de ter propriedades que aqui partilharemos convosco não incentivamos que colham esta planta, que realmente existe em bem menos quantidade que o Azevinho. |
|
|
A nossa missão é dar a respeitar a flora nativa e espontânea por isso peço que vejam esta partilha como curiosidades etnobotânicas que contribuem para a nossa cultura, mas se realmente tiverem a sorte de rterem o vosso jardim cheio de Gilbardeiras não se esqueçam do vosso papel como propagadores da diversidade e dediquem-se à propagação através dos rízomas e das sementes. Medicinalmente é um tónico para a circulação sanguínia, para fortalecer veias e artérias, dando-lhes elasticidade e contraindo-as para que estas a desempenhem o seu papel na perfeição. O rizoma era muito usado no caso de hemorróides e varizes em forma de emplastro e como decocção em problemas mais complicados como insuficiência venosa crónica, ritmo cardíaco irregular e tromboses. Como essência florar a Gilbardeira desenvolve o afecto, observável na forma como a flor e mais tarde o fruto se desenvolvem da nervura central da folha quase como que a afagá-la. A meditação com esta planta poderá trazer-vos sentido de colo e aquele afecto que quem nos faz sentir bem só pela sua presença quente. |
|
|
| | As Jornadas de Soberania Alimentar organizadas pelo grupo do Campo do Gerês em Transição é já este fim-de-semana. O programa está promete muita aprendizagem e está mesmo a chamar por aqueles que querem fazer a diferença e aprender com quem já o faz! | | |
|
| | Durante a época do Solstício de Inverno, entre 21 a 23 de Dezembro, era comum visitar-se locais dos nossos antepassados ou dar um espaço especial nas casas para objectos ou tradições que estes tenham deixado connosco . É uma boa altura do ano para visitarmos monumentos megalíticos, não só porque estes se encontram em locais energeticamente fortes mas também para presenciarmos as evidências que foram deixadas por aqueles que viviam em conexão sublime com o Cosmos e a Natureza terrestre. | | |
|
|
Caminhar os Sentidos . Vila Praia de Âncora |
|
|
Vamos continuar a partilhar os passos, os cheiros e as histórias caminhantes durante o Inverno, não só porque gostamos muito de ouvir as histórias que a vossa memória verde liberta mas também porque os sentidos não são para ser encerrados nos meses frios! Terá a duração de cerca de 1h30, o grau de dificuldade é reduzido e como sempre é gratuíto mas se sentirem vontade podem oferecer um donativo. |
|
|
|
|