Boletim da AOTP

American Organizaton of Teachers of Portuguese

Março de 2016 - Número 35 - Ano VII

Caros colegas,

 

Espero que o semestre esteja a correr bem a todos. Muito obrigado a todos os colegas que já renovaram a anuidade para 2016, e peço que, por favor, todos os colegas que ainda não tiveram oportunidade de o fazer que aproveitem esta oportunidade e acessem a nossa página, que conecta automaticamente ao Paypal e envia um recibo. O novo processo de renovação tem funcionado muito bem.

O prazo para enviar propostas para o V EMEP – Encontro Mundial sobre o Ensino de Português, que vai decorrer a 19 e 20 de agosto de 2016 na University of California at Berkeley, já terminou. Este ano recebemos mais de 250 propostas, o que representa um novo recorde para o EMEP. Neste momento, todas as propostas foram enviadas à comissão científica para avaliação. Vamos cumprir com o calendário que anunciamos com a chamada de trabalhos, e todos serão contactados no dia 15 de março  sobre o resultado da avaliação da comissão.

Temos ainda o prazer de anunciar que a AOTP vai oferecer duas bolsas, de $500 dólares cada uma, a membros da AOTP que se proponham apresentar a sua pesquisa ou experiência no V EMEP. Estas bolsas pretendem estimular pesquisa e inovação em metodologias e abordagens de ensino de português como língua estrangeira, de herança e materna. Estas duas bolsas são as primeiras de outras que a AOTP vai usar para promover o desenvolvimento e expansão dos fundamentos teóricos e práticos da nossa área. O nosso objetivo é criar oportunidades para instrutores de português que queiram testar as suas ideias sobre como alavancar as habilidades dos nossos alunos. Queremos encontrar projetos promissores que promovam a excelência no ensino, e ajudar a compartilhá-los.

E por falar em excelência, em janeiro, os membros da nossa organização fizeram as nomeações para as sete categorias dos Prémios AOTP 2016, e em fevereiro votaram. Os resultados foram revelados no dia 1º de março e são os seguintes:

  • Publicação acadêmica (livro ou artigo): Soares, Cristiane. "Da análise da produção oral      ao desenvolvimento da competência comunicativa"
  • Professor (de nível universitário): Mary Risner (University of Florida)
  • Professor (nível fundamental ou médio): Tatiana de Castro
  • Universidade com programa de Língua Portuguesa: University of Georgia
  • Instituição ou Organização Comunitária com programa de Língua Portuguesa: Portuguese    United for Education - Escola Portuguesa de New Bedford
  • Escola pública K-12 com programa de Língua Portuguesa: Pine View High School, Utah
  • Projeto/Iniciativa Educacional: Programa de Formação PLH da Brasil em Mente. 

É um grande prazer poder destacar o trabalho destes colegas e organizações, que trabalham com ideias promissoras e cultivam o que de melhor se faz entre nós. Os vencedores dos Prémios AOTP 2016 são guias para todos nós, eles mostram como fazer das ideias realidade. Agradecemos o impacto das suas atividades e a generosidade de as compartilhar com outros educadores. Estes prémios serão entregues em maio durante os Brazilian Press Awards USA 2016 em Miami, na Florida.

Informo ainda que a AOTP decidiu criar um grupo de trabalho exclusivamente focado no ensino de PLH - português como língua de herança nos Estados Unidos, que vai começar a trabalhar para desenvolver novas atividades nesta área. Um dos objetivos principais será a realização de um evento específico em 2017. O PLH tem tido um crescimento significativo neste país e na AOTP, e os profissionais desta área vão ter atividades específicas dentro da nossa organização.

Finalmente, tivemos a simpática surpresa de saber que a AOTP é uma das cinco organizações finalistas do Brazilian Press Awards USA 2016 na categoria de “Instituições que promovem a cultura brasileira”. Vamos esperar o fim da votação.

 

Um bom Spring Break ou férias de Páscoa, para quem tiver.

 

Um abraço,

 

Luis Gonçalves

Luis Gonçalves
Presidente da AOTP

 

Coluna Nosso Idioma

Confira a coluna da AOTP "Nosso Idioma" no website e jornal impresso Gazeta Brazilian News, um espaço reservado a divulgar e promover a Língua Portuguesa em nossa comunidade. 

A AOTP está aceitando textos para a coluna. Não é preciso ser associado para contribuir. Para mais informações ou para enviar  seu texto para avaliação, entre em contato pelo e-mail info@aotpsite.org

Eventos

19th National Council of Less Commonly Taught Languages

LOCAL: Holiday Inn & Suites Atlanta Airport-North, GA
DATA: 21 a 24 de abril
website e contato  

5th International Conference on Second Language Pedagogies (SLPC5)

LOCAL: Universidade de São Paulo, SP - Brasil
DATA: 12 a 13 de maio
website e contato  

III CIPLOM / III EAPLOM

LOCAL: Florianópolis, SC - Brasil
DATA: 06 a 10 de junho
website e contato  

 

8th Annual AATSP Conference

LOCAL: Miami Marriott Biscayne Bay Hotel
DATA: 08 a 11 de julho
website e contato  

Se quiser mais informações sobre eventos, acesse a nossa lista atualizada: 

aotpsite.net/#!eventos-da-aotp/evtlk

V EMEP - Encontro Mundial sobre o Ensino de Português

Galeria de fotos

 

FLORIDA INTERNATIONAL UNIVERSITY - JAN/2016

 

PERSPECTIVES ON TEACHING PORTUGUESE AT MAINSTREAM SCHOOLS: SHAPING THE CURRICULUM, INSTRUCTION, AND ASSESSMENT

Nos dias 30 e 31 de janeiro de 2016, a FIU ofereceu um grande evento para discutir programas bilíngues Português/Inglês, para os níveis K-12. Falou-se sobre currículo e diferentes tipos de programas; discutiu-se metodologia, políticas de ensino e, principalmente, colaboração entre professores e escolas.

 

Participaram das discussões professores especializadas em bilinguismo, ensino de português como língua estrangeira e, sobretudo, profissionais do ensino que já desenvolvem um projeto de escolas públicas bilíngues em outros estados.

 

O evento contou com a colaboração da professora Jamie Leite, diretora do “Portuguese Dual Language Immersion Program” de Utah State Office of Education; da professora Sílvia Juhas,  autora e consultora de material didático em língua portuguesa; das professoras das escola bilíngues de Miami “Ada Merritt – K-8 Center e “Downtown Doral Charter Elementary School”; além de Ivian Destro Boruchowski, estudiosa e pesquisadora na área de Educação Bilíngue.

 

A professora Maria Cueto, especialista em currículo para K-12, abriu a conferência. Ela, na escola pública de Miami, é a responsável pela Divisão de Educação Bilíngue e Ensino de Idiomas. Maria Cueto mostrou grande interesse no ensino de Língua Portuguesa ao afirmar sua disposição em expandir o ensino de Português no sistema público do condado, em parceria com o projeto em curso que está sendo desenvolvido pelo Kimberly Green Latin American and Caribbean Center e o Programa de Português da Florida International University. A professora Alina Plasencia, supervisora do distrito na área de programas bilíngues em escolas públicas do Condado de Miami-Dade, também esteve presente.

 

O evento foi organizado por Liesl Picard (K.G. Latin American and Caribbean Center da FIU), pela professora Augusta Vono (diretora do programa de Português da FIU), pela professora Beatriz Cariello (Professora adjunta de Português da FIU) e Ivian Destro Boruchowski (doutoranda do programa de Pedagogia da FIU).

 

O encontro contou com o apoio do LACC, por meio da dotação Title VI, do FIU Brazilian Culture Club, da American Organization of Teachers of Portuguese, da Portuguese International Parent Association ( PIPA) e Miami-Dade County Public Schools.

Os participantes do evento agradeceram, também, o apoio do Consulado Geral do Brasil em Miami e do Conselho de Cidadãos Brasileiros da Flórida. Nossos agradecimentos aos 60 participantes, professores de língua portuguesa, tanto de escolas públicas como particulares, escolas de idiomas, de universidades, que vieram de várias outras localidades.

 

Além de Miami, compareceram participantes de Utah, Rhode Island, Nova Iorque, Georgia, Orlando, Condado de Palm Beach e de Broward. Todos contribuíram para o sucesso do evento que resultou em novas parcerias e projetos para o futuro do ensino da língua portuguesa nos Estados Unidos.

AOTP - Entrevista

Tatiana Matzenbacher é Leitora na Université Paris III Sorbonne Nouvelle na França, coordenadora do exame CELPE-BRAS no posto aplicador de Paris e Diretora Executiva do portal Falando Brasileiro www.falandobrasileiro.com.br

Formada em Letras/Português, mestre em Literatura Brasileira Contemporânea, trabalha com ensino de Português para Estrangeiros há quase dez anos, tendo trabalhado

também com Português e Literatura para Ensino Médio.

Já foi professora na Universidade de New South Wales e Coordenadora Pedagógica na PLS, ambas na Austrália.

1. Quando, onde e como iniciou seu trabalho com PLE?

Eu comecei o trabalho com PLE de uma maneira muito informal: há aproximadamente 10 anos, em Porto Alegre, quando já havia terminado a graduação em Letras e começado o Mestrado, a esposa de um amigo que era argentina, a Cristina Ljungmann, me pediu aulas de Português. E como na faculdade abordavam muito superficialmente essa possibilidade de trabalho, eu achava que não teria competência nem formação suficientes para ensinar minha língua materna como uma língua estrangeira. Depois, essa amiga, que tem uma escola de línguas, tornou-se uma grande parceira, abrindo as portas da sua escola para o meu trabalho.

 

2. Por que quis alinhar seu trabalho com a área do PLE? O que mais chamou sua atenção?

Me lembro que, durante uma aula particular, logo no início da minha carreira, uma aluna irlandesa que já tinha um nível avançado de português me fez uma pergunta e, no que respondi, ela anotou rapidamente a resposta no seu caderno em inglês, sua língua materna. Nesse momento, me dei conta de que estava diante de uma pessoa cujo pensamento era todo estruturado em uma outra língua, e com isso vinha todo o

seu olhar sobre o mundo. Esta pessoa estava diante de mim, querendo compreender ainda mais a língua do meu país, para poder também compreender os meus códigos e meus valores. Vi assim que havia um abismo gigante entre nós duas, que eu estava vendo nela apenas a ponta de um iceberg, mas que havia algo dinâmico e vivo que nos aproximava: o interesse pelo português e por tudo que vem junto. É isso então

que me encanta no meu trabalho: a possibilidade de confrontar mundos, culturas, de pensar em como a minha língua se configura sob o olhar do estrangeiro e como nós dois, professor e aluno, nos constituímos por meio dela.

3. Quais trabalhos relevantes já desempenhou em PLE?

Já fui coordenadora pedagógica na Portuguese Language School na Austrália, em que, além de auxiliar a estruturar todo o currículo, também me cabia organizar seminários de formação dos professores; também na Austrália, ministrei cursos de PLE na University of New South Wales.

 

4. Como foi seu planejamento para ir à França? Por que escolheu este país e como foi o processo de sua admissão?

Eu sempre quis ir para a França, em virtude de já falar o francês e de me identificar com a cultura francesa. Depois de voltar da Austrália, quando retomei os trabalhos na escola da Cristina, tomei conhecimento do programa Leitorado, organizado pelo Itamaraty. É um programa muito interessante, que abre vagas todo o ano, para enviar professores de PLE para trabalharem em várias universidades do mundo. Calhou de ter uma vaga para a Sorbonne Nouvelle e de eu preencher os requisitos. Fiz a inscrição, enviei meu dossiê e fui selecionada.
 

5. Qual trabalho desempenha, atualmente, na França?

Como Leitora neste programa de parceria do Itamaraty com a Paris III, eu desempenho três funções: ministrar aulas de Português na Graduação em Letras/Português; coordenar a aplicação do exame CELPEBRAS e desenvolver projetos de difusão da língua e da cultura junto à embaixada do Brasil na França, que é sempre muito aberta às minhas propostas. Atualmente, dois projetos que estão em andamento e que foram muito bem acolhidos são o curso de formação de professores de PLE (que já está em sua segunda edição) e um Núcleo de Estudos em Metodologia de PLE, derivado do primeiro grupo que concluiu o curso.

 

6. Qual sua opinião em relação ao CELPE-BRAS no que diz respeito ao conteúdo cobrado nas provas?

Acho o conteúdo do CELPE-BRAS muito sensível à cultura brasileira e aos assuntos atuais como um todo. Nesse sentido, ele é muito acessível ao candidato, visto que o conteúdo é sempre potencialmente interessante e possível de ser desenvolvido por qualquer pessoa. No entanto, a abordagem do Ensino por Tarefas (que consiste grosso modo a colocar o uso da língua em um contexto, em que o usuário dirige-se a um público específico com um determinado objetivo e, para isso, deve adequar a estrutura da sua produção escrita e o vocabulário a um gênero textual específico) é levada muito ao pé da letra na elaboração das provas do CELPE-BRAS. Isso acaba deixando um pouco de lado o trabalho de compreensão e de interpretação, privilegiando as competências de produção escrita e oral do aluno, além de muitas vezes ele ter de se colocar em papéis os quais jamais talvez venha a assumir na vida real: o de um jornalista, o de um

publicitário, etc.

 

7. Você trabalha em um projeto chamado FALANDO BRASILEIRO. Explique o que é este projeto.

Quando finalmente direcionei minha carreira para o ensino de PLE (antes eu era professora de Português e Literatura no Ensino Médio), senti falta de uma fonte didática e metodológica muito recorrente em outros países: sites - geralmente vinculados às mídias estatais - que fornecem informação relevante sobre ensino e aprendizagem da sua língua como língua estrangeira. Na Inglaterra, por exemplo, há o British Council, que fornece dados sobre Inglês Língua Estrangeira; aqui na França, os canais de comunicação também têm, em seus sites, páginas destinadas a ensinar e aprender Francês Língua Estrangeira, como a Radio France Internationale e a TV5. Assim também o é em diversos outros países. No Brasil, não há esse tipo de espaço. Então resolvi criá-lo, em parceria com meu sócio, Tiago Becker. O Falando Brasileiro é um portal onde alunos e professores podem encontrar todo tipo de informação sobre ensino e aprendizagem de PLE: desde lista de escolas no Brasil e no mundo, até planos de aula, teste online, material didático, análise de livros didáticos, eventos, vagas e oportunidades, entre outros. Infelizmente é um projeto que está parado por falta de recursos e de apoio financeiro.

 

8. Quais as perspectivas que considera para seu trabalho com o PLE? Quais são seus objetivos?

Ainda permaneço como Leitora na Sorbonne Nouvelle por mais 2 anos e meio. Quero fazer o doutorado e seguir trabalhando na área, seja na França ou em outro lugar, dando aulas ou trabalhando principalmente com formação de professores. Mas sobretudo desejo poder me dedicar ao Falando Brasileiro.

 

9. Você entende que a Língua Portuguesa vai, cada vez mais, posicionar-se como uma língua importante em todo o mundo?

Ela não vai: ela já está. Desde que comecei a trabalhar com PLE, vejo que o interesse pelo português (sobretudo do Brasil) tem aumentado e, mesmo com a crise, os estrangeiros ainda veem o Brasil como um potencial econômico, fora o fato de que há muitos brasileiros pelo mundo todo. Além disso, as pessoas têm cada vez mais se informado sobre o país, o que tem, aos poucos, derrubado alguns estereótipos e tornado

nossa cultura - e por consequência a língua - um pouco mais interessante e autêntica aos olhos dos estrangeiros.

Redação e edição
Rodrigo Maia - MTB 39986/SP 

Colaboração

Luis Gonçalves

Revisão final 
Anete Arslanian, Beatriz Cariello e Adriana Giovanini   

   

 
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